Se fosse para pensar que só a mim, recorre as bençãos, seria como se a luz do sol se apagasse. Penso em Deus como se pensa numa grandeza e espetáculo contínuo, assim como toda a natureza em si O recebe e recebe d''Ele toda riqueza de bençãos.
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Lá onde aconteceu
Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...
sexta-feira, 31 de dezembro de 2021
ciclo - A roda que o tempo gira
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
O erro que se torna certo
Se todos estão errados,
sempre estiveram,então,
todos errados somos.
Que mania cega de ver
como se só agora
descobrissem que sobre olhos
longínquos tudo se fez.
Será a tecnologia que mostra
o certo das coisas, ou o certo
se tornou errado de repente?
De onde viemos, como aprendemos
a escrever e expressar,
se o passado não fosse presente?
As falhas humanas do repente vem de mentes frias,
desatentas e corroboradas pela ingratidão.
Que liberdade é essa, quando não se pode andar
pelas ruas sem ser atacado?
Que miséria de liberdade é essa, sem senzala
e sem chicote, mas cheia de violência?
Quando os pais são desqualificados e
os desqualificados, tidos como amigo?
Quando tudo se torna licito, e os maus costumes
convenientes.
Sem lei, sem vergonha e sem moral. Tudo o
que, antes, sem perfeição foi benéfico, hoje na perfeição
"mentes brilhantes" se torna o próprio caos.
Amam o diamante bruto, desprezando o fogo,
pois, acham que o fogo pode
destruir o diamante ao invés de lapidá-lo.
Hertinha Fischer
quinta-feira, 16 de dezembro de 2021
Sagrado chão
Era eu e o roçado negro,
preparado com fogo e fumaça.
Era o cavalo e o roçado vermelho,
preparado com cascos e aiveca.
Era a terra em sulco, revolvida e esmiuçada,
preparado para a semeadura.
Era o homem de coragem a rezar pela colheita,
nas cordilheiras dos sonhos, subia no pico
da fé.
Era nós, os filhos, que surgiam, a esperar
pelos sagrados grãos, confiando naquele
roçado, no cavalo e aiveca, na doce e mágica
terra, e no homem em acensão.
Hertinha Fischer
Saudade de Deus
Havia um homem sereneando pela boca, destilando mel de simples palavras. E falava assim bem de mansinho para que os surdos também ouvissem: O HOMEM TEM SAUDADES DE DEUS E NÃO SABE. Fica a remoer seus infortúnios, buscando do que já tem posse, e desprezando a porta que já se abriu, para bater, na incerteza, outras portas duvidosas.
Fado melancia
Mela, mela, melancia, mela
mela, melancia.
Mela o nariz, mela a boca,
mela a mão.
Mela o cabelo, mela os pés,
mela o chão.
Mela, mela melancia,
Mela o paladar, mela olfato,
mela coração.
Mela eu, mela o vizinho,
mela pai, mela mãe
e mela irmão.
Hertinha Fischer
sábado, 11 de dezembro de 2021
Versos e versões
Nunca mudei minha versão:
Sou a mesma versão num corpo velho,
sem mudança em seu desafio.
Segue o ritmo dos mimosos roçados
entre os campos esverdeados
no silencio do amor que trabalha
insistência e camaradagem
olhos vivos e roseados
Alma suspira na entranha da vida
cordões viventes de sangue e fé
desenvolvendo real esperança,
do cume até o sopé.
Enfileirados na engrenagem
bem juntados e atarefados
no insistente rodar e transmitir.
o que já vem entrelaçados
Esperança que é esperança, nunca
se perde no nada,
Segue junto e em conjunto
fincando os pés na estrada
Esparramando certezas, com a máxima
delicadeza, de quem confia
na fada.
A cisterna virada de encontro a boca da água
Sempre á encarar a época da chuvarada
Que chega sem avisar
em noites enluaradas.
Não me abandone a certeza
de que tudo de tudo não
se pode provar.
Ainda busco na dúvida
um motivo para esperar.
