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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Presumindo

 Aquele jardim que se perdeu no tempo, faz tempo!

Aquele sorriso terno e tranquilo que se apagou, sério?
Aquela estrada, que, por tempo guardou suas pegadas,
dando risada!
Aquele abraço que só ficou na imaginação, Triste!
Aquele pedaço de pão tão desejado, que pecado!
Aquela obra inacabada, que piada!
Aquela solução que esperava, que danada!
Aquela "vidinha" sem presunção, descarada!
Aquela piada sem graça, desgraçada!
Aquele sonho sem recheio, que meio!
Aquela hora bendita, que sensatez!
Aquele momento único, maluco!
Aquele beijo roubado, negado!
Aquele passeio a cavalo, novidade!
Aquele encontro fatal, saudade!
Aquele, talvez, nem me lembro, mentira!
Aquele intervalo infeliz, revolta!
Aquele dia de outrora, feliz,
Aquele bem quis, não volta!
Aquele cheguei, nem se nota.
aquele adeus nos sufoca!

sábado, 17 de abril de 2021

Preso na presa da fome


Só se perseguem as presas,

presa  que preza a prosa.

prosa que preza a fome.

Fome que come a carne, carne que

serve a presa.

Não se persegue quem não

conduz perigo,

não conduz perigo quem

não é presa,

A força que o dente da presa  não tem,

sobra nas pernas para correr,

Depois vai para a boca, para contar

suas vantagens, antes

de se tornar presa outra vez.

A presa ta presa no medo

e o perseguidor preso na fome..

Só persegue sem fome, 

aquele bicho chamado

homem.

Hertinha Fischer





sábado, 10 de abril de 2021

Atravessando fases

Estamos atravessando uma fase minguante.
A época de cheia, esvazia-se
Embora, seja crescente, a boa e velha vontade
de continuar.
A boa nova, é que, apesar dos pesares frequentes,
não nos acabamos de todo.
Nunca o sol esteve tão perto da lua, nunca a lua
esteve tão longe da terra.
Incrível como o ciclo não se rompe, a corda continua
apertada - nós, jamais serão desfeitos.
Atravessei três mares: O primeiro, misterioso.
o segundo, nebuloso. Mas, o terceiro, é como se todas
as ondas me saudassem, com suas ondas moderadas
e quentes.
A praia ainda está um tanto distante, talvez!
Só a musica do nova e se renova, continua  em sua crença.
Queria muito, encontrar o caminho que cruza oceanos, onde
as águas se misturam, são águas, mas, parece diferente.
Foram estabelecidas e criadas, na mesma forma e componente,
Estavam todas aprumadas em um só grupo, numa só demarcação.
No entanto, foram tomadas de seus lugares, separadas e submetidas
a exclusões.
Vários oceanos se formaram; Antártico, Ártico, Atlântico,Pacifico e Indico.
E até o sal foi distribuído igualmente entre todos.
E eu ainda não entendi todos os idiomas.
Não compreendi o sentido da desigualdade: das crenças, dos pensamentos, da
força, da verdade.
Éramos todos unidos, não como siameses, mas, como sobreviventes.
Foi, justamente, por não nos entendermos, que passamos a dialetos diferentes.
Então começo a surpreender minha imaginação: Foi preciso separar para
diversificar, senão, não passaríamos de pontinhos brilhantes, assim como
uma estrela qualquer a vagar no espaço.
Hertinha Fischer







sábado, 3 de abril de 2021

Peroração de cada um


Ainda me encontro na vaidade da vida,

sobre escombros me deito.

Gostaria de pensar diferente,

sem essa sensação que me define.

Vago na imensidão estranha e azul

de um céu que me parece sem fim,

e que de fim se alimenta.

Encontrei na escrita um modo de sobreviver,

de encarar minhas próprias futilidades.

Alcançando o que o visível não alcança.

Se me olham, não me veem, o corpo

não sou eu, O eu subsiste, o corpo definha.

O corpo nada mais é do que a vaidade dos homens,

para que o brilho, de fora, ofusque a negritude de dentro,

e não vejam o óbvio, do pecado, que cada um carrega.

Nunca seremos completos em nós mesmos, nunca

nos satisfaremos com o que possuímos, buscaremos

sempre, a perfeição aos olhos alheios.

Me encontro, neste momento, tão diferente,

é como, se, de repente, pudesse absorver a verdade

absoluta de cada existência. 

Não mais como o que se encontra as ocultas, mas, explicito

nos eirados.

Escritos em cada rosto, pregados em cada sentimento, como pregos

que atravessam madeiras.

Somos, apenas isto!

Cada um em cada um, já definido e certificado,

já feito e concluído. Moldado e equipado para

viver ou morrer.

Hertinha Fischer







sexta-feira, 2 de abril de 2021

Passagem estreita

 Oh, Deus meu.. 

Que resposta me dá quando lhe pergunto.

Silêncio povoado de silêncio.

Não se cansa de se esconder, quando me dará o prazer

de ver a tua face?

Em que parte do céu estendeu o teu trono?

Ouço a tua voz, na palavra. Entre pergaminhos conta-me tua grandeza.

E de pretensão enche minha alma esperançosa.

A pretender teu amor, a continuar presa em promessa, a almejar, pra ontem, teu 

favorecimento.

Invejo aqueles que estiveram sobre teu conforto, invejo aqueles que obtiveram teu conselho.

Vivo a vagar, sem estrada para seguir. vivo a semear, sem campo para florir.

Como um servo solitário, busco pela ramagem, entre os campos ressecados pela seca, ha fontes que me parecem frescas, mas, é só miragem.

Onde estás?

Porque me deixa com tantas perguntas sem respostas?

Tira-me dessas paragens que só me causam aflições, despeja em mim a tua presença, para que me encha de alegria.

Para poder contar a todos os seus santos desígnios, escondidos nessa passagem tão estreita que me moem os ossos.

Hertinha Fischer




O infinito do mesmo

 Hoje, sexta feira de um dia qualquer, de uma semana

qualquer, sobre um ano qualquer.. Números!

Números, números, números!

Um, dois, três, Tudo recomeça outra vez. Qual a novidade?

Um céu azul, mesclado de nuvens negras, numa qualquer janela á despertar

ante olhos orgulhosos.

Que mãos os alcançará?

Vozes se ouvem ao longe, ainda tenho a capacidade de ouvir, mas, não

sei de que falam.

Já experimentou o silêncio barulhento:  Um pássaro a cantar, feliz, em um galho qualquer?

Um fala, outro responde!

A palavra do canto é repetitiva, amanhã estará a cantar as mesmas musicas, com a memória da mesma letra.

Deita-se, a noite, no mesmo ninho, descobre-se á esquentar os mesmos ovos, eclode-se os mesmos pintainhos. Da mesma forma dá-os de comer sem se cansar.

E no momento seguinte, já são outros a fazer as mesmas coisas.

Começo a desejar outros lugares, a ousar outros pensamentos, a inventar outros sentimentos.

Cansei de ver todos os dias passarem por mim, deixando mais dias a me espreitar, até se findar e se transformar em outro dia qualquer...

Hertinha Fischer