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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Gélido pensar

 Entreguei-me ao acaso como quem brinca

de se dar.

Num ímpeto, emulsionei sonhos e realidade

que rapidamente se juntaram

como duas cordilheiras imponentes

que se ergueram no tempo.

E lá me ergui entre os nevoeiros

que não me abalam, em pico me desenha nas alturas

como um astro que sobrevive ao vento forte.

Empoleirei entre as pedras afiadas um dedal de esperança,

para que não houvesse abalo que me pusesse deslizando entre

geleiras.

Vinha um frio na barriga e uma fadiga ocultada,

de pedras e ar rarefeito de ilusão,

quase a circuncidar o coração.

Um branco de doer os olhos, essa mania de olhar descalço

Focar em nada, sem nenhum aparato que o protege,

só a imensidão de ladeira a desviar-se de si mesma,

descendo a ribanceira da vida que não dá trégua.

Num caso de acaso sem fim.

Hertinha




quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Balaio

 Como a inspiração chega? Assim, como quem não quer nada,

entra e preenche o coração da gente.

O sol, que entra pela janela, sinistro, as vezes,  mostrando os pós.

E aqueles pássaros que não sabem cantar, ensaiando cantos

enfadonhos. 

E a guerra que se instala aqui dentro, em confronto com

o esperado e desejado simples das coisas.

E o velho tempo, já sem dente e doente, esperando por soluções.

E os morros, crescendo para baixo, como se comessem do próprio corpo.

E o vento, já sem sentimento, vem sem hora marcada sem

noção de sua força, arrasando tudo em sua frente.

E os homens, para mostrarem que tem poder, destroem sua própria casa.

E o mar, que nunca foi consumidor, a lidar com o lixo do consumo alheio.

E ainda eu, eu á refletir, sobre aquilo que não depende de mim.

Hertinha