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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Desaguar

Não fico bem nestes dias, nostalgia, talvez!
saudade dos que viajaram para nunca mais voltar. Saudade dos que passaram e vivem em outro lugar.
Ou saudade de mim, daquela que fui, quando ainda estava
em mim, sem que precisasse me desfigurar para agradar.
Dizem que precisamos nos desprender, mas, como? diante da cobrança de todas as horas, sempre nos lembrando algum compromisso, alguma coisa para colocar no lugar.
Este é o nosso castigo: - sobrevivência!
Herta Fischer
Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme
de medo. Olha para trás, para toda a jornada,os cumes, as montanhas,
o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados,
e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele
nada mais é do que desaparecer para sempre.
Mas não há outra maneira.
O rio não pode voltar.
Ninguém pode voltar.
Voltar é impossível na existência.
Você pode apenas ir em frente.
Osho

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Dormitando

Eu prefiro ficar de fora.
fora deste imenso comercio que se tornou a alegria do povo.
Amo experimentar a vida, assim como também um bom vinho... O sabor é o mesmo.
Até quando fazemos o mesmo trajeto, beijamos a mesma boca..amamos o mesmo amor. Tudo se torna mágico na magia
de sonhar...
Dinheiro compra coisas, O amor, o lugar!
Herta Fischer

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Total despreparo

Lá se foi mais um ano.. trezentos e sessenta dias..
.E fico me perguntando: - O que eu fiz?
Respondendo eu mesma:- comi, bebi, trabalhei, dormi,
nada que alguém que não seja eu, não faça.
Dai me falam de amor.
E eu me ponho a pensar se algum dia amei de verdade?
Ou ainda: se realmente sei o que é amor, de que ele é feito?
Lembro-me do sino, do cintilar das estrelas. E você ha
de me perguntar: -o que tem a ver com amor?
-Nada! eu respondo:- Tudo, meu coração me diz!

(Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. 1 Corintios 13:1)
E ainda como uma estrela apagada, sem brilho e sem lugar.


( E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. 1 Corintios 13:2-7)

Ao rever toda verdade sobre o que é o amor, sobre quem o sente verdadeiramente, e como é completo em si mesmo. creio eu, que ainda não o descobri em mim...
Mas, o reconheço nas obras do Senhor Salvador.
Que de maneira alguma, posso encontrar em mim, de maneira alguma por mais tempo que viva.

Este amor completo, sujeito a reveses, o dar a outra  "face" só pode demostrar o verdadeiro sentido
de sentir amor.
Como simples mortal que sou, esse sentimento não nasceu em mim, e por mais que o procure, não o posso achar no plano terreno.
Porque o amor, o verdadeiro, só conhece o caminho do outro ao encontro do outro.
Nada almeja para si: nem compensações, nem alegrias.
É o que nasceu sem pronome próprio: sem eu, sem nós, só com ele, eles, tu, vós.
Mesmo que eu veja amor em mim, com uma certa frequência, ainda o uso para me sobressair na bondade que não possuo.
Mas, se somos alguma coisa, embora fracos e desanimados, o amor nos salva. O amor de Deus, refletido no Filho, respalda em nós a motivação de querer alcança-lo.
Ainda que leigo, ainda que quase morto: tão desleal e corrompido, temos a leve sensação de conhecê-lo, de alcançá-lo.
Mas na verdade, a paixão momentânea que traz sensações em nós como se fosse o amor verdadeiro se apaga diante de nossa próprio desvario, e morre ao romper falso de sentimento nutrido por nós mesmos.
Quando fatalmente sonhamos com o perfeito, sem nem ao menos constatar o imperfeito de nossa face.
Não busca os seus interesses - Como me satisfazer com outros sem sentir em mim algo
que venha ao meu próprio encontro?
Depois de concluir tão longe do amor, eu passo a crer, e crendo já não sou dona de mim, como quero.
Meu caminho, antes tão certo, se torna algo sem crédito.
Minha vida, antes tão segura, se torna frágil.
E meu amor, antes tão dominador, se torna descomedido.
A partir dai vem a entrega ao verdadeiro amor, Aquele que me faz pensar que não amo como deveria,
E passo a sentir como quem precisa de salvação. para que a salvação me entregue nas mãos o amor que desconheço. Passando a ver o amor de outra forma: O amor é para o outro, eu tenho que esvaziar de mim mesma, entregando-me de corpo e alma a fazer para os outros, aquilo que almejo para mim, mas, ao almejar algo para mim, para depois entregar ao outro, também não pratico amor..
Difícil isso?
Herta Fischer







quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Palavras

As palavras moram em mim e se fazem
companhias inseparáveis. Se não puder
transformá -las,
não vale a pena vivê-las.
Silêncio
só é bom
quando não se tem
nada a dizer.
"O cheio vive louco para se dar!"
Talvez um dia aconteça tudo aquilo que passa na minha mente antes de dormir.
Herta Fischer.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Tudo é vaidade

Pensando com sabedoria. Eu vi, claramente, meus
dias passando em inutilidade.
Chega a mesa a nutrição, mas a energia só
dura até a próxima fome.
Meus pés me levam, mas é o meu pensamento que o dirige,
Meu dia, embora esteja vivo, não tem conhecimento algum
sobre nada, se nele não houvesse nada para ocupá-lo, nada
teria de lógico.
Tudo é passagem, túnel sem fundo.
Eu, você, nós, envelhecemos e passamos. e onde
vamos?  Só Deus o sabe, embora haja entre
os homens, alguns que insistem em dizer que podemos
atrasar a morte!
Corremos atrás de coisas que julgamos importante,
quando, na verdade, o que é importante mesmo?
Viver imerso em meio a coisas que nem usamos, engordando
a vaidade e engodando o coração, ao invés de alimentá-lo com certezas.
Herta Fischer






sábado, 24 de novembro de 2018

Seol

Olho as coisas ao meu redor e ouço cantos lá fora.
Aqui dentro esperança, lá fora, confronto.
Vejo também tantas inutilidades que nos faz corredores vorazes, atrás de alguma coisa que nos complete.
Enquanto a vida morre em segundos passados, o presente sem presente e o futuro incerto a se desejar.
Nossos olhos incompreensíveis de verdade, a ocultar-se
na saliência de pedra, Nosso coração pesado de ignorância ainda requer presença, sem ver a própria presença dentro
de tudo.
E o ter o desejado já não satisfaz se não vier com fartura
de nós. Ouvido não ouve e boca não fala a não
ser para cultivar as setas de elogios apontada
e direcionada ao eu.
Não aceitamos que somos vento e chuva fraca. nem leva nem molha, apenas raios apressados a derramar seus tentáculos em vão.
Construímos ao redor de nós mesmos pilares de sustentação, sem entender que a terra pode derrubá-la em segundos. Somos quem somos e nem somos, a deriva vagamos nos limites, sem saber ao certo em que ponto podemos chegar.
O invisível e a força propulsora destrói a visibilidade mundana,
á toca e a faz gemer em si, sem dar a chance de reconhecer
seu caminho.
Como nuvens que esconde o caminho da luz, assim também a vida se esconde onde não podemos ver nem ouvir, e depositamos nossa confiança no que não é. Porque o que é nem somos!
( “Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair.”) Isaias 26:19

Herta Fischer

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

A luz não cega

Interessante, que, ao ler
reflexões alheias, quase me convencem de loucuras.
Na verdade, todos gostam de falar: não do que é,
mas, do que gostariam de ser.
A dor se mostra em alegria contagiante, e a alegria
mostra a face da exacerbação.
Por isso, as vezes,
sou tão mal interpretada.
Quando escrevo, eu sou totalidade: Não ha
em mim, nada fora do lugar.
Ha uma intensidade de verdade em mim,
que, talvez, para a compreensão de alguns,
chega a ser agressiva.
Não tenho medo de me expor: de mostrar as "minhas faces",
de mostrar a realidade despida, rasgando o véu que escurece os óbvios, pois, mesclar a realidade com fantasias e mentiras, pode acarretar muito mais sofrimentos do
que olhar pelo lado da luz..
"A luz não cega. O que cega, é a falta dela!"
Herta Fischer

