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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Nos braços do tempo

 Amo falar de mim: do tempo, das escolhas

que não fiz, das derrapadas a sós, dos desalinhados sentimentos

enquanto buscava pela alegria, das descobertas, das frustrações

de alguns passos dados no escuro, enfim.

Havia uma ladeira ante meus olhos famintos, encobrindo

um céu azul que se estendia la pras bandas do inconsciente.

Cada etapa que se desenhava, logo perdia a coloração, quando

o coração ansiava por novos horizontes.

Um deslumbrar ao deparar com a novidade, motivação 

de cada instante, que após, anuviava num desaquecer intenso

de novo ego.

Quantas andanças no despreparo, quanta esperança em sonhos despertos, que

acabava logo ao anoitecer.

Novamente o tempo da candura, do desejo de posse,  alienada alegria do nada no

crescimento, mais ilusão que ventura.

O tempo, que igual enxurrada em dias de chuva forte, 

carrega em seu lombo, objetos jogados ao léu, para depois encurralar

em uma ponte qualquer, me levou em seu leito, até que restasse 

apenas algumas lembranças retidas em algum canto de memoria.

Sigo meio que lenta, depois do desgaste, meio que ofuscada por

uma luz que sequer brotou em mim.

Resta apenas a penumbra, quase que morta, de algumas cicatrizes

no joelho, de alguns rabiscos românticos, de algum amor que passou.


Hertinha Fischer




sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Oração do dia

 Pertenço ao dia

que acolhe tudo como
se dele fosse.
Me coloca na magia da luz
que vem com o sol e
me deita na escuridão quando
de descanso preciso.
Acalenta minha alma com seu precioso
tempo,dando-me espaço.
E num abraço joga todo o carinho que tem.
Num piscar de olhos, me faço
e sinto que sou dele também.
Hertinha Fischer;

terça-feira, 18 de agosto de 2020

As amarras da criação

 Houve um tempo em que guardava todos meus sentimentos

dentro do peito, até que se transformasse em lágrimas.

Tinha uma extrema dificuldade de transformar agonia ou felicidade

em palavras.

Isto era desgastante demais em meus dias, um medo intenso de

dizer o que pensava por medo de machucar, sei lá!

Meus pais eram muito fechados, nos transmitiam apenas sentimentos de  frustrações

decorrente de nossa criação,

Quase não se falavam.

A unica forma que eles achavam para transmitir algum sentimento

era a disciplina com que eles mesmos tinham ou conheciam.

Trabalhar e obedecer era uma meta incansável em nossos dias.

Talvez seja por isso que aprendi a fazer coisas só para mim, 

as escondidas planeava algum sentimento,

 e ao ver dos outros, parecia não ter nenhum.

Quando me realizei como mãe, enfrentei um medo danado de não

conseguir ser igual a eles, porque achava que aquele comportamento 

era padrão.

Meu filho mais velho enfrentou alguns deslizes meus,

em relação ao que esperava dele, e não ao que ele podia ser.

Após muitos anos vividos, fui, aos poucos, perdendo um pouco

do medo que me seguiu ao longo tempo, E comecei a dar os

primeiros passos em direção da emancipação.

Aprendi a falar de mim, das coisas e fui entendendo um pouco da vida.

Vi, que, precisamos mesmo de ponderação ao falar, mas, 

que, para transmitir algo para os outros, temos

que abrir o coração.

Ainda é difícil não corresponder as expectativas dos outros,

muitas vezes me sinto frustrada á esse respeito, sinto

que as amarras vão se destruindo aos poucos, e que, talvez, um dia,

elas me soltem totalmente.

E só então me sentirei livre.

Hertinha Fischer






domingo, 16 de agosto de 2020

Tudo é sentimento

 Hoje eu reflito sobre sentimento.

O que é sentimento?

(aptidão para sentir, disposição para se comover, se impressionar, perceber e apreciar algo etc.; sensibilidade.)