Hertinha Fischer
sexta-feira, 3 de dezembro de 2021
Virilidade
Para aqueles que só sabem esperar,
quarta-feira, 1 de dezembro de 2021
Sonhos nascem para viver
A maioria das pessoas pensam em realizar grandes sonhos, achando, que, para realizar seus sonhos, precisam desenvolver grandes projetos.
segunda-feira, 29 de novembro de 2021
A dança da lua cheia
Não fiquei a contar os passos,mas,acredito serem incontáveis.
A boca da noite engolindo a luz do dia, bocejando de prazer numa entrada triunfante,
os olhos da lua cheia de orgulho a lhe saudar com paixão.
Grilos e sapos, sentados a beira dos lagos, iluminados pela magia
da noite, cantavam suas histórias.
Árvores imponentes lançavam sombras gigante, escondendo resquícios do dia que
a lua ainda sofria.
Olhos brilhavam no escuro, atentos a qualquer movimento, coração indomado e medroso
a coaxar e saltar.
O macho a procura da fêmea, na dança que vida prospera, sem dever nem devedor.
O roupão almiscarado, dos ratões do banhado, tomando um banho de luz, entre juncos e folhas mortas, esmiuçando capins entre dentes afiados.
A coruja a espreita, não se cansa e nem se deita até o esparramar do dia.
A escuridão pertencendo a noite, amante dos seres noturnos, que se enredam por sobre a margem,
acasalamento dos acasos.
Os pirilampos, se acendem, nas lamparinas do tempo, para ver a lua, de perto, enamorando-se de luz.
O enlevo da morte e da vida, a magia que a vida tem, um trocadilho sem fim...
Hertinha Fischer
sábado, 20 de novembro de 2021
Chamando pelo amor
Poeira negra
O problema é a cidade,
Coragem de ser
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
Importância do passado
Belo mesmo foi teus olhos
Bondade e amor
O seu amor não é ele(a). Ele(a) é só o objeto que você escolheu para satisfazer uma necessidade humana. Assim, como escolhemos um par de sapato. Admira-se pela cor, pelo formato, pelo desaine e finalmente, adquire-se para que o ego esteja completamente satisfeito e assim, possa causar sensações físicas. O sentimento em relação a qualquer coisa, vai de encontro ao desejo, que, sem perceber, são alimentados dentro da gente. E ai o desejo se confunde com amor. e o objeto passa a ser o sentimento e não mais visto como simples objeto. Embora continue sendo apenas o objeto que supre a necessidade corporal e até mesmo uma necessidade espiritual, quando aspiramos por algo maior que nós mesmos, acreditando que não estamos no mesmo plano, onde tanto um objeto quanto outro objeto pode a qualquer hora deixar de ser atrativo e fatalmente direcionar o olhar para outra direção, refazendo o mesmo trajeto de antes, com as mesmas possibilidades do acerto ou erro.
Iniciante
E sozinha no meio de tudo, e tudo meio que vazio.
quinta-feira, 11 de novembro de 2021
O invisível
Nascemos para agradar Deus e não homens.
Só poderemos sentir as coisas com sentido próprio. Isto é:
A emoção com que meus olhos veem, não será a mesma, olhada por
outros olhos.
A beleza, de todas as coisas, só farão algum sentido, quando a gratidão se faz presente.
A glorificação não será útil, quando dito da boca para fora, mas, quando entra no coração e
a alegria se faz presente.
Não são as coisas que nos satisfazem, embora, as coisas se mostrem atrativas, por nos compensar
de alguma forma, mas, coisas perecem.
Quando sentimos o vento soprar, sabemos bem, que caminho toma: se norte, se sul: No entanto, isso pode mudar sem que percebamos. O invisível não pode ser tocado.
O que não pode ser tocado e o que não é visto é que tem real importância, senão, não teríamos tanta tara por paixão.
O que nos move é sentimento verso, inverso ou reverso, sem o sentimento. não podemos. sequer, existir, pois, somos a magia do sentimento de Deus, que nos fez com um simples sopro e vontade.