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Magnitude do poder

Amanheceu e eu
continuei a dormir,
Incrível como a gente dorme acordado, as vezes!
Porque a vida é um sonho.
E eu sonhei que existia, lá nas bandas
do incansável.
Um enorme lençol azul sobre a cabeça,
e um tapete onde meus pés sonhavam.
Sempre admirei esse sonho que não me 
satisfazia. Queria estar muito além.
Meu pai e minha mãe eram reis sentados 
sobre o trono da esperança.
Nós, pequeninos súditos nos movendo
sobre as suas ordens.
O roçado ardendo sobre os pés dos
cavalos, o cúmplice do rei, segurando
firmemente o arado, e o sonho se abrindo
em sulcos, onde a semente gemia
seus infortúnios.
Sobre esse sonho, sonhava o verdejante,
rompendo torrões e ameaças;
A rainha a por os seus ovos, a chocar em
seus sentimentos, na alcova de tantos sonhos,
eclodia a majestosa semente.
Um, dois, três, quatro, cinco e seis, um a um
aparecendo.
O leite sagrado jorrando, bocas famintas crescendo.
O rei zangão á abrir portas, e portas por trás se fechando.
A rainha mãe não se cansava de ensinar sobre seu domínio,
e o rei, satisfeito, comandava a foice, a enxada, até que seus 
súditos crescessem.
Desbravava a mata á seus pés, como um guerreiro voraz,
tornava-se seu próprio dono e capataz.
No olheiro do mundo crescíamos, numa montanha de sonhos 
subíamos.
O rei nos preparava para tomar o seu lugar. a rainha nos sustentava
para aquele lagar.
Ontem, o castelo era eles, agora, o castelo somos nós.
E sobre o mesmo olheiro, sonhamos nosso
próprio sonho e reis e rainhas nos tornamos.
Herta Fischer









O tempo é Deus e Deus é o tempo

Se eu disser que nós somos o próprio tempo. O
tempo de cada um.
Como um botão de rosa acontece
sobre a roseira, e se faz em seu perfume.
Desabrocha no tempo, abre suas asas
de flor, cintila sobre o dia, no enlace
da existência.
Leva uma mensagem de sabedoria,
assim como quem já sabe de tudo,
e sem saber se revela,
O saber a perfuma, o saber dá a cor,
embora sinta-se inútil, porque pouco
dela se aproveita, despertada está sem sentido.
Se coloca lá no alto, no topo do caule que o sustenta,
tão linda e apreciada, mas, também morrerá. e
sua mãe ainda continuará arraigada em seu tempo,
 construindo sempre a mesma marca, até que
chegue também para ela a hora de se findar.
Indaga então, para que serve?
Para compor a letra da musica do criador,
que de nota em nota, forma sua orquestra
sinfônica. entre chegadas esquecidas, mas, nunca
vazias.
Um ciclo eterno de inteligência, intercalada no mais profundo
silêncio, em um comando sutil,
 tão visível e pouco notado.
Nunca se fala ou se indaga sobre de onde vem a escuridão,
para que servem dias e noites?
No dia se recebe o alimento, na noite se constrói o crescimento,
sobre a luz ha abundância de cores, a noite, as coloca para descansar.
Porém a noite não dá descanso para todos, há também aqueles,
que, usam a noite á seu favor.
Nada no tempo é desperdiçado: O tempo é realizador de
todos os sonhos e transportador de vida.
E o elo entre Deus e os homens, entre Deus e toda criação.
Modelo de teletransporte:  traz e leva informações. Usando
os próprios modelos para derramá-lo sobre a terra.
O tempo é a vida, sem o tempo tudo morre, ou nada se constrói.
O tempo é Deus que transcende o espaço, Dono da capacidade,
da verdade em todo tempo, pois para Ele, tempo não existe, embora esteja
Nele o tempo todo!


Herta Fischer







sábado, 3 de novembro de 2018

Canção de sua filha

Me pusestes entre as tuas filhas
a debulhar milhos,
saciando a fome de seus pintainhos.
Entre minhas pernas pusestes a semente
que perpetuas.
Grunhindo leões a espreita
por meus filhos.
Manjando suores,
deliciando-se sem
temer.
Subindo a aurora
a transformar-se em dia,
serenando as tuas mãos,
Colhestes minhas sementes
em teus seleiros brancos,
destinando-me ao fogo.
Minha preces subiram até vós,
como fumaça de cachimbo, e tu
ouvistes e não me orientastes.
Andei como nômade,  nas terras de
minha mocidade, vagando sem
controle.e sem controle entrei
em teus átrios sagrados, desnudo
e descalço. Acorrentado em ignorância, por
teu nome clamei.
E teu nome estava tão alto, e tão escondido,
como a alcova de uma raposa. por
mais que gritasse, não poderia me ouvir.
Desci mais do que podia, andei a duvidar
de tudo,  e de tudo me esquivei.
Até que clareou o dia, como sol
da meia noite, e num sussurro
de gratidão, foi então
que eu o vi.
Sentado em seu suntuoso trono,
a observar-me tranquilo, dando ordens
sobre mim, estavas tu a sorrir.
Quem és tu que me perturbas
desde os primórdios tempos,
que de tudo que aprendes nem sequer compreendes?
fez o que te ensinei, de ti nada recebi, nem sequer uma prece.
Fechou teus olhos a tudo, achando que de tudo sabias. mas,
só colhestes suas dores, sobre tudo que já plantei.
Viras tua face ao contrario
de onde podes me achar, e acaba-se em nada em dia
que nunca pode me achar.
Eu sou o teu coração quando me alcança,
mas, agora, é hora de temporão..
Herta Fischer






.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Deus não é servidor de egos

Quase tudo que eu falo ou escrevo está relacionado
com meu modo de pensar sobre as coisas.
 Todos devem concordar: Tudo está em seu lugar!
O céu é incansável ao se  mostrar todos os dias, tingidos de azul.
As águas não se cansam de subir e descer.
Os homens, todos os dias, não se cansam de fazer as mesmas coisas.
Os pássaros não se cansam de procurar por alimentos, nem de
 construir seus ninhos,  nem de voar de um lugar para outro.
Os seres não se cansam de viver e morrer.
E tudo se mantém como sempre se manteve,
tudo á seu tempo e dever.
Eu vejo ou ouço muitos reclamarem de sua situação:
velhos e moços, que sofreram algum trauma,
carregam amarguras no coração, fazendo com
que seu espirito se compadeça de si mesmo.
Andam a  deriva como madeira abandonada
num riacho, sem força e sem vontade
de seguir.
Buscam ajuda, sem, no entanto, buscarem compreensão
sobre a lógica.
Não se preparam para os acasos, achando que coisas
e fatos ruins só pode acontecer com os outros.
Constroem seus pilares de fé na areia.
Sem compreensão alguma sobre Deus e seus propósitos.
Acham que vieram a terra para folgar, que são o deus
de seus próprios projetos. Querem estar, mas, não querem pagar o preço!
Se pensar um pouco dentro da lógica: verá que não pediu para nascer,
nem pedirá para morrer. No entanto, existe e morre assim mesmo.
Nada que existe depende de nós, embora achemos que sim.
 Ficamos tão empolgados com o poder que temos sobre o nosso corpo, mas,
 na primeira derrocada, desfalecemos.
A ânsia por vida se baseia naquilo que podemos obter e usufruir,
sem medirmos a fraqueza  com que o tempo nos abate.
O tempo se encarrega de desfazer o orgulho, de dizer com todas as letras:
Veio ao mundo para servir!
Sim! veio com o único propósito de fazer parte com todos, de participar
da continuidade que nunca morrerá,
Enchei a terra. disse o Senhor!
Habite nela com honestidade e proposito. Não como um parasita, mas como
quem se enche de espirito para realizar, para entender que nada do que acontece
é você quem programa.
Não podemos nos responsabilizar por aquilo que não sabemos, muita coisa poderia ser
evitado se não fossem os acasos, que sempre estão a quilômetros de distancia da  nossa razão.
Devemos agir com a inteligência dos animais, que não tem consciência, mas, que vivem e
realizam sem se opor as circunstâncias que os cercam.
Deus Senhor, nos dotou de capacidade, nos preencheu com sentimentos bons, que a gente acaba desperdiçando com a nossa fé pelo avesso.
O Senhor não é servidor de desejos, nem tão pouco servidor de prazer.
Todo prazer humano consiste na criação, no dever de levar adiante a preservação
de sua própria espécie. Para posteriormente ser algo maior e mais precioso que ser  apenas semente.
Herta Fischer









quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Invariados

Por que mudar?
Se desde os primórdios tempos.
somos todos iguais, a fazer as mesmas coisas?
O trabalho de contar o passado e desejar
o futuro é constante.
O escrever sobre um determinado assunto
é quase, que , se vendo em alguma situação
baseado em algo visto ou imaginado.
Falando da vida, novamente!
Vês outro caminho, que não seja o sustento?
De que mais posso falar,
senão das mesmas e mesmas coisas?
Qualquer linguagem que possa usar, sofisticada
ou não, será fruto  igual em muitos lugares.
Posso até me transportar até a lua, imaginando,
ou nas asas de um cometa. Mesmo lá, ainda estando
com o olhar a ver de cima,  o pensamento
e o sentir serão os mesmos.
Muda, talvez, o dialeto, a forma de entender
o que é falado, mas os nomes, as formas, as
cores não podem ser mudadas.
Não podemos mudar nada,  e mesmo que tentássemos
mudar algo para nós mesmos, amanhá já teremos esquecido,
porque as lembranças nada mais são do que réplicas.
O caminho pelo qual já passamos só é lembrado,
depois de passado por ele várias vezes.
As árvores, as flores, ganham nomes, mas, esses nomes
variam conforme a sua localidade, no entanto, são as mesmas
em qualquer lugar. Isto é: laranja é laranja, conhecida
do mesmo jeito, com sua doçura ou acidez. Pode, em outro país,
ser conhecida por outro nome, mas, continua sendo igual
em forma e paladar.
Assim somos: estrangeiros  ou não, dentro ou fora da nossa Pátria.
 Apenas humanos. Nada que difere um do outro.
No entanto, estamos sempre disputando poder uns com os outros, como
se pudéssemos ser superior.
Herta Fischer






terça-feira, 30 de outubro de 2018

Ouro de tolo

Sou como ouro escondidos nas encostas
de um precipício.
Quero sair, mas, não posso,
entre o barro
me esqueço.
Quero reluzir ao sol do
meio dia, e a penumbra me acolhe.
Em que meio pesa-me o espirito,
quando poderei me revelar?
 Se não posso ser eu mesma, nem pregar
o que já sei.
Sem que me escorem numa rede,
sobre águas emergir.
na balança me controlam e
meu peso é só medida,
 e o valor as escondidas,
 quase sempre a me roubar.
Verdadeiro ou falso, ouro
de tolo, será que assim serei.
No desejo da verdade
na verdade da mentira
só assim te faço feliz!
Herta Fischer

Vida nua

A vida está nua
a andar pela rua
olhos ávidos
a lhe desejar
Coisa pouca, coisa
boa, quanto muto
a nos proporcionar.
quase sempre, quase nunca
satisfaz o nosso olhar.
Na  muita fome e comilança
nunca ha de sustentar,
Chora agora, quase sempre,
e não cansa de esperar,
que ela vença o tempo e a hora
que esta sempre a desperdiçar
Veste a roupa, minha amada,
cospe fora o desanimar
a doença e a cura na espreita
a falar, desce a rampa e descampa
essa sede de continuar.
Herta fischer




Como surge a memória?

Estava eu, debruçada sobre um livro, quase a morrer
de emoção, com o coração batendo forte, como
se vivesse a história.
Eu sempre fui assim, intensa demais.
Meus sentimentos são instáveis como
tempo chuvoso.
Sou como as águas de janeiro, caindo em abundância,
causando transtorno em quem não gosta.
Gosto de ouvir, de me aproximar do conto, como
quem o vive.
Sou qualquer protagonista a curvar-se em emoções
sobre uma circunstância. Sobrevivo, no entanto,
carrego marcas.
Desde que me reconheci por gente, não que não tenha sempre sido assim,
mas, de quando não tive lembrança, não posso contar.
Me lembro de fatos, um tanto nebulosos de principio, mas,
também, tão reais, de quando tinha apenas quatro anos de idade.
Morávamos num casebre á beira de mata fechada, feita de barro,
dois cômodos que me pareciam tão grande.
Um riacho, dois metros de comprimento por dois de largura,
que me parecia um mar. onde minha mãe lavava as roupas sujas.
Um pé de jabuticaba, que mais parecia um monstro diante
de minha pouca estatura.
Me lembro da sombra, da areia, da água fresquinha que nela
caia através de uma bica.
Esse quadro era o livro sobre o qual me debruçava, e a vida,
a professora que me instruía sobre as coisas. E dentro dessa historia eu morava.
A grama, o cachorro, a vizinha e suas crianças, o cipo feito balanço. a gritaria e
histeria quando havia alegria.
Pela primeira vez na vida conheci lágrimas de mãe, que não foi nada divertido.
Não entendia nada direito, mas, vi minha irmãzinha mais nova, desabar sobre o chão, 
e minha irmã mais velha se debruçar sobre ela, gritando por socorro.
A vizinha veio correndo carregando-á nos braços, fazendo massagem em seu pulso quase
com desespero.
E minha mãe chorava, a rolar sobre a grama, nada fazia.
Ao vê-la chorar eu também chorava.
Aos poucos minha irmã foi abrindo os olhos, e tudo foi se acalmando, acho que, pela primeira vez, eu soube o que era sentimento.
Dali para a frente, comecei a participar de tudo.
Formou-se de todo a consciência, despertou-me os desejos, e aprendi a sofrer.
E pareceu-me começar a fazer parte do mundo. Tinha medo de chuva, de trovões, de ficar sozinha no escuro.
Comecei, então, a entender por que chorava, a sentir dor quando me machucava, até a chorar
sem sentir dor.
Tudo me parecia tão grande: as árvores que nos rodeava, a cama que me acomodava, a escuridão da noite que me atormentava, o medo de ter que viver.
Também senti os seres, o perigo quase que eminente de uma formiga ou uma serpente.
Conheci a alegria de ganhar doces em dia de festa, também a tristeza de dias não tão bons.
Dali para a frente, senti o peso nas costas, de tudo que estava por vir.
Com seis anos de idade eu queria aprender a ler, fiz de tudo para ir a escola. Era longe, e eu ia a pé, mas, não sentia canseira, só o fato de aprender por mim mesma, tudo valia a pena.
Talvez eu já pensasse no futuro, aprender a ler e escrever foi meu maior desafio. Hoje, eu posso dizer com toda certeza: foi a melhor parte de tudo.
Aqui estou, registrando tantas memórias, de um tempo não muito distante,
que me formou e me fez.
Me sinto plena, escrevendo, como se tivesse feito isso a minha vida inteira, mas, tive que esperar por mais de quarenta anos, para poder, colocar num papel, o registro do meu viver. Assim, como se fosse fácil, mas, na realidade não é!

Herta Fischer




A simplicidade do óbvio

Já nem quero riqueza,
Já não penso tanto em mim. Quero
abraçar a cortesia, quero me transformar em anjo.
O mundo precisa de mim, não para andar
por toda a terra, atrás do que me surpreende,
 dizendo que levo o que falta.
Quero estar nos lugares possíveis, e no possível
prestar socorro simples,
Sabes o caminho da chuva? Porque não chove
em todos os lugares ao mesmo tempo?
Porque só Deus sabe onde é preciso a chuva estar.
Ontem eu fiquei reparando as árvores plantadas
num bosque. E as vi bem crescidas. Perguntei a mim mesma:
 como é possível?
O homem não pode regar todas, mas,  todas precisam da água.
Foi então que vi as mãos poderosas do invisível,
dando ordem para que as águas subissem até o céu.
se ajoelhassem umas perto das outras, e não se dispersassem.
Ficaram lá tão quietinhas como se sabedoria tivessem.
Até a segunda ordem, quando já cheias, pudessem
fazer o serviço de um grande regador, E jorraram como
bençãos.
Eram tantas bençãos que escorriam pela mata, num
cantar e jubilo
que poucos ouvem.
E transbordaram-se os rios, de risos agradecidos.
Porque não fazemos o mesmo: Buscamos tão longe o
que está tão perto, damos de comer povos
distantes, deixando nosso próximo a sofrer pela fome.
Onde cabe a sabedoria, senão dentro de nós mesmos?
A quem devemos amar, senão, na proximidade de alguém?
Porque prestar cultos vazios, destituídos de grandeza?
Se não conseguirmos entender o simples, como
pensar entender coisas maravilhosas e grandes?
O que é fazer a vontade de Deus que não precisa de nós, se
antes, não olharmos com compaixão um para o outro?
O jardim sem flores é só uma porção de terra, mas, se neles semearmos flores.
pode se dizer que se transformou em jardim.
Ontem uma pessoa perguntou: qual era a minha religião?
Eu lhe respondi com toda franqueza: Minha religião é
a bondade que o Senhor me ensinou!
A, de,  que,  ha um só Deus que rege todo o universo,
que tudo dá á seu tempo. E vocês preocupados
em rotular.
Se vê melhor fora da caixa!
Herta Fischer











quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Longe da eternidade

As vezes a gente quebra uma xícara e coloca outra no lugar.
Fácil!
Nosso aparente desejo de céu
está mais ligado com a longevidade, com
o próprio desejo espiritual ligado ainda com a matéria.
Dizia o  escritor C.S Lewis em um de seus livros: "- Talvez
nunca tenhamos realmente chegado perto daquilo
que o Apóstolo Paulo descreveu como vida espiritual, ao menos sabemos,
 de maneira obscura e confusa, que estamos tentando usar fatos,
imagens e linguagem natural com um novo valor"
Como muitos semeiam a liberdade como algo que
se faz, ou melhor, como algo que se escolhe.
Assim também a vida, semelhante ao que conhecemos,  o desejo
de eternidade é aqui.
Fabricam todo tipo de cosméticos, antibióticos, anti-vírus
como se  isso pudesse nos livrar da morte.
E a morte chega de uma forma ou de outra, e a velhice
esmaga toda a possibilidade de reforma corporal.
Quase ninguém confessa que vamos morrer, essa hipótese
é deixada de lado até que aconteça. E a maioria fica
fantasiando uma forma de colocar a pessoa morta
em um lugar  em que possa vê-la,
Espiritualmente, somos uns fracassados a procura
de emprego,
E o que vemos são terras áridas por toda parte, sem nenhum
atrativo para novas plantações.
Porque plantar sem escolher bem as sementes, com
certeza, haverá muitas que nunca despertarão.
 O céu é algo inimaginável, assim como o vemos,
pintado de azul, mas, se tentarmos seguir em sua
direção, só encontraremos vácuo.
Deus é tão imenso, impossível tocá-lo
com a consciência humana, tão fraca e tão
material.
Por causa dessa fraqueza, da sensualidade tão arraigada
em nós, nunca chegaremos a conhecer a profundidade
Divina, sem que primeiro não
vejamos a nossa própria imagem no conselho
de si mesmo(a).
Queremos o céu, hoje, mas, teremos que esperar,
e essa espera será tão demorada quanto
o desejo de alcançá-la!
Se não acreditarmos que Cristo
é a razão de tudo, E Cristo como filho,
soube esperar pela sua hora, Nós haveremos
de esperar muito mais.
A hora no mundo é agora, a hora
do céu é Cristo.
Herta Fischer



galgando desejos

Desperta em mim uma ânsia
de saber.
Como cheguei, como
sairei daqui?
E quando penso em Deus,
penso que sou menos
que nada. 
O universo inteiro canta em júbilo,
e minha voz se confunde
com os demais.
Não sou eu senão um
pouco dos outros, embora,
pareça-me  aos meus próprios
olhos, tão individual.
Meus sentimentos são tão
intensos, e a dos outros, não posso
sentir.
A não ser que me tragam satisfações.
que eu não aprendi.
Foi embora ontem, e eu
não mais vi, a felicidade
se despediu
para dar lugar
a tristeza
que construí.
De repente, não mais
que de repente
eu percebi,
que o
que a gente planta
se colhe aqui,
ou leva ou deixa
na esquina de outros
vales, pois
nem sempre se pode
lembrar do que
será, quando a lei
se cumprir.
A lei que Deus edificou
no paraíso, quando
sua lei eu trai.
 A morte  saiu de sua torre
quando do céu eu cai.
Herta Fischer





Devaneio simples

Ontem eu sai a catar iças, estava uma tarde quente, 
e as nuvens desapareceram por algum tempo,  o azul
se fez nítido como nunca.
Eu apreciava a tarde como quem aprecia o que se ama,
 E a brincadeira com as formigas me levaram até a boca da noite,
Quando a lua apareceu para também brincar, 
E num espetáculo se encheu como uma bola a vaguear pelo céu.
Meus olhos encantados se esqueceram do dia, 
 feliz entrou noite afora, como companheira do silencio, 
 Quando o silencio já acomodado, deu lugar a festa dos seres noturnos
 chamando estridentemente por suas amadas, 
eu sonhei com meu amor.
Um amor de supremacia, que no encanto
do meu ser despertou com nuances
de quero mais.
Aquele amor que
na ânsia me persegue,
e não consigo sequer saber
em que profundidade vive.
O que sei dele, senão, que surfa nas ondas
dos meus desejos, embala em meus
sonhos íntimos, que são só afagos
momentâneos, que tão logo
se dispersa, como nuvem
empurradas por ventos fortes.
Desejo conhecer o Teu amor,
amor de entrega, de dar-se
sem querer retorno,
que assiste no mais longínquo
do coração,  abstendo-se
de si mesmo. A entregar-me
a redenção pelo que fiz
de errado a ponto de não
mais acreditar em ti!
Herta Fischer

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Nebulosa

Nem sei
porque escrevo,
se nem sei
escrever, apenas embaço
minhas memórias
com papel
de emoções
que sequer conheço
Vim das nuvens
vou, talvez,
para lá,
nas brumas suave
 me arremesso
de corpo e alma
e mente limpa.
Lá onde me esqueço
ou talvez me lembre
com saudade do que fui...
E o que fui, senão eu
mesma?
Não consigo definir onde
minha mente se fez,
e como cheguei a sentir e
a saber tudo que me ensinastes
no silêncio.
Herta Fischer

Tema azulado

Minhas borboletas nasceram azuis,
da cor do meu viver.
Cor de céu, de certeza
de Deus
O azul da cortina
da vida. O azul
das águas do mar.
O azul da singeleza de
cores,
O azul do meu amor
por você,
O azul que é azul
que se torna azul porque
quer,
que sai das profundezas para
se enriquecer de azul, ah!
esse azul que sou eu!
Herta Fischer



Abalo

Apenas manhãs
ensoleirando
minha porta.
que de muito, nada me importa
na pisadura dura de entrada,
a simplicidade
de quem se importa.
Entrar pela soleira,
escapar pelo dentro de tudo
sem cair no desvio do nada,
Sou, será?
Que madrugada me
desviará e me abaterá
sem que ninguém me
console.
Herta Fischer

