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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

sábado, 24 de dezembro de 2022

Passado em cacos

 Ainda bem que não esperei. Embora, sempre tenha andado ao lado da esperança - Falas e falhas, falei e falhei, subsisti e desisti.

Domesticada e selvagem ao mesmo tempo de passa tempo.

Amedrontada por nada e corajosa por tudo. Ser - sonhei, sendo- realizei.
As montanhas me esperam, veneram a altitude, olhares de cima, cumes e vales, mais vale que valesse.
Nas entranhas da terra - fogo que não queima, derrete pedra, formas se levantam nos outeiros, os abismos a recebem para encarar o que vive acima das trevas.
Nós, que passamos, passado também se demora para esquecer o que se esquecerá ao passar, não retornará o presente, nem o passado, até mesmo o futuro. furtivo, passa.
Segredos enterrados, sequestrados e submerso nas profundezas da terra. Ruínas sem historia, apenas cacos a serem tocados com imaginação. Só Deus atravessa tempo e espaço. Vivo e eterno, conduzindo a verdadeira razão, até novos meios de criar novos céus e terra, onde novos seres que não seja homem, se torne algo bem maior, que, simples, corpo que passa!
Hertinha Fischer.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Cardo extremus

 Sei e quando vi, já era tarde.

A paineira já desabava
Teu braço que me acolhia
de cansaço, se recolhia
Entretanto, entre tantos,
minha vista se cansava
A neve que caia de seus galhos,
no outono.
Assim como eu, já secava
As beiras floridas das estradinhas,
sulcos abertos de tanto passar,
transformou-se num ladrão de
memória, solidão a solidarizar.
Já na festa não ha muita musica.
nem cigarras á despertar
Horrenda limpeza de cores
telhados a desdenhar.
Ruído de vozes ao longe,
amarga e sem conteúdo,
voz de criança, mudez.
Sem sementes para despertar,
só na casca se torna graúdo
O cansaço me toma de todo
da raiz a ponta dos dedos.
Sem cheiro e sem paladar
ameaça com seus enredos
Nada significa, tudo se intensifica
Não simplifica, nem justifica
Inútil ir sem causa, enfim
que a causa morre ante mim.
È como passar sem perceber,
e perceber o amarrotar.
Hertinha Fischer.


Estudando realidade

 Entre as folhas mortas e chão batido, fiz um longo estudo sobre a realidade. Assim foi muito mais fácil compreender a vida.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Uma dose de eu

 Nasci como uma estrela, assim, por acaso!

No chão batido de uma casinha com cheiro de lar.
Desvendei o mistério do existir.
Revirei as matas do destino para me achar
Me perdi nas encruzilhadas da ignorância que, por vezes, me fez andar sem rumo.
Como uma corsa que procura efeito em seus feitos, comendo o que lhe cabe no estômago, surgindo, apenas, seguindo o rumo que seus pés conseguem.
Não me sinto confortável em louvar minhas pisaduras, que, as vezes, soavam duras.
Meus olhos cansaram de ver frutos caírem e se despedaçarem ao chão, sem ter quem os aproveitassem.
Vi a alva, mas, também senti a noite.
Não sabia á que vinha, mas, tinha que saber como fazer sem saber.
Me sinto um tanto culpada, as vezes, quando lembro que me perdi em minhas caminhadas, e me envolvi com o desconhecido das horas e dos momentos. E sem querer machucar, machuquei.
Ao mesmo tempo em que me dedico, por inteira, muitas das vezes, me sinto fraca e descompensada, agindo, sobremodo da forma que não queria.
Dizem que devemos aceitar tudo como certo, mas, o que é realmente certo?
Acusam o machado de cortar árvores, mas, de que lhe serviriam a lâmina se não nascesse para cortar?
O certo das coisas foram criadas com discernimento, servem sem escravidão.
Agora, o errado das coisas são as coisas que foram feitas para certas coisas e se metem em outras coisas que levam as coisas em outro patamar de coisas para fazer das coisas, coisas inúteis,
Hertinha Fischer

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Castelado por dentro

Cansada demais para pensar, cansaço de horas a fio,
de certezas estraçalhadas, de mentiras contadas,
de verdades escorrendo como mel em boca de urso.
Cansada de canções mal feitas, de acordes violados, 
de letras corrompidas e versos controversos.
De águas salgadas, de mar angustiado pelas espumas,
de nascentes mortas e rios fora de curso.
Cansada de amores desconstruídos, de irmãos desunidos,
de gente engolindo gente,
De ideologia  de costumes, de vender-se ao superior
de lavar os cabelos e escovar o dente.
Cansada das mesmas cores, das vinte e quatro horas,
que nunca se esquece, dos ventos que se escondem,
quando o suor se enriquece.
Ha muito que só duvida, ha muito que só se sonha
realidade se esconde em órbita
no peito frio de cada onda
Cada escondido só é achado, quando a fantasia
olha de lado. Depois se mostra a realidade
banindo a vista do debochado.
Insensatez de quem se vê, melhor do que realmente é,
barco navega em plena noite, lançado forte contra maré.
Feitos desfeitos nós, tira a planície da corda, gente que sonha
demais, não faz nada quando acorda.
Vive de barriga roncando, sem que a mão sustente a força,
come do pão alheio, e do brio faz a forca.
Hertinha Fischer









sábado, 19 de novembro de 2022

Plano pessoal: Quem somos?