O mesmo acontecerá na hora da despedida: a tomada do sopro e a vontade do criador, embora, nunca tivesse vontade de nos tomarmos em morte. Nós escolhemos a morte, não individualmente, mas, a natureza humana escolheu por nós. Ainda, agora, se usássemos a consciência, sem medo, ela. nos revelaria, que, embora, tenhamos aflições só em pensar na morte. A morte entrou no mundo, pelo conhecimento dela, senão seríamos como qualquer animal irracional, Nasceríamos, viveríamos, e morreríamos sem a consciência e dor que a razão traz.
Hertinha Fischer
Verdade fiel
Repentinamente, o tempo nos mostra suas raízes mais profundas saindo pelas têmporas, sulcando a camada mais fina do maior órgão do corpo. São marcas de vida, de desassossego, de renúncias, mas, também de alegrias vividas.
terça-feira, 19 de outubro de 2021
O temido
Já tentei de tudo para driblar o tempo,
até gotas de orvalho já fabriquei nos olhos.
E o tempo, assim como o vento, me leva.
Ainda existe uma pequena margem á que
me redesenho, na insistência e resiliência
dos absurdos.
Dou marcha a ré, toda vez que chego bem perto do porto,
atracar é muito cruel.
Mas, mesmo patinando, o impulso me leva mais para perto
do limite do fim.
Penso que não quero ali chegar, mas o ali chega em mim.
E o silêncio de quem não mais precisa de nada já me acolhe
e acolhendo já não me resta tantos sonhos.
Porque o que tinha de ser plantado, já foi colhido, e o
colhido já foi degustado, e o degustado perdeu o sabor.
Tudo fica para trás, inclusive a lembrança de nós mesmos.
quinta-feira, 14 de outubro de 2021
Vidas engarrafadas
Componho meus dias com versos reversos, quase canção de exílio.
terça-feira, 29 de junho de 2021
laços de amizade
O rincão, da criancice, que traz saudade de outrora,
quando, o piso, de terra batida, tinha gosto de amora.
O meu cavalo no pasto, a relinchar de paixão,
por gosto de trabalhar, andava a riscar o chão.
O fogareiro no canto, a cantar sobre as brasas
esquentando a chaleira e a água,
a fumaça a bater suas asas.
A maçã a desejar minha boca,
suspensa ali se encontrava
de tão doce e suculenta, quase,
em minhas mãos, se jogava.
As gotas, de orvalho, que nos saudava,
de prata, pintava a relva suave,
o vento, a deslizar, suavemente,
com a alegria, fazendo conchaves.
A semente, a deslizar, dentro da terra
a terra á cobrir-lhe a nudez,
Depois de amadurecer-lhe,
começava tudo outra vez.
Eu, com meus olhinhos curiosos,
a contemplar tudo com amor,
a vida e sua vitória,
sem lamento ou temor.
Hertinha fischer
segunda-feira, 26 de abril de 2021
Presumindo
Aquele jardim que se perdeu no tempo, faz tempo!
sábado, 17 de abril de 2021
Preso na presa da fome
Só se perseguem as presas,
presa que preza a prosa.
prosa que preza a fome.
Fome que come a carne, carne que
serve a presa.
Não se persegue quem não
conduz perigo,
não conduz perigo quem
não é presa,
A força que o dente da presa não tem,
sobra nas pernas para correr,
Depois vai para a boca, para contar
suas vantagens, antes
de se tornar presa outra vez.
A presa ta presa no medo
e o perseguidor preso na fome..
Só persegue sem fome,
aquele bicho chamado
homem.
Hertinha Fischer
sábado, 10 de abril de 2021
Atravessando fases
sábado, 3 de abril de 2021
Peroração de cada um
Ainda me encontro na vaidade da vida,
sobre escombros me deito.
Gostaria de pensar diferente,
sem essa sensação que me define.
Vago na imensidão estranha e azul
de um céu que me parece sem fim,
e que de fim se alimenta.