sábado, 6 de outubro de 2018

Vivendo e descartando

As pessoas costumam pensar que durante a vida perdeu
seu tempo, porque fez isso ou aquilo
e chega, depois de algum tempo,
a conclusão de que não deveria ter feito.
Ilusão pensar em refazer
o que já foi feito.
Por exemplo: Eu recebo alguma
coisa de alguém - uma palavra mal colocada, ou
um conselho mal dado. Interpreto o que me foi dito,
e faço exatamente o que aprendi.
Depois de algum tempo, me deparo com as consequências do que fiz
e tento voltar atrás, mas, já não é mais possível.
É como cortar uma árvore, e se arrepender.
A única coisa que podemos fazer após uma decisão
errada, é tentar minimizar a consciência de nós mesmos
em relação a causa e efeito!
Seria como se tivéssemos entrado numa universidade e recebido uma má nota
em determinada matéria, Teríamos que rever todo o material estudado, e
 novamente , fazer uma analise sobre o que prendemos, no entanto,
ficará gravado, para sempre, o primeiro fracasso.
Perda de tempo? Talvez!
Mas, se olharmos pelo lado positivo, veríamos, que, na verdade, os fracassos só nos fortalecem, e nos prepara para a prova seguinte.
Na vivência diária, é fácil tropeçar, porque, na verdade, a superfície da vida, nem sempre é plana. Assim, podemos  ver o fracasso como gravidade, algo que nos impulsiona para baixo, assim que baixamos a guarda sobre ponderar.
Depois de uma prova mal sucedida, devemos fortalecer o ato do estudo. Quanto mais estudamos sobre algo, mais nos aprofundamos sobre o assunto, e muito mais chances teremos para tirar notas altas.
E assim passamos o nosso tempo. Aquilo que chamamos de vida, nada mais é do que tempo, o tempo
de cada um. E vivemos aprendendo até o último minuto, até o ultimo suspiro.
Nenhum conhecimento pode ser descartado, tudo é aproveitamento do tempo. Nada pode ser considerado inútil, nem mesmos os tropeços.
A dor, que, muitas vezes, ou, quase sempre, são considerados nocivos, na realidade, é algo
que mostra que algo não vai bem, seja no plano físico, ou psicológico. Que deve ser levado em consideração.
Seria o mesmo que levar algo á boca, no primeiro momento pode parecer doce, mas, quando chega no estômago, nos parece amargo. Ou ao comer algo estragado, e sem perceber, depois de algum tempo, começa a fazer estragos, e se não colocarmos tudo para fora, a sensação não melhora.
Viver é complexidade, mas também pode ser simples, se termos por costume, medir antes de esticar. Quer dizer: Fazer uma analise sobre o que, realmente, pode ser importante. Não desgastar-se em demasia a procura de si.
O primeiro aprendizado da minha vida e a primeira experiência que tive sobre erros, foi quando, na infância, eu, meus irmãos e vizinhos furamos uma caixa de uvas maduras, enquanto seu dono trabalhava
ensacando cebolas no paiol do meu pai, , e nos deliciamos do fruto roubado, sem que tivéssemos sequer a ideia de que isso seria crime.
A segunda experiência foi quando eu senti vontade de fumar, soltar fumaça pela boda e nariz, mas, não tinha dinheiro para comprar, e com muita técnica de roubo, tirei um maço do pacote de dez, que meu pai comprara  para fumar, e escondi no pasto do cavalo, deliberadamente, dentro de um saquinho de plástico, junto com uma caixa de fósforo para acendê-lo quando necessário, e que, quase morri de tanto tossir na primeira tragada.
Mas, que, nunca desisti de meu intento.
Não era pela adrenalina. Era simplesmente, pelo fato de estar descobrindo.
Quando criança não temos consciência de erro, a menos que nos digam o que é errado fazer e o que não é!
Após algum tempo a gente vai aprendendo sobre as leis. Vamos percebendo o conceito do certo ou errado. Embora, errado mesmo, seja o que prejudica outros. O que nos prejudica, acaba sendo lição!
Nunca devemos olhar para trás com tristeza e arrependimentos, isto não leva a nada, devemos olhar para a frente, tentando fazer o que é certo, E o que é certo?
Não é o que todos fazem, mas, o que nós vamos prendendo por nós mesmos, escolhendo sempre o lado bom. desprezando tudo que pode causar danos a outros, ou a nós mesmos!


Herta Fischer









sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Escritas do coração

Quando não me sinto bem,
escrevo cartas para mim.
Coloco um papel na escrivaninha
me dizendo: Lembra de quando era criança,
e detestava que te pegassem numa falta?
Parecia que o mundo ruía debaixo de
seus pés.
Ficava tão diminuída, mais
parecia um duendezinho
cercado pelas bruxas más.
Era vergonha, que sentia, vergonha
que os adultos não conheciam.
As copas das árvores te socorriam, ao escalar
galho por galho, ferindo braços
e mãos, as dores compunham dores,
e a altura te definia.
Não suportava que te desprezassem,
nem que duvidassem de sua bondade, embora
nem soubesse bem a diferença de uma coisa
e outra.
Aquilo de que fui feita, nem sei de que
massa era. aquilo que me ensinavam, nem sei
como eu já sabia.
Escrito estava lá dentro, leitura fazia
por fora. Uma máquina, engrenagem
perfeita, fazendo coisas, fabricando
malandragens.
Nomes, fatos, leitura de sentimentos,
crueza de palavras, feitura do barro, da madeira,
de aço, Tudo era, tudo havia e aprendia.
Ossos e mais ossos, sabia onde nascer
e se separar, e se fundir com carne, se ligar
em músculos, se aparelhar com veias, tubulado
como se já soubessem o caminho.
Havia coisas que a minha percepção contava,
casos e mais casos que até eu
mesma duvidava.
 Herta Fischer




negrume

Na mesmice de todos os dias,
caminho, Levantar todos
os dias com os sonhos nas mãos
e sem mãos para segurar
o próprio sonho, me deito.
E deitando-me, de nada
careço.
Se careço, não me lembro,
se me lembro, logo
esqueço.
Como amar os dias
se nos dias vou morrendo.
Suprindo a necessidade
de um pouco mais, sendo
que nem se sabe até quando?
Hoje, talvez, seja o último
e derradeiro acorde, que
finaliza uma canção. Serei
aquilo que fica no ar, a lembrança.
Se não tocar por algum tempo,
e ninguém mais ouvir a minha voz,
logo me torno apenas passado.
Não poderei ser o que fui,
nem o que desejei, serei
como um universo
paralelo, sonhado na sombra
de quem nada sabe, a não
ser idealizar algo maior
que nós!

Herta Fischer


Patavina

Nem é preciso insistir, me dói por dentro
asneiras e crendices.
Um toma-lá-dá-cá, trocas
de nada.
Subjugados pelo que chamamos
de amor.
Que de amor nada tem.
Que é o amor?
Senão aquilo que aprendemos e fazemos
sobre condições?
Apreço eu tenho pelo
farfalhar das folhas em tempo
de vento. Que nada pede,
nada dá, á não ser o
que é sem querer.
Se eu tivesse que escolher,
quem eu seria?
Não eu, podem apostar!
Nem eu, nem ninguém, talvez uma
pedra no meio de um jardim
ensolarado, deliciando-se
sem saber, nos musgos que
em mim se derrama, sem
nada para ocultar, sem nada
para sentir, sem nada para saber.
Eu, num tempo incerto, sem tempo
e sem destino, apenas eu enquanto
tempo!

Herta Fischer

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Inspiração

Sonho caminhar sobre
um rio, mesmo que seja em sonho.
Sonho sonhar com isso.
Deve haver tantos mistérios
sobre as águas.
Deve haver refrigério
dentro dela.
Será que poderia me compreender
 tendo-te
aos meus pés?
O dia não é satisfatório
sobre a terra fria, eu não me encaixo
em torrões.
Quem sabe sobre teu leito
me faria mais constante,
e se deliciaria
me beijando os lábios
quase a tocar minha alma.
És a leveza que almejo,
a doçura que meu
sentimento quer.
Porque não me abraça quando chove
e me envolve com
teu pingos.
Estou a deriva num
tempo seco, quero me
molhar em ternura, quando puder, enfim,
 te tocar,
nem que seja num lapso
do sonhar.
Herta Fischer

Extenuação

Me sinto uma marolinha,
que de tantos vais e vens, já anda
se cansando.
Ensejos, desejos, uma inutilidade
das horas.
Ontem eu pedi a Deus
respostas,
Mas, ela não veio.
Porque viver,
se nem ao menos
se sabe se é
ou não é?
Será que sou
o que almeja, Senhor?
Não sei!
Não sei mesmo!
O que fará de mim, depois?
Para que serviria alguém
que nunca aprende?
Para que lhe servimos nós, se
de nada precisa?
Seus olhos não se cansam de ver
sofrimentos?
Então, porque?
Herta Fischer



segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Imbróglio.

Parece tudo inerte
como se fosse morte,
 a sorte, da qual duvido
sempre vem do lado norte.
Norte, cérebro!
Água suja, espuma sincera
de descaso, sem meio
de se curar.
em dia de vento forte,
talvez te dispersará.
Tão logo se veja limpa, tão logo
a cura chegue, tão logo
adoecerá.
O ciclo nem sempre
é, coragem de Cruzoé.
Herta Fischer




quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Do lado de lá

Vejo alem
como quem enxerga no escuro.
Não sou ainda, mas, sei o que serei.
Se abre sobre meu azul uma abobada
delineada de sol.
Num amarelado singelo
sem desespero.
Ha luz em mim ainda, embora
se apague todas os meus egos.
Balões furados são todos
os favores que não se enredam
em bom proceder.
Olho la fora como
quem olha para nada,
não ha proeza na escassez,
só um enfadonho
cheiro de morte.
Se abrindo em pó
desejo o mundo.
Nada me completa
a não ser a esperança
do que ainda ha de vir, porque
o que nos resta senão risos
entre lágrimas e um
passar sem alegrias?