 Entre luas e sóis, me conduzi, pelas promessas de viver

Percorrendo planetas de necessidades, absorvendo energias magnéticas

do pré-existente

Encantada com as luzes que a aurora despejava, pela manhã, em potes de favores.

Dentro de minha historia havia enredo ao redor, E tudo se complementando

como fios a tecer.

Mãos abençoadas, cheias de força, vontade imensa de ir além, flores que desabrocham

por cima dos caules, tão diferente e tão ligadas. Participando do mesmo baile, convertendo no mesmo ritmo, aliados a mesma alegria.

Eu, participante, como funcionalidade de algo superior, sem, no entanto, saber, ao certo, por onde entrei, nem, de que modo, saio.

Pontos brilhantes me sondam á noite, enquanto meu corpo fica inerte e vivo, entre um sonho e outro, até despertar, para, novamente, ser inserido em outro momento, no mesmo espaço que ocupo.

Por que vivo, se morro? Será só para suprir a necessidade do espaço?

Ou algo superior ao conhecimento há que não posso compreender?

Deus é melindroso em seus acasos - não se mostra nem nos dá sabedoria para entender quem realmente somos e com que finalidade nos fez, já que é supremo em si mesmo.

Talvez, sejamos parte d'Ele mesmo, assim, como, o sal, faz parte do mar. Talvez, Ele viva em nós como células compondo corpo, e vida compondo transito. Se transforma, em muitos, sendo um só.

Cada um trabalhando para a continuidade do tempo em cada estação de tempo - entre virtudes e vícios.

Hertinha Fischer









quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Destino fantasma

 Senti a mão do destino á alisar minha alma.

Me apaixonei ao primeiro contato.

Havia expectativa de felicidade

nasceu amor imediato

Lá se iam a dançar pelos vales

cor de sorte, sul a norte.

perfume de vida e alegria,

nem de longe cheirava morte.

Destino lindo e charmoso,

toque aveludado despertou desejos,

sonhou caprichos, chegou choroso.

Acobertado pelas honrarias

Que a soberba trás e logo se desfaz

bonito hoje, parecendo leve

Amanhã, sofrido e pesado jaz.

Homem que abraça o corpo

sem, no entanto, trazer amor

Engana a alma e  sentimento,

em seus abraços só causa dor.

Hertinha Fischer










segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Tempo enigmático

Tantas horas vão morrendo pouco a pouco, enterradas

em esperanças

Ha quem diga que viver é sentir-se livre, Liberdade, quem será?

Algo que não se vive sozinho, então, liberto não está, já que não dá

para entrar em pensamento alheio. E mesmo quando se pinta pensamento

com cores de escrita, assim, mesmo, ainda é algo incompleto..

As vezes se quer falar sobre as coisas, algum sentimento em relação a um objeto,

ou indivíduo, e o que se consegue é duvidar ainda mais da concretitude.

Mais fácil seria fantasiar.

Fantasia, pelo menos, caminha longe do real.

E a realidade é bem mais completa do que parece, a realidade é fugaz demais para que se mostre

por inteira. É avassalador não ter controle sobre ela. Num instante, parece, no outro é duvida cruel.

Tão assim como a realidade de um pássaro, que se aninha em copas de árvores para dormir, e na noite seguinte, pode a árvore nem estar mais lá.

Ando meio inconformada com essa realidade chamada tempo. E com as coisas que nele acontece.

Faz-se, faz-se, e novamente, vai estar lá para fazer. Um ciclo que nunca se acaba. Tão logo se fecha um, se abre outro na brecha.

E os que amamos e que se foram, para onde se foram?

Em que tempo se esconderam?

A realidade os trouxe, a realidade os fez raciocinar, a realidade os fez semear, a realidade os fez crescer, envelhecer e morrer.

A realidade é um sonho que só dura por um tempo, que se mostra sem tempo para explicar.

Conta-se o tempo por dias e noites. E em que dia ou noite se termina o tempo?

Talvez, sejamos mesmo como as folhas, que, de tempo em tempo, caem e morrem, e num piscar de olhos, se renovam até que o tempo esqueça de prolongar seus costumes de nascer e morrer.

Quando olho para as coisas ao meu redor, penso no até quando. Até quando é um ponto de interrogação.

Dai, começo a entender a tarefa do tempo e acabo compreendendo Deus.

Se é que Deus possa ser compreendido dentro das coisas passageiras, que vão e vem num tempo que não se pode ver. E se tornam tempo dentro do tempo.

Hertinha Fischer









sábado, 12 de novembro de 2022

Dois polos

 Dentro dessa caixa cerebral que nada define,

entre massa encefálica e descrédito, onde

se cria, em revelia, o inexistente descabido da ilusão.

Vaga e viaja entre as frondosas ondas do sonho que nunca houve

na real compreensão do viver.

