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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

terça-feira, 31 de maio de 2022

De que sou feita

 Quem me vê assim bem arrumada,

nem imagina que tudo vem de mão calejada,
de tanto segurar cabo de enxada.
Frutos doces no quintal, comida fria na roça,
pés sangrando nos dedos, costas em vez de carroça.
De manhã se come farinha, de tarde a gente almoça,
A noite é tranquilinha, dentro de nossa palhoça.
Palavra nem sempre é bem falado, feriado é grande enfado.
Sem ter o que fazer, parece tudo largado.
Os pais a procura do que fazer, os filhos, todo enquartado.
Assim na mais pura forma, as mãos que a tudo transforma,
Gratidão dentro do peito... e tudo seguindo a norma.
Mais construção, menos reforma.
E a vida que segue seu pleito,
no trabalho. árduo, que tudo é feito,
cada etapa segue seu jeito, cada dor se guarda no peito.
Sorrateiro chega a bonança, muito trabalho,
pouca andança.
Saco cheio de esperança,
no coração é que se faz poupança.
Hertinha Fischer.

sábado, 28 de maio de 2022

A saudade, lembrança e tempo

 Estava abraçada com o tempo, a namorar sua passagem descuidada.

Entre os jardins ensolarados e ensopados de magia. Havia uns banquinhos,dispostos na memória,

sentados estavam os que se despediram e foram embora.

Conversávamos maluquices, sorríamos com as bocas escancaradas de pura forma de alegrias.

A parte inferior dos lábios, adocicava a parte superior, destilando o sabor felicidade.

Que contos sublimes e apaixonantes se fizeram embaixo das amoreiras, na esfera de um amor

roxo, de sementes de bem querer, cujo ingazeiros invejados pela beleza de cor, criavam sementes

dentro da caixa, tão brancas e tão macias.

E tudo parecia perfeito dentro do sonho.

A lua que despertava á olhar furtivamente pelas frestas modestas das bananeiras, lançando luz maravilha sobre os cachos que pareciam tocar o chão, numa modesta onda de frenesi.

Os que se foram, voltaram de mãos dadas com a saudade, e nos incluíram nas andanças que nos dispersou.

E lá onde o inconsciente dormia, afagado pela desmemória de um dia, reavivou pela vontade do reencontro, o amor que parecia esquecido, acordou e sobreviveu.

Andamos felizes pela margem do tudo, abraços e lembranças se deram as mãos. o nunca esquecido também é vivência, no campo magnético do verdadeiro amor.

Herta Fischer



domingo, 15 de maio de 2022

O vento das palavras

 O mar começa na areia,

Peixe parecido com gente
é sereia.
Tudo que é novo é filhote,
faca serrilhada é serrote.
Se um caminho fosse dois,
seria uma paralela.
ou se honra o bigode ou a verdade
se esfarela.
Ha quem minta, acreditando, ha quem conte
a verdade, falseando.
O rio está para o peixe, o peixe para
seu anzol, o mar, para seu navio,
o navio para seu farol.
A mão do homem já é uma arma, sua
voz é sua alma, seu poder esta na calma.
Árvore morta vira lenha,
a morte não precisa de senha.
É certo que algum dia, ela venha.
Todo livro tem seu enredo, o homem
que muito sonha a noite, e de dia
se embebeda, passa a vida chupando o dedo,
e vive morrendo de medo.
O trabalho é para o estômago,
para o corpo e para o âmago.
A certeza é para o certo, o
erro para o errado, quem não
tem conhecimento, atira
para qualquer lado.
Hertinha Fischer.


Viagem da saudade

Sinto a presença do vento e tento
 pedir-lhe que enfrente o tempo.
De uma volta no presente, sem olhar para o
futuro, e volte ao passado.
Lá onde existia minha casinha,
toda enfeitada de terra batida,
escondida atrás dos bananais.
Que pudesse me levar com ele, ao encontro
de minha mãezinha, que o tempo sem 
misericórdia levou.
Se não foi para o futuro, onde ele a deixou?
Não ha rastros na estrada, não ha perfume no ar,
não á encontro em nenhum lugar. Onde
ela foi parar?
Será que criou asas, ou vive entre as criaturas do mar,
ou se transformou em anjo e no céu foi morar?
Depois que ela se foi, o lugar se entristeceu, não
tem mais sorrisos nem sabor, nem plantações de arroz.
A chuva vem só de vez em quando, numa visita sem
lama. Do ingazeiro, só toco, do chuchuzeiro só rama.
A terra antes tão dura, agora só poeira fininha, não mais
recebe a semente,  e se entristece sozinha.
Do rio que se esparramava entre os juncos e  as flores, 
agora, de pingo e pingo, só musgos em dissabores.
A trilha, a descer sobre a mata, formada por passagem
constante, só galhos enfileirados, por caírem a todo instante.
E o amor que ali havia, o cuidado e a destreza, daquela mulher
virtuosa, que tinha por nome Tereza.
O mato tomou conta da roça, do milho, só
restou sabugo, restando somente saudade, 
daquele homem que se chamava Hugo!