Herta Fischer



segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Reclusão dos sentidos

Hoje me recolhi,
como quem não quer sentir.
Coisas boas não há, além
do meu quarto.
Lá fora, leões rugem e marcham
a fim de carne.
Faço meu acampamento em
Deus, para ouvir
seus conselhos, E ele
me pede reclusão.
Não quero me afobar, nem
pressentir o que há de vir, Isto me assusta!
O amor anda sumido ou recolhido
como mangas nos quintais.
Cestos cheios de palavras, poucos metros de ações.
Não quero ser mais uma, não posso andar
entre os corrompidos, nem semear
sementes boas em pedregais.
Herta Fischer

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Palavras tem poder (capitulo 8)

Anita se recolheu em seu quarto, ainda sem saber bem
o que fazer.
Sua mãe nem quis mexer no vespeiro, deixou que ela descansase
de suas renúncias.
No dia seguinte, a sangria parecia estar estancada. Anita acordou,
se vestiu e voltou para a cidade em que trabalhou.
Passou na imobiliária, retirou seu nome da lista. deixando bem claro que se desligava 
da empresa.
Embora houvesse um tanto de tristeza na equipe. Eles entenderam que Anita realmente precisava de um tempo.
Depois que se despediu de todos, ela voltou para a casa da mãe.
Enquanto viajava pensava seriamente em tudo que viveu. Em seus momentos de incertezas, em sua dolorida jornada até ali. trinta e dois anos de aprendizado. Pensou:
E ainda não aprendi nada!
Ao chegar em casa, estava um tanto apreensiva quanto ao que fazer. Encontrou sua mãe sentada na soleira da porta, olhando para a rua.
- O que faz aqui, mamãe?
- Penso na vida, disse: soltando uma gargalhada.
 Anita também sorriu, dizendo logo a seguir: - Engraçado. Eu também pensava o mesmo!
A mãe a olhou dentro dos olhos, para perguntar a seguir: - O que se passou na África, querida?
Você chegou calada, permaneceu calada, e eu não queria forçá-la a dizer nada. Embora esteja curiosa a respeito.
E Anita narrou todos os acontecimentos.
A mãe de Anita balançou a cabeça em negativa, falando a seguir: - Ah, minha filha! Como pode não confiar em si?
- Eu confio mamãe, mais do que o necessário. Só não consigo confiar em amor.
- Como assim? Daniel da vários sinais de que a quer!
- Me quer, mas, não me ama o suficiente para oficializar o que sente. Parece querer ser dono de mim!
Eu me senti tão vulnerável quando ele me contou que bancou a  viagem, e que fez de tudo para que eu não soubesse, até o momento de aparecer como quem tem controle sobre tudo e todos.
Se eu não o amasse, eu teria fugido no primeiro momento, mas, não! Sou idiota! Entrei no jogo, e joguei melhor do que ele, porque, na primeira oportunidade, quando ele menos esperava, eu dei-lhe as costas, assim como ele faz, sem dar a menor satisfação!
- E o que você ganhou com isso? 
- Nada! Mas pelo menos, agora,  ele deve saber como me sinto!
- E como você se sente?
- Uma tola! 
- E agora, o que pretende fazer, já que deixou o trabalho?
- Então, mãe! Eu ainda tenho algumas economias. Pretendo abrir um negocio próprio. Queria ouvir a sua opinião a respeito, e caso se interesse até poderia participar!
Aqui na rua, logo no final, tem uma casa para alugar. `Pensei em abrir uma loja de roupas, ou uma perfumaria. O que você acha?
- Eu acho ótimo, fica perto de casa, eu prefiro que seja uma perfumaria, gosto muito desse tema!
- Será que seu marido se oporia, caso sejamos sócias no negocio? Não quero causar nenhum mal estar entre vocês!
- É claro que ele não se oporia, ele não é esse tipo de homem. Pelo contrario, ele vive dizendo que eu preciso arrumar algo para fazer, que me tire da rotina do lar.
Acredito até que teria prazer em nos ajudar!
 E quanto ao Daniel?
- Como assim?
- Se ele te procurar novamente, o que pretende fazer?
- Sei lá, dona Mariana! sei lá!
um dia de cada vez, um propósito a cada manhã!
Depois de conversarem com Roney, e tudo acertado, elas arregaçaram as mangas, e juntas limparam a casa, compraram as gondolas apropriadas, obtiveram licença de funcionamento. Começaram a pesquisar fornecedores. Após dois meses de intenso trabalho, tudo estava pronto para inauguração.
Distribuíram folhetos, estudaram as possibilidades de ofertar alguns produtos.
Anita se encontrava muito ansiosa para abrir as portas de seu mais novo empreendimento. Tanto que, nem se lembrava mais do antigo trabalho.
Pela manhã, antes mesmo de tomar o desjejum, ela já estava no computador, estudando a melhor maneira de abordar sua clientela. Já tinham contratado uma jovem estudante de dermatologia, e também usavam muitas revistas voltadas a esse mesmo tema.
A mãe de Anita era enfermeira aposentada, conhecia bem o ramo, e tornava tudo tão mais fácil para Anita, que só sabia administrar e vender.
Ao chegarem no estabelecimento já havia uma enorme fila, com muitos amigos e pessoas desconhecidas interessadas em conhecer a mais nova loja de cosméticos da região. Quando as portas se abriram, ficaram de boca aberta com a organização.
Tudo a mão, Tão limpo que dava até vontade de puxar uma cadeira e se instalar por ali.
Foi um sucesso total, tanto que o faturamento do primeiro dia deixou todos muito entusiasmados. Roney não parava de dizer: - Nossa! Se eu soubesse disso, já teria feito ha muito tempo!
Anita deu risada. Respondendo com ar de alegria:- Pois é, mas, a ideia foi minha!
Passou-se alguns meses desde então.
Anita se enfiou no trabalho, fazendo dele sua razão de viver, não soube mais de Daniel.
Certo dia, depois de um longo dia de trabalho, um amigo de infância a convidou para sair, ela aceitou de imediato. Cansou de ouvir sua mãe lhe dizer que precisava viver socialmente, mesmo que isso não lhe fosse de nenhum interesse.
Antonio fora um menino muito tímido, mas, se tornou um homem interessante. sempre fora apaixonado por ela, embora não a visse a tanto tempo. agora, depois de tê-la visto na perfumaria, despertou nele boas lembranças do passado, e aquela paixão de menino veio a tona.
Tomou coragem e a convidou para irem ao cinema.
Depois de assistirem ao filme, eles passaram numa lanchonete para tomarem um drinque. E entre uma conversa e outra, Anita ia percebendo que  havia por parte de Antonio,  outro interesse além de uma simples amizade. Ela não queria, mas, deixou-se envolver pelo fato de que estava muito carente. Nunca deixara se beijar no primeiro encontro, mas, naquele dia, ela se atirou de corpo e alma, numa frenética troca de carinho. Pensava consigo mesma: - Já perdi tempo demais com essa mania de auto-preservação.
Nos dias que se seguiram, os encontros aconteciam assiduamente, muitas vezes, quando ela fechava as portas da loja, ele já estava esperando por ela no estacionamento.
Embora não sentisse a mesma emoção que sentira com Daniel, Antonio fazia bem a ela.
Era um bom companheiro: alegre, divertido.
Todos os dias, pela manhã, ela encontrava uma mensagem de carinho no celular: - Bom dia, princesa, Dormiu bem?
Ela respondia com muito carinho, até que se sentiu meio sufocada com tantos mimos.
Ele não á deixava em paz, Não dava muito espaço para que ela pudesse estar um pouco sozinha a lidar com os próprios pensamentos, mas deixava rolar.
Precisava de auto-controle, precisava mesmo deixar de ser tão chata, lembrando-se dos conselhos da mãe, que sempre a alertava sobre aquela mania que ela tinha de se preservar.
Os dias transcorriam sem que ela percebesse, tanto eram os afazeres.
Certo dia, ela abriu a loja, enquanto não entrava nenhum cliente, abaixou-se atrás do balcão para colocar alguns produtos em ordem.
Não ouviu o sensor da porta avisando que entrara alguém, tão envolvida com o que estava fazendo, até, que, pelo visor do balcão, percebeu um par de pernas encostado quase diante de seu nariz.
Alguém encostara no balcão, mas, se não levantasse, não saberia quem era.
Então, se levantou e quase morreu de emoção, ao ver, debruçado sobre o balcão, nada mais, nada menos, que seu antigo amor.