Desfaz-se da verdade absoluta, entre a mentira de um poder abstrato,

descorrente e inativo de um ser que se consome nele mesmo,

como uma musica que, de repente, se é lembrada, sem, no entanto, fazer sentido.

Vejo, em cada passo, uma corrente, que se alinha nos tornozelos, enlaçando o encalço,

derrubando o andar.

Como flertar com o vazio?

Sentindo fome de mim, sem saber, se, do que sou, sobra algo no final.

Já conheci solidão, fiz amizade com o silêncio e amei as silenciosas frentes frias que assolavam as folhas mortas que agonizavam abaixo dos meus pés.

Caídas e desmoralizadas, se amontoavam entre organismos invisíveis que as desejavam, infantilizando

 velhos costumes de ouvir vozes sem som.

Doído senso de coitado, sendo e sentindo-se menor que grãos de cominho. Pelo menos, os grãos se tornam. Eu, me torno o quê?

O tempo também envelhece sentimento, enruga e frustra  vontades,

despeja nuvens sobre cores, desbota caminhos e desenfeita paixões.

De modo, que, nem todos são iguais, sentem com o mesmo frescor e se combinam com os mesmos números.

Tudo dependerá de que fonte nasceu. Se você fosse eu?

Hertinha Fischer












quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Golpe baixo

 Me despeço com pesar

deste meu chão,

Ha rusgas no meio das ruas

bocas secas a falar sem voz

olhos que choram sem lacrimejar.

Códigos indecifráveis, em mentiras se conta

sem contar seus avessos contras

Direção não há, flechas se vê pelos arbustos,

escondendo sangue entre as folhas.

Secura de vertente, escorrendo entre os ventres,

lodo de todo lado.

Povo mais que sofrido, mãe sem marido, pai sem  pátria

Bonde sem passageiro, lacre rompido.

Poder engole a prole, da prole só quer o gole.

Golpe fatal, no coração do coração.

Hertinha Fischer




quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Inversão do amor

HA meu querido!
Quantas juras entre lençóis.
sementes jogadas ao vento,
espelhadas em vitrais
Nada espera viajante,
põe a carroça sem condutor,
arma ciladas de cobertor.
Sinceridade amiga do desejo,
que some de mansinho e se revela
portas fechadas sem luz nem brilho,
nos cantos frios de uma favela.
A onça anda despreparada,
vencer a fome é solução,
se desse mais valor a vida
comer seria uma maldição.
Demonizado a sinceridade
que anda morta pela estrada,
em lua cheia, ela se vende,
em sol brilhando ela quer paga.
A vida pede um bom sossego,
anda agarrada a um bom pelego,
pensa que é pássaro, mas é morcego.
Hertinha Fischer


 


quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Caçando as ruínas

 Quase acredito, antes que o sol nasça.

Ha um brincar de despertar entre ruínas.

Encobre certeza, mostra-se esperteza,

só correnteza a acorrentar.

Elo quebrado, sorte aquietado, ventre dilacerado.

Eu, que entendia, esquecia e... ventania

Principiante aspirante, principalmente andante, 

mais hoje do que antes.

Sonho desvendado, futuro afiançado, vivendo o malogrado

Dom de dizer, descorçoado e amedrontado a lamber

quem não quer nem saber.

Fugindo, rugindo, leãozinho abandonado

buscando, olhando, enxergando de olho fechado.

Quem dera, pondera, entre a fera esfacelado

De céu, como mel, pudesse virar melado.

Hertinha Fischer


segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Teoria de um ancião

 Cara amiga de antes. Agora quem tu és?

Fala-se de eternidade, até quando?

Que amor é esse - meio morno, meio maluco,

cortado ao meio?

Dá-se, doente está!

Que fizeram os bons, de onde saíram os borrões?

Carta rasgada, letra miúda, escancarada caligrafia

de quem não confia?

Lê-se, não entende, Escuta, não se entende,

fala, desentende?

Mudança, debochado sincero, esperança, claro esbanjador?

O mar que amou a areia, a areia o engoliu, a orla que se desespera

na hora em que a pedra pariu.

O inverso que se faz verso, que reverso

o universo?

Madre sem útero, pássaro sem bico, malogrado pensador

Pensa que pensa pensando, ato que pena sem poema

Universo bilateral, esquema universal, esquecimento paradoxal 

Hertinha Fischer





Superfície do tempo

 Lá na sublime superfície de antes,

onde o agora vigora.

Latente, desperta um outro tempo

que em tudo se demora.

Derrama senso, escoa sensações

bebe-se ilusões.

Tudo pode, tudo quer, vive-se seus

furacões.

Assemelhado ao desmamado,

leite santo derramado

segue em retidão, disfarçado

Nasce vago e sem sentido,

torna-se grande e temido

limpa-se fora, dentro,

encardido.

Uivante desregrado, caça a presa no cercado,

livre e condenado, não passa de pobre coitado.

Em fome, afomeia, em crise, coiceia, em vida,

desperdiça, em morte, cerceia.

Vitoria, nunca terá, felicidade não encontrará,

tristeza socorrerá, vivendo, lamentará.