Encontrei na escrita um modo de sobreviver,
de encarar minhas próprias futilidades.
Alcançando o que o visível não alcança.
Se me olham, não me veem, o corpo
não sou eu, O eu subsiste, o corpo definha.
O corpo nada mais é do que a vaidade dos homens,
para que o brilho, de fora, ofusque a negritude de dentro,
e não vejam o óbvio, do pecado, que cada um carrega.
Nunca seremos completos em nós mesmos, nunca
nos satisfaremos com o que possuímos, buscaremos
sempre, a perfeição aos olhos alheios.
Me encontro, neste momento, tão diferente,
é como, se, de repente, pudesse absorver a verdade
absoluta de cada existência.
Não mais como o que se encontra as ocultas, mas, explicito
nos eirados.
Escritos em cada rosto, pregados em cada sentimento, como pregos
que atravessam madeiras.
Somos, apenas isto!
Cada um em cada um, já definido e certificado,
já feito e concluído. Moldado e equipado para
viver ou morrer.
Hertinha Fischer
sexta-feira, 2 de abril de 2021
Passagem estreita
Oh, Deus meu..
Que resposta me dá quando lhe pergunto.
Silêncio povoado de silêncio.
Não se cansa de se esconder, quando me dará o prazer
de ver a tua face?
Em que parte do céu estendeu o teu trono?
Ouço a tua voz, na palavra. Entre pergaminhos conta-me tua grandeza.
E de pretensão enche minha alma esperançosa.
A pretender teu amor, a continuar presa em promessa, a almejar, pra ontem, teu
favorecimento.
Invejo aqueles que estiveram sobre teu conforto, invejo aqueles que obtiveram teu conselho.
Vivo a vagar, sem estrada para seguir. vivo a semear, sem campo para florir.
Como um servo solitário, busco pela ramagem, entre os campos ressecados pela seca, ha fontes que me parecem frescas, mas, é só miragem.
Onde estás?
Porque me deixa com tantas perguntas sem respostas?
Tira-me dessas paragens que só me causam aflições, despeja em mim a tua presença, para que me encha de alegria.
Para poder contar a todos os seus santos desígnios, escondidos nessa passagem tão estreita que me moem os ossos.
Hertinha Fischer
O infinito do mesmo
Hoje, sexta feira de um dia qualquer, de uma semana
qualquer, sobre um ano qualquer.. Números!
Números, números, números!
Um, dois, três, Tudo recomeça outra vez. Qual a novidade?
Um céu azul, mesclado de nuvens negras, numa qualquer janela á despertar
ante olhos orgulhosos.
Que mãos os alcançará?
Vozes se ouvem ao longe, ainda tenho a capacidade de ouvir, mas, não
sei de que falam.
Já experimentou o silêncio barulhento: Um pássaro a cantar, feliz, em um galho qualquer?
Um fala, outro responde!
A palavra do canto é repetitiva, amanhã estará a cantar as mesmas musicas, com a memória da mesma letra.
Deita-se, a noite, no mesmo ninho, descobre-se á esquentar os mesmos ovos, eclode-se os mesmos pintainhos. Da mesma forma dá-os de comer sem se cansar.
E no momento seguinte, já são outros a fazer as mesmas coisas.
Começo a desejar outros lugares, a ousar outros pensamentos, a inventar outros sentimentos.
Cansei de ver todos os dias passarem por mim, deixando mais dias a me espreitar, até se findar e se transformar em outro dia qualquer...
Hertinha Fischer
segunda-feira, 29 de março de 2021
Fora do ar
Estou sendo vista como rebelde, alguém que não quer mais fazer parte do processo.
Somos obrigados a fazer e obter as mesmas coisas, senão, não conseguimos viver como todo mundo.
Tudo fica vinculado a uma unica alternativa, ou dançamos conforme a musica, ou somos expulsos do baile.
Não ha mais liberdade, nem de pensamento.