Daniel estava bem vestido, como sempre! parecia até mais, jovial. Ela reparou no novo corte de cabelo, na blusa de lã, cor azul turquesa jogada no ombro. Na camisa de manga curta branca. Mas seu olhar tentava decifrar o sentimento que aqueles olhos tentava lhe passar.
Antes mesmo que ela conseguisse dizer alguma coisa, ouviu o som daquela saudosa voz lhe perguntando: - Esqueceu-se de mim?
- Não! Não, ela balbuciou- quase que num gemido fraco:
Eu... fez uma pausa -  só não esperava vê-lo por aqui, depois de tanto tempo.
- Pois é! eu tenho tanto para te contar, ele disse com uma voz embargada pela emoção:
 Precisei de muita coragem para vir até aqui. Eu queria te fazer algumas perguntas, e gostaria que fosse muito sincera comigo.
- O que fez você fugir daquele jeito? Logo naquele dia, quando eu lhe preparava uma bela surpresa!
- Que tipo de surpresa, ela, perguntou: - Não entendo!
Quando ele ia responder, alguém entrou na loja.
Daniel nem notou, mas, Anita ficou branca ao perceber Antonio se dirigindo para onde conversavam.
Ao chegar perto dos dois, Antonio encostou no balcão, ao lado de Daniel, e pensando que era apenas um cliente, ele a saudou: - Bom dia, minha querida!
Daniel o olhou de cima a baixo, como se tentasse entender o que acontecia. Para depois perguntar:- Quem é ele?
- Um amigo, ela respondeu:- Antonio, este é Daniel!
- Os dois homens se olharam, estenderam a mão e se cumprimentaram.
Antonio sentindo-se ameaçado, falou logo a seguir: - corrigindo a dama. Sou o namorado dela!
- Seu namorado, Anita?
Anita não sabia onde enfiar a cara. Travou-se de tal modo, que a voz não saiu.
Só depois que Daniel virou as costas, saindo da loja, ela conseguiu se refazer, e olhando bem no fundo dos olhos de Antonio, com muita zanga, consegui ouvir o som da própria voz:- O que faz aqui tão cedo?
 Antonio ainda não tinha percebido o que acontecera. Parecia que vivia em outro mundo.
A resposta veio sem nenhuma emoção na voz:- Apenas ia passando por aqui  e resolvi entrar para ver se não precisava de nada. Qual é o problema?
- Nenhum! ela disse,  procurando controlar o nervosismo.
- Só que não precisa passar por aqui todos os dias, não vê que estou trabalhando?
- Nossa! porque a zanga?
- Não estou zangada, mas, você não trabalha mais? Parece que esta sempre na cidade!
- O que quer dizer?
- Sei lá! Da para gente conversar noutra hora, tem cliente chegando!
- Te pego as oito, podemos jantar juntos?
- Hoje não! - ela disse enfaticamente:
- Porque não? - ele insistiu:
- Eu preciso rever algumas coisas, refazer alguns planos!
- Sobre a loja?
- Não!, sobre a vida! a minha vida! -  ela enfatizou: - Agora me da licença. amanhã nos falamos!
- Fazendo um sinal de positivo com o polegar, ele falou apressadamente: - ok!
E saiu da loja sem olhar para trás. a pensar que aquela dispensa poderia significar mudança.
Anita trabalhou muito naquele dia, parecia que a noite se distanciava cada vez mais, ao invés de se aproximar;
Não teve muito tempo para pensar no ocorrido, nem de colocar seus pensamentos e emoções em ordem. Mas, assim que o ultimo cliente saiu da loja, que conseguiu fechar as portas, ela se deixou cair sobre uma poltrona em seu escritório.
E toda emoção contida veio a tona. Começou a soluçar bem alto, quase que em desespero.
E o amor que sentia por Daniel despertou de uma forma intensa, dolorida como levar um tiro
no coração. entendeu então que andava fugindo do certo, que mesclava um sentimento já construído, colocando outro na história, como se pudesse apagar o que já havia sido e escrito.
Voltou para casa a pé, deixando o carro no estacionamento da loja, precisava de ar puro. Foi andando pelas alamedas arborizadas, a rua agora lhe parecia muito iluminada. seus olhos vermelhos de tanto chorar alcançava o lugar mais alto de sua história. A luz do verdadeiro amor.
Amanheceu, outro dia já estava pronto para ser decifrado e conquistado, Anita acordou bem disposta como ha muito não acontecia.
Já havia tomado uma decisão, não poderia esperar mais nem um segundo para por em prática o que resolvera naquela noite.
Ligou para Antonio, pedindo que fosse tomar café com ela.
E com grande tristeza por ele, ela terminou o namoro.
Depois de contar para a mãe a decisão que tomara. Pediu para que ela tomasse conta da loja, colocando-a a par de todas as tarefas mais urgentes. pegou o carro no estacionamento e seguiu para
São Roque, na casa de Daniel.
Foram quase três horas de estrada, numa velocidade constante, naquela hora a rodovia estava quase vazia, permitindo que fosse o mais depressa possível.
Chegou no portão, estava fechado. Já podia ver ao longe o carro de Daniel estacionado em frente a casa.
Por pura sorte, o portão de entrada de pedestre estava só encostado. ela resolveu entrar. Não havia ninguém por perto. O caseiro devia estar trabalhando em algum outro lugar, distante da entrada.
Ao se aproximar da casa, o coração em disparada. ela notou uma pequena avezinha pulando num galho de árvore. Parecia tão feliz, que a fez parar  um instante para observar.
A avezinha pulava e cantava, parecia um concerto de amor. algo tão maravilhosamente belo, que a deixou muito mais emocionada. Até que, num doce momento, uma outra avezinha, que lhe pareceu ser a fêmea, veio ao encontro do dançarino. Este lhe cortejou até que ela permitiu o acasalamento. Depois do ato, os dois sumiram entre as árvores.
Ela se lembrou de todos os momentos em que estiveram juntos, em jubilo, Do quanto ela se sentia bem ao lado de Daniel, Nem sabia dizer como pudera pensar o contrario. Aquele era o seu lugar, Ele seria o seu parceiro. aquele com quem desejaria passar o resto de sua vida.
Ao bater na porta insistentemente, a emoção já ultrapassava todos os limites. Escutou o som dos passos, sabia que eram dele. assim que ele abriu a porta, ela pulou em seus braços.
Ele a segurou fortemente, ela podia sentir o pulsar de dois corações batendo no mesmo compasso. Os lábios ávidos pela doçura um do outro se abriram, e se entregaram ao beijo jamais esquecido.
Depois seguiram abraçados até a anti-sala. Onde sentaram sem nenhuma pressa.
Daniel lhe confessou baixinho: - Quanta saudade meu amor!
Eu preciso te dizer antes de qualquer coisa: - naquele dia em que te deixei em casa para ir até Kasane. Na verdade, sai para te comprar um presente. Quando voltei e não te encontrei, eu quase enlouqueci. fiquei pensando que você não me amava. Que havia decidido vir embora sem se despedir por estar constrangida em me contar a verdade.
Ela colocou a mão na boca de Daniel para fazê-lo parar de falar. depois encostou novamente os lábios sobre os seus. Beijou-o sofregamente até quase perder o fôlego, como um pedido de desculpas.
Depois olhou-bem dentro dos olhos dele dizendo:- Me desculpe. Eu achei que tinha me deixado, como das outras vezes, sem aviso prévio, então, decidi, por mim mesma, por fim aquele sofrimento de não saber ao certo até que ponto queria estar comigo.
- Ah! minha pequena, talvez, tenha faltado, de minha parte, um tantinho de verdade. Eu deveria ter te contado, que queria estar com você de todas as maneiras possíveis. Só que não podia  falar que ainda não tinha resolvido por completo a historia do divorcio.
Levou quase um ano para que isso acontecesse. Também tive que acertar muitas pendencias na empresa. Não podia simplesmente largar tudo sem colocar alguém de confiança para cuidar dos meus interesses
Bom, mas voltado ao assunto anterior!
Espere um pouco, ele falou:  levantado-se do sofá.
Saiu rumo ao quarto voltando em seguida com uma caixinha numa das mãos.
Isto é para você. O presente que teve que esperar!
- Ela abriu a caixinha, e dentro dela estava um anel de noivado. Ao ver a reação de surpresa estampado no rosto de Anita. ele tomou uma de suas mãos, levou-á aos lábios, levantando-se  ajoelhou ao seus pés.
Com a voz embargada por uma emoção intensa, ele  pediu-á em casamento.
Anita não respondeu de imediato, pois uma lágrima teimosa insistiu em abandonar seus olhos.
- Eu digo mil vezes, sim, ela respondeu:


Herta Fischer  ( capítulo 8)  FIM


















































sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Pai

Tua historia é minha certeza, tua
certeza, a minha vida.
Mãos calejadas por mim, rosto
sereno por nós.
Tua força, meu amparo,
tua tristeza, minha agonia.
És , foi, entre tantos,
o escolhido, para
me semear, em
terreno fértil que foi
minha mãe.
Duas almas, belas colheitas,
dois rostos, mais que amados.
Só hoje, eu compreendo,
que mesmo, em meio
a tantas rugas ou rusgas
fostes em dupla, o que
mais me amou.
Feliz dias dos pais
que é todo dia, na saudade
e ausência, na
presença que não tenho mais.
Herta Fischer

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

A humanidade

Eu piso este chão como quem pisa em formigas.. Debaixo dos meus pés estão quem eu esmago com minhas preocupações em excesso.
Não sou mais que um viajante solitário em meus pensamentos
que ora, ama,ora repulsa, Pois na humanidade que defendo sou a filosofia do acho, não do que realmente idealizo.. pois, no mundo, o bem falar é ofensa!
Herta Fischer

sábado, 4 de agosto de 2018

Eis o que sou

Ilusão de momento
O que nos falta, quem somos?
Somos a multiplicação dos pães.
um cesto, milhões de pedacinhos,
um pouco aqui, outro pouco ali, mas
somos os mesmos.
Uma porção que não se acaba, desce um, sobe dois,
assim se permanece.
Passamos, passou e mesmo assim, continua.
Antes eram meus avós, meus pais, hoje
eu, meus irmãos, amanhã meus filhos,
meus sobrinhos. E depois, sei lá! São
eles fazendo a conta, mesmo
sem se dar conta que também
serão passado,
Eu aproveito o meu momento,
o que hoje vivo, é o que tenho,
é com o que posso contar,
Me satisfaço em mim mesma, sem ouro,
nem prata, sem eira, nem beira, sou
eu, passando.
E passando, dias e dias, noites e noites,
com o que sou, sem sonhos,
nem duvidas, nem castelos, nem reis.
Apenas isso, isto que conheço de mim, nem anjo,
nem nada, ilusão de um momento.
Herta Fischer

Detrás de mim

Por detrás de mim
Os sons de musicas e cantos
que se embalaram na beleza
de ontem, não
passam
de sussurros assustados
que se assombram
diante de
um passo já
dado.
Tudo que era belo
e verdejante no jardim
dos desejos nem
em sombra se
formam, as mãos
acostumadas com sua lisura,
na flacidez jaz.
E o sorriso iluminado
em campos de paixão
se fartam hoje de desilusão...
Herta Fischer

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Sentindo amor pelos seres

Hoje eu queria falar da intolerância, que, muitas vezes, vem com a falta
de organização na mente.
Sabe, aquela falha de alguém, que a gente leva ao pé da letra, como se fossemos incapazes de errar?
Pois é! è isso mesmo! Condenamos, sem dar a menor chance de entendermos a fraqueza humana, os desejos secretos de alguém, que acreditou piamente em algo, que passou por tantos pedaços, e que despedaçada por dentro, deu o troco.
E que, depois seguiu em frente, buscando algo que ainda não teve, que, despretensiosamente, com medo da solidão, ou pela mesma fraqueza que sente, cai no mesmo erro de antes.
E nós, que nos vemos forte, que nos julgamos melhores, que condenamos sem clemencia, ficamos devedores de perdão.
Porque precisamos de defesa quanto ao que acontece com outro, porque precisamos ficar a espreita de algo que já aconteceu?
Negando ao outro a possibilidade de sentir o nosso amor, só porque não despertou nele(a) o sentimento desejado?
A terra oferece e não nega a complacência, a chuva oferece e não nega refrigério, os rios oferecem e não negam as bodas. Mesmo que toda a criação se esqueça de oferecer gratidão...
Herta Fischer

domingo, 29 de julho de 2018

A união

E estavam lá!
A cebola fincada no seio da terra, e o chuchu se regalando no ar.
A cebola um tanto enciumada e o chuchu com mania de reclamar.
O chuchu dizia: Porque me colocam tão longe de minha mãe? E a cebola: porque não cortaram o cordão umbilical?
Ambas sofredoras. Não entendiam nada!
O meu comandante é cruel!  dizia a cebola: -Muito mais cuidado dá a quem não merece!
E o chuchu, por sua vez, reclamava: - porque não regas minhas folhas? sendo que dá muito mais cuidado ao pé do que
ao coração, que sou eu?
Ao passar dos dias, ambos iam crescendo, e quando chegou a hora da colheita. Muito mais trabalho deu o chuchu.
Para a cebola, bastou as mãos, mas, para o chuchu, precisou-se de escada.
Ambos se acolheram em sacos, e ambos foram parar numa mesa.
Um completou o outro: - O chuchu sem sabor, se aproveitou do aroma da cebola, E a cebola, que sozinha não valia muita coisa: se aproveitou do chuchu para ser valorizada.
Compreenderam então, que a natureza tem seus mistérios, mas que tudo, tudo mesmo, validados são, nem tanto pelo que receberam, mas, pelo que complementaram...
Herta Fischer

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Desapercebida

Não pensei em nascer, nem
escolhi o meu nome.
Não disse: Eis minha mãe, nem, eis meu pai.
Não pude olhar para uma palheta de cores para
pintar meus olhos,
Nem a cor dos meus cabelos.
Não escolhi amar, mas isto eu aprendi
estando com os que conhecia.
Não houve tempo para escolher os
que me enamorei.
Nem me casei com aquele
que já estava em meus planos.
Não pude escolher em que casa
nasceria, nem escolhi com
que família morar.
Não formei o meu caráter por mim mesma,
nem compus a verdade.
Não conheci Deus antes de saber Dele,
nem coroei minha cabeça com meus dons.
No entanto, assim como nascem-se
os mananciais, assim me formei.
Não foi por escolha de malandragem,
nem por vaidade.
E assim como uma pessoa qualquer,
não sei quando me vou, nem
em que situação Deus me colocará.
Porque assim como não conheci o
caminho de chegada, me nego
a imaginar o caminho da partida.
E vou sem saber para onde, assim
como vivo sem saber
o por quê!
Herta Fischer

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Sobre água

Me desculpem pelo atropelo, mas, é mágico poder desfrutar de um coração romântico, no sentido de observar.
Eu observo e tiro muitos exemplos da água. Sim! pode acreditar!
A água é relacionada a vida. 70% da terra é composto por água. O nosso corpo possui de 70 a 75% de água. E o mais interessante é que a água não é um produto renovável.
Quando despejamos a água na terra, a gente logo pensa que ela foi embora, desintegrou-se, mas, na verdade, ela não desaparece no nada. ela apenas se transforma.
A planta precisa ser regada, principalmente em tempo de calor, porque a água é essencial para que ela não venha a morrer. Assim como no corpo humano, se não tiver a quantia necessária desse liquido precioso, ela seca e morre.
Os cientistas podem ter descoberto a composição do DNA, pode até, a partir de algo já existente, fazer outra coisa. Mas, nunca descobriu como fazer água, a partir do nada, mesmo que use os mesmos componentes, Porque, isto nunca foi revelado a nenhum mortal.
E como todo principio de vida vem da água, então, seria impossível inventar qualquer coisa que não tenha sido criada anteriormente.
Se a gente derruba água no chão, e usa um pano seco para absorvê-la, tem-se a sensação de que já não existe mais. No entanto, ela está lá. Basta torcer o pano, que se vê a água escorrendo. Quando colocamos o pano no varal, nem nos damos conta do que acontece para que este venha a secar. E o que não vemos é que a água volta para algum lugar. porque a água nunca morre, embora, os olhos mostrem o contrario.
Olhando sobre este prisma, podemos chegar a conclusão de que a vida é como a água. Podemos observar quando esta visível, porque ainda ocupa um lugar, quer dizer: tem um corpo visível, como a água represada dentro de um copo.
Mas, quando esta, abandona esse estado, rompendo tal barreira, o que fica é apenas o copo vazio, e temos a sensação de que se transformou em nada. No entanto, maravilhosamente, a vida em si, já transformada, segue para seu lugar de origem. lá de onde saiu, porque, assim como brota sem que percebamos, após o crescimento, se transforma em algo imperceptível ao sentidos...


Herta Fischer