Hertinha Fischer







sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Vacivos


Entremeio entreposto, suposto meio

Estremeço, estressado, entre portas

sossegado

Cadeado escaldante, preso em chamas,

esfolado.

Catavento  acatado, vento forte, vento alado

Suposto, suspenso, cordas rijas no cercado

Chiado chia entre vácuos, veados, chifres

e viciados.

Oriundo, moribundo, olhos fundos, esbugalhados,

dança luz, balança cor, nuvens negras esbranquiçadas

Viuvez em vida, vivencia mais que nada

valência e altivez, vale tudo e vale cada

Da de ombro a hombridade, ta no monte a montaria

Malograda a sorte, que é sempre zombaria

Cheiro forte de charada, replica de charlatão

Chá que chapa como cão, 

pés que parece  uma mão.

Hertinha Fischer





Oração de um despreparado

 Querido Deus


Me destes pés para andar pelos bons caminhos, me desviei.

Me deste a coroa da vida, sem noção do custo, vendi.

Me deste coragem no discernimento, amedrontado ofusquei

Me destes corpo santo, corrompi

Me deste esperança em ti, enganei-me com outros

Me deste amor sincero, troquei por enganos

Me deste teu filho como verdade, corri para o lado contrario

Me deste saúde e felicidade, desfiz em desejo

Me destes segurança na caridade, desperdicei

Me destes tempo de preparo, desvencilhei-me

Me destes vestes limpas, sujei

Me destes tudo, acabei em nada

Agora rogo por socorro, não desvie de mim a tua face.

Amplie-me a visão

Faça-me ouvir com o coração

Refaça-me e me abasteça

Conforme teu santo querer

Hertinha Fischer






quinta-feira, 22 de setembro de 2022

O luto da sobriedade

Barulho de motor la na rua

ensurdece minha alma

pede paz, pede calma

Humanidade, talvez, que de humano

se esquece.

Vagueia suprido de prazer, 

 de desprezo, desfalece

Ha quem não veja o outro

ha quem só de si se alimenta

destilando suas fraquezas

por dentro, grande tormenta.

Sem dia claro sem sol

sem futuro, sem ouvido, sem voz

de negritude se alimenta,

Por onde andava a vergonha,

anda agora a arrogância,

matutando em qualquer via

a morte da esperança.

O inverno em pleno verão

O verão em qualquer tempo

casa erguida sem eira,

sem beira e sem cimento

Desmoronada a história

sem começo meio e fim

Como cavalo sem cabeça e rabo

coiceando o seu capim.

Assim segue a debandada

vivendo na disparada

Hertinha Fischer







quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Revira tempo

Ha tempo para emergir e terras

infindas para fugir.

Ha tempo para inflar e espinhos para

furar.

Ha tempo para içar e vento forte

para derrubar.

Ha tempo para certezas e morte

nas correntezas.

Ha tempo para nascer e dores 

para morrer

Ha tempo para os amores

E flertes para rancores

Ha tempo para socorrer

e asas para correr

Ha tempo para cantar

e erros para chorar

Ha tempo para espalhar

e tristeza para derramar

Ha tempo para o bem

e gente que nada tem.

Ha tempo para as flores

e inverno sem cores.

Ha tempo para construir

e muitos para destruir

Ha tempo para Um Deus

e de  fora ficam os ateus.

Ha tempo para revoltas

e muitos fechando portas.

hertinha Fischer






Vida perfeita

Conversando com o silêncio,
minha alma encontra calma.
Vem mansamente com sorriso e prudência,
me trazendo seus salmos;
Entra em minha casa como sopro Divino,
suave e manso faz meu destino.
Como sol que já se alinha,
no horizonte de meus desejos
condizente com a alegre realidade
me provoca tantos ensejos.
Vem comigo ao encontro do bem,
encontre a hora que chega o trem
Neste trilho de suplica orvalhado
sublimes gotas de quem te quer bem
Ha na hora um despertar,
em segundos se passa também,
cada pinguinho que enche a lata
é esta vida, que nos sustém.
Parece a alva tão apressada
que nota o numero sem anotar
dispara o encanto por todos os poros
sem se prender a ninguém.

Canta comigo seu canto fiel
de sinceridade e fidelidade,
com boca de abelha nos olhos das flores
colha seu mel e diga amem!
Hertinha Fischer.




segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Sobre os caminhos do ontem

 Poderia ser ontem outra vez,

ontem serenou, hoje o sol já secou.

Gosto da magnitude do passado

que só conta histórias,

Traz na memória uma ponta

de saudade de uma dor esquecida, 

Pontua solidez sem nota, sábia se revela,

assim como quem já comeu e saciou-se.

Agonizou em seu leito de morte, sem, no

entanto, fazer qualquer menção sobre findar.

Como uma nuvem passageira trazendo

um azul na traseira.

Cantando chuva, tramando águas para os confins.

Momento, que pudesse parar, ontem que sonha hoje e o

hoje que  sabe esperar.

Ontem poderia ser sempre, assim, não caminharia

por tantas saudades

Hertinha Fischer








Espelhos da memória

De modo, que, nem todos são iguais, sentem com o mesmo frescor e se combinam com os mesmos números.