Só posso falar de coisas pelas quais todos concordam. A politica de privacidade nos arremessa as favas.
Temos que nos transformar em raposas. Andar de mansinho sem que nos descubram, senão, os tiros serão certeiros.
Não estou confortável, nem um pouco, por isso, me afasto de tudo, como se não mais existisse.
Hertinha Fischer
leis e armas
O que podemos mudar, senão nós mesmos?
Sai do ventre de minha mãe, plantada á beira de uma estrada.
Tentando sobreviver, embora, as condições fossem precárias. Não
sabíamos se a primavera traria flores, ou se o inverno intenso sugasse toda a
energia e tudo acabasse num repente.
Gravo dentro de mim a maior das certezas, que de certeza nada tenho.
Não sou uma pessoa triste, nem desfocada, nem tão pouco, desmotivada,
embora pareça que sim.
Só não acomodo o pensar numa gaiola, como se as coisas que conhecemos, de repente, pudesse
vir a ser outra coisa que não é.
A convivência entre os seres deveria ser respeitosa, afinal, nos gabamos de nossa consciência.
E ainda, como meninos, precisamos de leis para nos corrigir.
Colocamos limites em nossa propriedade como se pudéssemos ser donos da terra, No entanto, não somos donos nem de nós mesmos. Mas, se acaso, não houvesse necessidade de demarcação, seríamos expulsos de nossa própria casa. O homem não tem limite próprio, por isso é tão importante os limites que a vida impõe.
As leis substituem as armas. Sem lei, armas seriam necessárias, pois, não ha só um homem capaz de se ordenar sem guia, ou se proteger sem o uso da força.
Em meus devaneios utópico, sinto que para mudar seria necessário recomeçar. Mas os interesses individuais, jamais permitiria tal mudança, pois compromete a salubridade do egoísmo.
E sendo assim, a continuidade da derrocada da humanidade, como conhecemos, está viajando a jato.
E eu, continuo a beira da estrada, plantada num matagal, sem nenhuma possibilidade de ver o bonito das flores...
Hertinha Fischer
sábado, 27 de março de 2021
Factual
Encaro-me, as vezes, de frente,
e só vejo rastros de mim
á vaguear na incerteza.
Construo e desconstruo-me, incessantemente,
para que possa ainda ser novidade.
Olho para a objetividade, e nada mais é do
que aquilo que esta constantemente de passagem.
Já estive com vontade de voar, e descobri que não tenho
asas.
Já tentei me iludir com as alegrias, mas, era
só uma criança brincalhona a brincar comigo de
esconde-esconde.
Já tentei mudar de direção, e me encontrei nos mesmos
caminhos.
Já mudei o enredo da historia, e nada saiu do mesmo.
Já acreditei em contos de fadas, e me dei conta da realidade nua e crua.
Já tentei sair de mim, e só vi sofrimento.
Já tentei domar a memória, e quem foi domada foi eu.
Já tentei voltar ao passado, e não encontrei mais nada lá.
Já tentei ver com outros olhos, me deparei com outras ilusões de
percurso.
Já tentei, inutilmente, forçar a positividade, nada muda uma situação
de negatividade.
Já tentei acreditar em milagres, E descobri que de nada adianta querer.
Então, com todas essas certezas, sigo em frente, pois, não fomos
feitos para retroceder.
Uma folha, depois que se desprende do caule, mesmo
sendo colada novamente, não passará de uma folha morta.
Hertinha Fischer
quinta-feira, 25 de março de 2021
A validade da vida
Estou aprendendo, ainda, depois de sessenta anos de passos.
Leio minha história, através dos anos, a mesma de tantas outras.
Falo muito em renuncia, porque o lema da vida é essa.
Renunciar a criancice, a inocência irracional, para encarar
a verdadeira face do raciocinar.
Até que, em algum momento, a renuncia é que nos alcança.
E vamos perdendo, cada vez mais, a capacidade de frear as emoções.
Ser criança é a proximidade com a aceitação, das coisas, como elas são.
