Já tentei de tudo para driblar o tempo,
até gotas de orvalho já fabriquei nos olhos.
E o tempo, assim como o vento, me leva.
Ainda existe uma pequena margem á que
me redesenho, na insistência e resiliência
dos absurdos.
Dou marcha a ré, toda vez que chego bem perto do porto,
atracar é muito cruel.
Mas, mesmo patinando, o impulso me leva mais para perto
do limite do fim.
Penso que não quero ali chegar, mas o ali chega em mim.
E o silêncio de quem não mais precisa de nada já me acolhe
e acolhendo já não me resta tantos sonhos.
Porque o que tinha de ser plantado, já foi colhido, e o
colhido já foi degustado, e o degustado perdeu o sabor.
Tudo fica para trás, inclusive a lembrança de nós mesmos.