Tudo dependerá de que fonte nasceu. Se você fosse eu?

Hertinha Fischer

sábado, 27 de agosto de 2022

Antípoda: a onda do agravo

 É canto, é lágrima

Tanta gente e a gente sozinho.
É a carroça e o boi
sem saber onde foi.

É a fala sem língua e a língua esculpindo
É a magra lembrança
que engoda e espezinha
É o João lá longe e perto da vizinha.

É um céu feito de terra,
em órbita, esperança maluca
testa lambida e pelos na nuca.
É porco que nasce em árvore e a
árvore é que fuça.

É cães a dormir na cama
gente em sacos de papel.
É laço no pescoço, na perna um anel
Comendo depressa os favos
jogando fora o precioso mel
menos linha e muito carretel

É gente demais, caráter de menos
tantos lugares bonitos e tantos gemendo
Matos fincados na rua e mata querendo
Finos pratos de alguns, e fome de feno

É grandes prados vazios
Gados confinados,
poucas terras em cerco,
e cidades abarrotado

É um mundaréu de beleza,
por fora,
caiada e bem cuidada
por dentro ferro retorcidos
folhas secas e abobalhada

É o mundo e suas fétidas
conclusões
de deboche se confunde
O que é certo pouco importa
desde que de poder se abunde!
Hertinha Fischer




segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Rude mestre dos saberes

 Estava lá quando me destes o primeiro beijo, quando em promessas se chegou a mim, por cautela. Ainda pequenos, quase despercebidos das tramas, envolvidos a emoções transitórias, a tocar o presente com certa expectativa de prazer.

A revelia nos envolvemos e com cartinhas de amor nos percebemos, quando as letras levavam a mensagem que as crianças ainda não sabem falar sem medo.
Coração acabava de sair das fraudas, reconhecendo sua capacidade de se iludir sozinho.
Tocando o azul celeste de teus olhos, um mar de sentimento criara-se em ondas, que sugava-me ao profundo precipício da tortura de se saber amando, quando o amor nem sequer mostrava sua cara.
Sondava-me pelas frestas das frustrações, com olhares furtivos e malandros.
Submergia suavemente até as têmporas que roseava a qualquer toque, E se escondia no íntimo da vergonhosa sensatez, que até então não conhecia.
Um querer brutal, rude mestre da realeza paixão, que deslizava sem compaixão a criar suas ilusões.
Dentro dela morava um ser caprichoso, que desdenhava dos passantes segredos, do juízo tinha medo,
porém avançava no tribunal da vida, mesmo com tantos lhe apontando o dedo e fazendo tudo igual...
Hertinha Fischer

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Portões abertos

 Se observássemos mais de perto as plantinhas, adquiríamos muito mais experiência de viver.

As plantas mais fortes absorvem muito mais nutrientes que as fracas. Menos pulgões, menos cochinilha e tal.
Olhando mais de perto e tentando entender, fiquei mais esperta. Já não quero mais moldar os outros, segundo o que penso que sou. Pois o que penso e sou é obra de minha experiência, das minhas virtudes, da minha capacidade de absorver bons ensinamentos, principalmente de adquirir o hábito de conservar em mim a obediência, seja ela referente a qualquer pessoa importante, E todas as pessoas, á meu ver, são mais importante que eu. Inclusive aquela que me parece fraca. Cristo já nos alertou: São os doentes que necessitam de remédio e não os sãos. Também fala a respeito quando conta do filho pródigo. Aquele que esteve sempre comigo, sabe tudo a meu respeito e tudo o que tenho já pertence a ele. Então, quando o que estava longe e nada sabia sobre mim, eu acolho com alegria, pois, esteve perdido e voltou para casa. Hoje, sou uma pessoa diferente. Me responsabilizo pelo meu corpo, pela nutrição do espirito, pela manutenção de minha visão, e entendimento, sem, no entanto, tentar sufocar o folego alheio, nem arrancar do meio, aqueles a quem,por mim mesma, julgar fraco(a).
Se um dia, aquele que estiver longe, sentir que o mundo já não lhe dá o suficiente, precisar de nutrientes que seus desejos não são mais capazes de dar e sentir vontade ou precisão de voltar, então as portas estarão sempre abertas.
Hertinha Fischer.

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Por em luz

 Sonhos brotam em árvores,

quando a primavera  presta

seus favores.

Coração se engrandece em todo tempo, 

quando se dá conta de seus amores.

Suave se torna de madrugada, saudando 

a doce chegada das luzes,

a tarde espreita serena,

os pleitos de suas cruzes.

Encantos que nascem a sós

na terra que a tudo revela

nos campos que produzem sementes

simpatias das flores amarela.

Candeia que nunca se apaga,

flamula nas juntas e nas veias,

Cantiga de pássaros nos campos,

no mar se ouvem as sereias.

E segue seu rumo eterno

 nas ondas do bem incendeia

Tudo na vida é magia,

parecendo simples brincadeira.

Hertinha Fischer

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Lembrança de um bom pai

 Tenho lembrança do sapato surrado que vestia teus pés.