Depois que crescemos, vamos entendendo o feio dos mal feitos dos outros,
e acabamos nos enfeitando das mesmas fitas.
Olhando mais para as deficiências do que para as eficiências.
Prefiro encarar a realidade, do que cruzar a linha da lucidez em busca de algo
que que não existe, só para satisfazer-me na mentira.
Porque a mentira nos torna fracos, impossibilitado de reconhecer a potência que a verdade
nos favorece.
Embora, muitas vezes, a verdade, pode significar dor. Mas, não agride tanto, quanto a mentira.
Se tenho, na memória, um caminho já definido e conhecido, difícil seria me perder. Mas, se, construo, dentro de mim, um caminho desejado, não visto, nem conhecido, apenas sonhado as avessas, nunca chegarei a lugar nenhum.
Já sabia, de antemão, que, de alguma forma, vivo e luto pela sobrevivência, como qualquer animal irracional, mesmo, na racionalidade, a forma é a mesma. A única diferença, é que posso escolher o melhor caminho, as melhores condições e até o melhor momento, embora, também não possa esperar que tudo se realize conforme planejei.
E em algum ponto da historia, sem que perceba, os afins encontrará com seu fim, e....tudo terá seu certificado de validade.
Hertinha Fischer
O outro lado do sonho
Desperta estou, ainda que pareça que não dormi.
Quantas águas já se beberam e quanta sede ainda haverá?
Mundo que se deseja, mundo que nada é.
Ainda bem que não nos lembramos de olhar adiante,
O adiante que é viajante, numa estrada anuviada, onde a colina
esconde o fim.
De fato, nada sabemos, só o que realmente queremos,
Um querer que nada tem, cercados de novos empenhos,
que acaba por ser o quê?
Nuvens sem água, árvores sem frutos, pernas sem pé.
O que será depois que partimos?
O que haverá por trás das cortinas que encobrem
o verdadeiro palco?
Será mesmo, essa a derradeira fonte, ou haverá
um manancial escondido entre nossos devaneios?
Os gravetos da impotência encobrem a nascente verdade.
Ocorre que, somente alguns, descobrem por meios próprios,
que a verdadeira consciência, da vida, ainda está em
construção, do outro lado da ilusão!
Hertinha Fischer
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domingo, 21 de março de 2021
O porvir
Porvir, uma palavra bem definida e, sem sentido algum,
quando se trata de viver,
Estamos focados no porvir, quando a unica coisa que nos espera é a morte.
Estamos sempre em expectativa de viver a eternidade aqui e agora, Nem pensamos em
quantos sofrimentos experimentamos no decorrer da vida passageira á qual sabemos e conhecemos.
Por isso é que devemos nos focar no invisível das promessas de Deus, A invisibilidade após a derrocada do corpo mortal que nos reveste.
O núcleo da semente é que desperta, a casca é a casa do espirito, casa esta, que morre, quando a vida desejada precisa eclodir.
Somos iguais a tantas outras espécies, que espera a eclosão da essência, escondida em Cristo, que nada mais é do que a nossa consciência.
Aquilo que aguardamos sem ver, embora, estejamos despertos para um mundo que nos matará.
Ou, pelo menos, acreditamos que assim seja. No entanto, esquecemos, da polpa, que guarda a realeza da propriedade. Aquela propriedade que nunca morrerá, embora pareça que sim.
Quando olho para as coisas que me rodeiam, vejo tudo que meus olhos podem alcançar, embora, sinta somente as ilusões que pulsam em mim.
Uma ilusão de comodidade, esquecida de que tudo pode mudar a qualquer instante, e não possa mais fazer parte, dessa maneira que ainda persiste no agora.
Só então, consigo olhar para o tempo passado, quando os que já se foram, deixaram suas marcas, que ainda, por um tempo, serão lembradas, mas, tão logo, esquecidas.
Damos tanta honra ao tempo, mas é, justamente, o tempo que nos apagará, quer seja em corpo, quer seja, em memória.