Tem a ver com sentir, mas o sentir não pode ser palpado, nem visto, a não ser que seja descrito, ou

colocado em prática.

Ninguém sente desejo, sem qualquer motivo para realizar, seja bom, seja ruim.

Ninguém vê o medo, sem que haja um objeto que seja a causa, muito embora, muito da causa nem exista.

Por isso  o coração é o órgão que expressa amor, Ele ( o coração) é o encarregado superior da vida, e o amor é vida.

Sem a vida o amor não existe, porque, sem a vida não pode haver sentimento, o sentimento é a expressão máxima de tudo que existe.

Dentro da semente há uma expressão de amor, dentro do mar há uma expressão de amor, assim como dentro da terra.

O núcleo da terra é fogo, não é um fogo ao acaso. Existe para uma finalidade, Essa finalidade é amor.

Ha um sentimento em tudo que existe: O sentimento da chuva, do ar, do vento, da cor.

A utilidade é um sentimento, a inutilidade também. O concavo e o convexo.

A preguiça é um sentimento de impotência, sinal de um sentimento de doença, de falta de energia vital para um sentimento em relação ao trabalho.

O próprio Deus é um sentimento, sem o sentimento de amor, não podemos vê-lo. Sem um sentimento de bondade, de bem-querer não podemos tocá-lo.

Sem Deus, derrapamos em um sentimento de ego: voltado para nós mesmos, para tudo aquilo que nós fazemos e sentimos, negando o sentimento alheio.

Foi um sentimento de poder que tudo criou, um sentimento de querer que tudo fez, um sentimento de amor que pôs tudo a funcionar.

O sentimento é maior que a razão, porque a razão depende do sentimento para realizar o certo. E o certo é o maior dos sentimentos que dá a razão o verdadeiro sentimento que começa no amor.

Hertinha Fischer




segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Por quê de ser

 Hoje é hoje novamente,

saúdo mais um dia que me aquece.

Entre nevoeiros que me encobre a visão

e luzes fugaz no coração, sou mais

sentimentos que emoção.

Tenho que sobreviver ao acaso, entre o 

eu e o que sobrevêm.

Sou o querer sem querer, mudo em miúdo desdém.

Se me abre em possibilidade o dia,mas, diante da impossibilidade

do poder, escuto as vozes do silencio que me corrói.

Meus pés em desalento retrai.

Queria ser borboleta amadurecida de asas abertas, a metamorfose 

incerta me trai. 

Não ser eu, qual a novidade?

Se tão eu sou eu.

A vontade me limitou, a bondade não me visitou,

sigo meio que viva e morta, ante a vida que sou.

Hertinha Fischer









segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Somos todos sertanejos de sonhos

O bom sertanejo que a enxada desperta
atrás de uma porta.
 Entre o ranger das horas, floreia a plantação.
Capinando seus sonhos, colhendo esperança em
suas espigas.
De manhã desperta as galinhas, os pintainhos e seus
outros animais, para uma jornada divina,
Que se enlaça nos segundos corridos, entre folhas e frutos,
canto e lamento, sugando suor.
Na terra que traz o sustento, revirada e amada, mãos calejadas
se sujeitam a ele.
No vai e vem da lamina cortante,  num lampejo de instante,
tudo se renova outra vez.
Bocas se abrem em sulcos, recebendo a semente ou mudas viçosas,
na esperançosa  engenhosidade do seu autor.
Que com grande destreza se propõe a doar seu amor.
Ouve a promessa do tempo, confessa sua fé na terra, 
que nunca o decepciona. E planta, confiante, a sua alegria.
Assovia para o céu, melodioso agradecimento, enquanto se fia
no passo seguinte.
 Sua boca faminta recebe da vida, a vida que nela há, na ponta dos dedos,
o sangue que corre sempre o socorrerá.
Tudo se planta na terra, ele pensa. A mesma,
 que em tempo oportuno, também me receberá.
Hertinha Fischer