De teus lombos doloridos, quando abria a mata para plantar teus sonhos.
Sonhos construídos para sua família.
Sem muito dinheiro, tuas mãos se enchiam de coragem.
Sem estudo, teus celeiros se derramavam em letras que se comiam.
A rudeza de seu rosto contava sua história, e transbordava conhecimento.
Sua vara preparava um futuro bom, clamava pela ideologia do bem viver.
Clareando os cantos escuros que espreitam os sem entendimento.
Não usava o nome de Deus em vão, para não despertar em nós uma versão errônea sobre Ele.
Sua maneira de existir combinava com o que fazia, e o que fazia servia como um bom casaco em tempos de frio.
No derradeiro dia ainda se podia ver, em seu semblante, um tímido sorriso de complacência e nos olhos, um terno até logo.
Hertinha Fischer.

sábado, 6 de agosto de 2022

A Divina semente


Quando se enfraquecem os fios, as corda se arrebenta mais rápido.
Você sabia que nascemos de uma semente?
Cada uma foi gravada de forma a realizar e ser algo diferenciado.
Uma planta idealizada por sua semente, cresce e se desenvolve levando todas as informações de seus antepassados, e quando envelhece, deixa a mesma marca registrada para a posteridade.
Algumas não suportando os vários enxertos, que vão acontecendo, ao longo do tempo,, vai enfraquecendo e sumindo para sempre. Outras, no entanto, somam suas genéticas boas e se fortalecem cada vez mais. Isso explica essa geração, que se enfraqueceu, sobremaneira , tanto espiritualmente, quanto fisicamente. E a cada geração, muitas deixarão de existir, até que sobrará, somente a divina semente. Aquela que não se deixou contaminar apesar de seus enxertos. mantendo um padrão em seu comportamento genético.
Hertinha Fischer.


quinta-feira, 4 de agosto de 2022

êxtase natural

Olhos de primavera me encantam

Quando a boca de leão come o tempo

Rosto corado das rosas apaixonadas

Nariz das violetas exalam perfume

que o cravo solta no ar.

Ouvido das margaridas se abrem para

o branco ouvir e as colorir.

A terra, a hospedeira, cama arrumada das

belas ramagens.

Entre as folhas mais belas,

o verde faz sua morada.

As minhocas que amam a tudo, solta

seus risos por baixo

Entre o céu e o limite,

brotam borboletas azuis.

Hertinha Fischer




sexta-feira, 29 de julho de 2022

Paixão silenciosa

 Escuta-me silêncio

Escuta-me devagarinho, anjos mudos

Vem em vozes

Olha-me por dentro,

vento.

Estuda-me nos pergaminhos

sonda-me entre as pedras.

Pelas frestas dos arbustos me enfrentas

Puro ego me revela

Menino descalço de dizeres

Tua nudez me preenche

Teu amor me incendeia 

Em segredo me pisoteia

Gritos de prazer e de sonhar

Noite escura vem clarear

Pisada dura, cama desarrumada, 

várias formas de te amar.

domingo, 24 de julho de 2022

Raios da noite

 Os verdes das folhas verdeiam

esverdeado de olho azul

 Plumas do brejo se desprende

e flamula, na boca do vento de

norte a sul.

Céu que revela forma e pureza,

Estrela cadente que a sorte esconde

enquanto se canta o silencio

tocado, espreita sonoro

a vontade do monge

A voz da noite se escuta no escuro

Quando  clama por seu amor

Com flechas de fogo o amor responde

Endoidecido pelo seu frescor.

Que a chuva molha seus olhos escuros,

em lágrimas pura de tanta saudade,

De pingos em pingos desalinhados

clamando as gotas por caridade.

Hertinha Fischer






sábado, 23 de julho de 2022

Entre trilhos e segredos


O trem das horas apita o dia,
atrás da aurora, o sol a brilhar.
O olhar insistente, que de ti se alimenta,
no amor reluzente, do coração do além,
Se me trago consigo, se me largo não tenho,
entre meio e quarto é o que me sustém
o reverso das dores, entre flores se fazem
e o amor que me pega, se alegra em alguém.
Hertinha Fischer.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Miopia secular

 Hoje minha vida é como um fio encapado, isolando-me dos curtos circuítos.

Preferencia por energias embuçadas que não causam queimaduras em ninguém e nem choque em mim.
Daquelas que se dão as frestas, sem alarde, se promovem em suaves sombras, raiando como pisca-pisca, nem de pronto, nem tão lógica.
Como poste que leva linhas em longas distancias, transporta luz que não se vê. Assim também pretendo ser.
Algo tão sutil e tão necessário, embora, nem se dê conta do que vem a ser, assim mesmo, o é, até que se desligue o abajur.
Hertinha Fischer