Dizer que tudo acaba no tumulo é meio que, nebuloso. Dizer que permanecemos com consciência depois da morte do corpo é meio que sem sentido.
Dormiremos, diz o Senhor: Porque dormindo não temos consciência de nada, por isso, esse termo é usado. Significando que toda memória estará apagada por algum tempo. E só Deus poderá resgatá-la em tempo determinado - Ele dá, ele tira e ele restitui.
Assim, como em gerações, a nossa marca passa de um para o outro, geneticamente, Assim, também despertaremos, na mesma patente em que fomos definidos.
Não mais como quem morre, mas como quem já passou da morte para a vida.
Embora seja difícil acreditar que precisemos morrer para viver. É isso mesmo. Despregar da casca para que a divina semente esteja pronta para se transformar em muitas.
Um só pé de feijão produz centenas. Não sem antes morrer por fora.
Então, não devemos temer a morte do corpo, porque o corpo nada é. Devemos temer a morte da semente, E isso, só Deus pode decidir!
Hertinha Fischer
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
Desconforme
Dessas trocas, me abstenho.
não quero dar nem receber.
enfraqueci sobremodo,
já nem quero perceber.
sábado, 9 de janeiro de 2021
Etimologia
sexta-feira, 8 de janeiro de 2021
Mutável entardecer
Meia noite de um dia qualquer de janeiro. Saio la fora para sondar a noite que já
se instalou á algum tempo.
Olho para o céu, a gente costuma olhar para ele, só quando a visibilidade está a todo vapor.
Ele se mostra, nesta hora, um tanto tristonho, combinando com meu sentimento.
Então, sento num canto e começo a contemplá-lo, sem preconceito. E me vem a mente um tempo
distante.
Começo a imaginar como ele era no passado, por que tudo muda a todo instante.
Lembro-me de momentos que se transformaram em fumaça, quase igual, as nuvens, que,
naquele instante, ameaçava todo azul que o compõe.
E entre um pensamento e outro, me questiono sobre o que passou.
Lembro da casinha onde nasci, do lugar que me acolheu, e que, agora,não existe mais. Quer dizer: existe, mas, não da forma que era. Tudo mudou de lugar, a paisagem se modificou, o rio secou, a mata tomou conta de alguns caminhos. E os sonhos sonhados desvaneceram-se a medida em que o tempo passava.
Então, não é o tempo que passa, mas, as coisas que se modificam com o tempo.
Tudo ao derredor envelhece e morre. Depois de alguns anos, vira fumaça e não se sabe bem para onde vai.
A casinha, que, antes, enfeitava á beira da estrada, as bananeiras enfileiradas, compondo a obra, as laranjeiras imponentes, o caminho pelo qual passávamos todos os dias, os risos, as brincadeiras, tudo
se foi, como alguém que parte para sempre.
Parece que nunca existi antes, que a minha imaginação flore e se descobre a cada instante, que a magia
que ficou para trás, não passou de contos de fadas.
Sobra apenas cacos de recordações, entre porções de terracotas amassadas na memória.
Tão sutil, que mais parece uma nuance de cores mal pigmentadas, desenhadas por mãos de uma criança.
Onde foi parar todo aquele tempo?
Quem foi que recolheu aquela lona tão protetora?
E agora, este outro tempo me escapa entre os vãos dos dedos, em outra época, com uma outra estrutura,
só aqui dentro do peito é que as coisas continuam iguais.
Transportando o esquecimento, que por certo, já está as portas, quando tudo ficar para trás, e não mais haver nenhum motivo para lembranças...
Hertinha Fischer
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Estou aqui a pensar em escrever mais um poema, assim, como qualquer trovador, que busca em seu mundo, palavras que designem um...
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Difícil imaginar plantando aqui e colhendo lá. Aonde se planta é aonde deve-se colher. Ignoro, as vezes certos conceitos de que depois q...
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Na constância desses meus dias, passos e mais passos não contados. Muitos. Sem freios em meus devaneios. Esporeio. Fui meio que trôpega, s...