Eu não pensava muito nas horas, para mim, era
acordar e dormir.
Não fazia muita questão de tempo, viver
me bastava,
a correr pelos campos repletos de flor
de marcelas.
Eu realmente não tive pressa, nem
para encontrar-me com o primeiro
amor.
Aliás, com doze anos de idade, quando estava
dentro de um ônibus, eu tive o primeiro olhar
dirigido com amor, pelo
menos, como muitos, era este o conceito do
amor.
Olhos nos olhos, desejo contido de tocar nas mãos.
Um sorriso sem graça, numa sensualidade inocente,
dentro do tempo em que se desperta o querer.
Ao me encontrar tão pertinho, numa festa de casamento,
o coração a bater forte, boca seca, e sorriso amarelo,
foi assim que sucedeu.
E quando uma boca juntou-se com a minha,
a roçar maciamente, eu simplesmente fugi.
Fugi do que senti, uma emoção avassaladora,
que me encheu de prazer e vergonha.
No outro dia, era domingo, dia de encontros,
era festa junina, muitas barracas, e entre elas eu o procurava.
Quando o encontrei, os seus olhos eram para outra,
quase morri de frustração.
Não mais encontrei aqueles olhos tão lindos
a me olhar com admiração, fiquei tão triste, não
quis acreditar, que o meu primeiro amor,
foi uma ilusão tão passageira.
Apenas um roçar de lábios, que se perdeu no
meu mundo tão pequeno, minha
vergonha o distraiu.
E eu fiquei só com as lembranças de
um sonho que morreu sem ter nascido e
hoje ainda vive sobre custódia do
tempo.
Herta Fischer
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Luz azul
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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
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