domingo, 10 de julho de 2022

A onda da perpetuidade


O amor brotou em nós em tempo de bonança. Se derramou em flores na primavera.
Ousamos transpôr o tempo e de invernos nos reinventamos. Cada hora que se chegava á fazer visitas constantes, no rodopiar de ponteiros precisos, que de fé não se cansa.
Todo dia colocamos um galhosinho, á mais, sobre o telhado de nosso ninho que nunca envelhece.
Tudo vive na magia do sentimento, que na Divindade se alimenta, mesmo a saber que se é inconstante.
Um dia a despedida chega sem avisar, e teremos que comer, em lágrimas, na mesma mesa.
No entanto, todo o viver memorará e toda a felicidade compartilhada nos consolará.
A festa, uma hora acaba. E os pés cansados de tanto dançar, clamará por descanso. E descansando, tudo parecerá tão completo.
Até mesmo a terra que já tomou tantas sementes, formando-ás em gratificação para tantos víveres, sem lamento, um dia se cansará e precisará de consolo e descanso.
E renovada, se preparará para novas espécies e novos amores.
Não há esquecimento, nunca! O que foi, é!
Embora a água da chuva seja vista enquanto cai, depois, se vai, como quem parte para sempre, um dia volta do seio da terra, para irrigar esperança é fé.
Milhões de anos e aqui estamos, fincados em mesma raiz, em mesma forma, com os mesmos sentimentos a crescer como folhas, conscientes das mesmas promessas, contando histórias diferentes em um mesmo papel..
Hertinha Fischer.




quinta-feira, 7 de julho de 2022

Asas equipadas

Me disseram o quanto a vida era enganosa,
na soberba, plantei, urtigas, ao invés de rosa.
Me disseram tanta coisa, e das coisas me esqueci,
até me enterrar nas coisas, que eu mesma construí.
Esquecer é coisa de memória,
que larga o que não tem valor,
se agarra mais na dor do que no amor.
E de lamento em lamento, esquece o bom sentimento,
deveras esquecer o antes, para aproveitar bem o momento.
Momento seguinte é ilusão de percurso, como
água a subir ao céu.
 É como curtir os favos e derramar todo mel.
A vida vigente é esperta, mas não constitui
um laço, vai ampla e sem regimento
até que surja cansaço, Não é corda que se estica,
nem nó de passarinheiro, para alguns, passa lentamente, para
outros, passa ligeiro.
Embora, a divindade, possa ser de boa esperança, 
se não houver bons princípios, de nada vale a bonança.
O peso correto  e medida certa, só se completa em boa
balança.
Que no derradeiro dia, quando não se pode  fartar. ainda
reste coragem, para não precisar se queixar.
Hertinha Fischer. 




sábado, 2 de julho de 2022

Pelas ruas do destino

 A lembrança separa o caminho entre eu e a esperança.

De um lado, passado. Do outro, saudade, o meio soluça felicidade.
Cada curva esconde cansaço, cada passo parece um laço.
Derradeiro sentimento de causa, esporeia o cavalo de troia,
dia e noite a olhar de soslaio o que dentro parece joia.
Alongado parece a manhã, anuviado a tarde que sonda, a noite tudo é duvida, no sonho que apenas ronda.
Como espuma de oceano, que se espreme na orla e areia, a alegria em meio á tudo, de satisfação, apenas esperneia.
A sumir dentro dele mesmo é obra do tempo, que se vinga dos pobres mortais, Buscando mais dia e mais anos, quanto passa a querer sempre mais.
Não se cansa de sofrimento, nem de lágrimas, sequer de tormento, vai a luta a cobrir-se de fé, mesmo sabendo que é só momento.
Quando, enfim, la na rua distante, que de passos um dia se chega, a cidade do conhecimento desaparece, no tempo que também esquece.
Não sou muito de caçar palavra, nem conheço de domar pensamento, sorrateiro as letras aqui dançam, no baile do sentimento.
Se um dia o fim me visitar, apagar meus rastros na visibilidade, deixará seus vestígios perenes, encalacrados numa doce saudade.
Hertinha Fischer.

terça-feira, 7 de junho de 2022

Harmonia e inteligência da existência

 Pela manhã do dia sete, do mês doze, do ano 1960

Logo que a madre se abriu, depois de nove meses de absoluto silêncio, surge, uma vida, lambendo as beiradas do tempo.

E ouve-se gritos, na perfeição de quem já se pode ver e ouvir. Alguém cujo rostinho se ajusta perfeitamente ao corpo, roseado de jubilo e poder. Já pronto para a agonia de fazer parte e ter que enfrentar as tempéries, empurrando espaço pra cima, enterrado na superfície fantasmagórica da gravidade.

Entre paredes espremidas, cama desarrumada, olhares apaixonados e uma doce harmonia á sintetizar a elegância  da realização mais sublime do ser. Barriga satisfeita, seios fartos de bravura, desencadeando suspiros de alivio e prazer.

E a terra por debaixo de tudo, completamente segura de si, á semear culto, á receber seus méritos, quando tudo que carrega é suprido de divindade. Vitoriosa e perspicaz, dormita por sobre águas e fogo, sem se afogar e nem derreter.  Entre as matas, se faz dilúvio, sem se misturar nem escorrer para fora. Sobe, discretamente, entre os ares, para depois, igualmente, não se perder. Pensa no fruto que a ela corresponde, dentro do tempo, que a tudo responde.

