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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Eu, a sombra e o suor

 Com sacolas nas mãos, sacolejo

na calçada, só molejo.
Um pé me leva, dois pés,
me põe de pé.

Entre carros e gente, eu me represento,
de vento em vento, me reinvento.
Vou de mansinho, quase que lento,
atrás do meu intento.

Gosto de me ouvir nos passos
entre o compasso que me leva
na descida, na subida,
resfolegando cansaço

Assombro as sombras do meu caminho,
assopro como asas de vento,
enquanto ainda for tempo
em tempo me refrigero.

Gosto de suor no rosto
caindo sobre as costelas
existe coisa mais bela
que passear nas ruelas
cantando rimas ensaiadas
de frases que se atrela..

Hertinha

Em busca do Vale encantado

 Nego-me três vezes nesse ensejo

que o desejo me resvala.
Que o galo cante e me levante
desta trombose de fala
Não sei se dou conta desses hoje e
amanhãs
que de intento, quase tento
inventar outro tempo.
Na mesmice do mesmíssimo,
mesmo que na crendice
insistido e assistido,
enfrento o que ainda
sou, e o que será?
Esperança quase na frente
a quilômetro de distância.
Em dezembro, talvez janeiro
esta crise há de passar.
E quando penso que passa,
passado se torna outra vez
E lá vem outro ano
com outra estupidez.
Gambiarra feito de gesso
na água é que se dissolve,
dai é que a gente resolve
essa febre amputar!

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Comemorando a escrita

 Escrevo por que escrevo,

de escrever  não tenho medo.

palavras que são remédios,

e tem muito que é placebo.

Tenho alma no coração

e luz nas pontas dos dedos.

Tem doce que nem açúcar

tem como limão, muito azedo.

Rimas, versos e poemas,

historias com muito enredo.

Escrevo com muita cautela

e, as vezes, muito me excedo.

Muitas palavras memoradas

em teclas eu sento o dedo,

As claras na consciência,

outras anuviadas feito bêbado.

Assim, curtindo a vida,

rápida feito um torpedo.

Algumas vezes com fú

ria, outras vezes, retrocedo.

Quando estou inspirada, escrevo,

e muitas vezes, fico chupando o dedo.

Hertinha Fischer


sábado, 17 de outubro de 2020

O pouco, as vezes é muito

 Tive tudo para ser infeliz e não fui

Dentro de mim sempre brotava a esperança

como flor miúda, forte e hospitaleira.

Ainda em tenra idade, sai da roça,

onde meus pais nos criaram com a mesma

esperança que sempre me impulsionou.

Entre árvores frondosas plantei meus sonhos,

em caminhos poeirentos, cingi meus lombos.

A pobreza não me incomodava, pois nunca

nos provou a fome.

Sempre havia espigas na roça, um pé de alface a beira do rio.

A terra nunca foi nossa, mas, nos deu do que podia, sem cobrar um tostão.

Se faltava faltava água na bica, ainda sobrava chão.

Promessa havia de monte, alegria a brotar na fonte e

muita inspiração.

Entre a enxada e o capim, muita disposição,

para enfeitar as fileiras com a nossa plantação.

Hertinha Fischer


Sobre os trilhos da saudade

 Saudade entra no peito

e fica incomodando.

Saudade, saudade, 

em buraquinhos, sondando.

Rostos, sorrisos, companhias,

apenas perfumes exalando.

Frascos vazios, frestas na porta,

de vida que foi minguando.

Poeiras  nas roseiras,

enquanto o tempo foi passando.

Só resta sombras e vultos

em vias que vou lembrando.

Da terracota, asfalto, de casa de madeira

á tijolo, meus pés vão desfilando,

Saudoso da aridez, agora na maciez,

choram agonizando.

A noite me traz lembranças

dentro do peito a agonia

de um coração sangrando.

Pelo que ficou para trás,

tempo que não volta mais,

sigo em frente chorando.

Uma saudade palpável

que só me faz bem lembrando.

Hertinha Fischer