Dentro do tempo, onde vivem todos, na harmônica sabedoria da natureza que não deixa escape para quem vem. Sabe, portanto, que a vida, tão necessária, um dia precisa descansar, então, arruma um jeito de clonar espécies. E derramar bençãos, fincar raízes e sobejar esperança.

Um mesmo caule, uma só lembrança do que se foi, folhas e frutos á sobressair da mesma base, numa sustentação antagônica, uma simbiose perfeita.

A maturidade do princípio que nunca esquece o caminho, a inteligência muda que não muda, guarda-se para a eternidade. Compõe o inevitável e engloba qualquer espaço de tempo.

Hertinha Fischer










sexta-feira, 3 de junho de 2022

De bençãos em bençãos

 Não te preocupes com o tempo que voa.

É bem necessário que seja assim.
Se tempo não houvesse nas tramas incertas,
por certo, nem se lembrariam de mim.
O tempo ondula ações e memórias, nos gastos novelos
de dor ou prazer,
Pra que possamos, dentro da vida,
desenvolver o que viemos pra ser.
Escreve-se rostos, e rostos se apagam,
sentimentos de amor vira saudade,
Porém o dia e o tempo se ignoram,
para mostrar-se na eternidade.
Como uma pena que o vento encanta,
sem asas vagueia como se as tivesse.
Invisivelmente, também se aceita,
la no céu a sua prece.
Ternura e misericórdia que a terra recebe,
em tempos de chuva e tempos de sol
Nesta terra de sonhos e puros desejos,
Deus, para sempre, será o farol.
Hertinha Fischer.

terça-feira, 31 de maio de 2022

De que sou feita

 Quem me vê assim bem arrumada,

nem imagina que tudo vem de mão calejada,
de tanto segurar cabo de enxada.
Frutos doces no quintal, comida fria na roça,
pés sangrando nos dedos, costas em vez de carroça.
De manhã se come farinha, de tarde a gente almoça,
A noite é tranquilinha, dentro de nossa palhoça.
Palavra nem sempre é bem falado, feriado é grande enfado.
Sem ter o que fazer, parece tudo largado.
Os pais a procura do que fazer, os filhos, todo enquartado.
Assim na mais pura forma, as mãos que a tudo transforma,
Gratidão dentro do peito... e tudo seguindo a norma.
Mais construção, menos reforma.
E a vida que segue seu pleito,
no trabalho. árduo, que tudo é feito,
cada etapa segue seu jeito, cada dor se guarda no peito.
Sorrateiro chega a bonança, muito trabalho,
pouca andança.
Saco cheio de esperança,
no coração é que se faz poupança.
Hertinha Fischer.

sábado, 28 de maio de 2022

A saudade, lembrança e tempo

 Estava abraçada com o tempo, a namorar sua passagem descuidada.

Entre os jardins ensolarados e ensopados de magia. Havia uns banquinhos,dispostos na memória,

sentados estavam os que se despediram e foram embora.

Conversávamos maluquices, sorríamos com as bocas escancaradas de pura forma de alegrias.

A parte inferior dos lábios, adocicava a parte superior, destilando o sabor felicidade.

Que contos sublimes e apaixonantes se fizeram embaixo das amoreiras, na esfera de um amor

roxo, de sementes de bem querer, cujo ingazeiros invejados pela beleza de cor, criavam sementes

dentro da caixa, tão brancas e tão macias.

E tudo parecia perfeito dentro do sonho.

A lua que despertava á olhar furtivamente pelas frestas modestas das bananeiras, lançando luz maravilha sobre os cachos que pareciam tocar o chão, numa modesta onda de frenesi.

Os que se foram, voltaram de mãos dadas com a saudade, e nos incluíram nas andanças que nos dispersou.

E lá onde o inconsciente dormia, afagado pela desmemória de um dia, reavivou pela vontade do reencontro, o amor que parecia esquecido, acordou e sobreviveu.

Andamos felizes pela margem do tudo, abraços e lembranças se deram as mãos. o nunca esquecido também é vivência, no campo magnético do verdadeiro amor.

Herta Fischer



domingo, 15 de maio de 2022

O vento das palavras

 O mar começa na areia,

Peixe parecido com gente
é sereia.
Tudo que é novo é filhote,
faca serrilhada é serrote.
Se um caminho fosse dois,
seria uma paralela.
ou se honra o bigode ou a verdade
se esfarela.
Ha quem minta, acreditando, ha quem conte
a verdade, falseando.
O rio está para o peixe, o peixe para
seu anzol, o mar, para seu navio,
o navio para seu farol.
A mão do homem já é uma arma, sua
voz é sua alma, seu poder esta na calma.
Árvore morta vira lenha,
a morte não precisa de senha.
É certo que algum dia, ela venha.
Todo livro tem seu enredo, o homem
que muito sonha a noite, e de dia
se embebeda, passa a vida chupando o dedo,
e vive morrendo de medo.
O trabalho é para o estômago,
para o corpo e para o âmago.
A certeza é para o certo, o
erro para o errado, quem não
tem conhecimento, atira
para qualquer lado.
Hertinha Fischer.