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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Banzo em fresta

 Ah, as velhas amizades, parecem novinhas em folha.

Quanta doçura há em quem nos aceita, seja feita de fita ou de grampos.
Meia duzia de faz de conta, algum sorriso enlameado em graça, meio sem graça se despe.
E aquela dona que passa, de nariz mais alto que os cabelos presos na nuca, nunca se cansa de desprezo, nunca está para quem não lhe estende um tapete.
Falsidade só se vê na cara dos outros, pois á passos largos só enxerga sua sombra.
Que belos versos se compunha no anti-tempo, no anti-momento, do anti-sentimento.
As ruas por qual passamos encolheu, a amizade que tínhamos desvaneceu, como nuvem sem água, o vento levou.
E ainda resta uma fresta, por onde se olha e se vê, uma saudade de longe, quase a subsistir na memória, meio que sublime e sem cor entre as arestas do tempo, pequeno grande amor que passou.
Hertinha Fischer

sábado, 26 de setembro de 2020

Orbitando

 

Cabe a mim, deslizar pela vida

sem medo de viver.

Lançando fora todo medo e preocupação,

por que tudo se realiza como um botão de flor

desabrochando na primavera.

Hoje, descobri que tenho forma, sou visível

no real.

Sou como máquina compondo tempo,

que em seu tempo faz e desfaz.

Vai aproveitando o bom vento, plainando

nas alvoradas, satisfeita em si mesma.

Colhendo o melhor á derredor, somando franquezas.

Faço parte, assim como todas as coisas no espaço,

sem embaraço.

Consciência pura, resistência ao máximo.

Ha um universo paralelo aqui dentro,

com seus sóis, luas e asteroides.

Compondo-se em ondas lúcidas, traçando o caminho

das luzes que derramo.

Um planeta em sua órbita perfeita, rodeando

o céu por anos a fio, se alimentando de sua capacidade e

velocidade.

Aproveitando a vida nos momentos e momentaneamente

satisfeita em existir.

Hertinha Fischer





segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Autarcia

Hoje eu tirei um tempinho para reler meu passado.
Tive a sensação de que ouvi demais a ilusão,
tanto, que acabei por ferir meus tímpanos
Engraçado, como andamos precisados de coisas e
sem perceber, zombamos das bençãos que recai sobre
nós todos os dias.
O tempo passado já não deveria nos preocupar,
o que já fizemos não pode servir de motivo de tristeza.
Tive momentos desperdiçados, por querer um mundo
que fosse do meu jeito, que pudesse estar ajoelhado aos meus pés.
Achei cicatrizes onde não havia, e dores que nunca me incomodou.
Doía em meu íntimo recluso e incerto, não por causa de alguém, mas, por
causa própria.
Causa de um ego aguçado, que eu, descaradamente, inflava.
Aperceber-se foi uma tragédia total, querer parecer alguém
 que não era me levou a falência de mim.
Meus olhares flambados pelo álcool carência, 
chamando a  atenção que não devia.
Cada um trilha seu próprio caminho, mas, é com nossos pés que se anda.
Dentro do coração ha comichão, com gula e com sede, longe da satisfação.
Hoje encaro tudo como novo, Procuro não tropeçar em palavras, para não torcer os fatos.
Vejo o passado como sapato velho, macio e esquecido,
 um futuro que não posso tocar.
Tudo mudou aqui dentro, uma modificação real, Pouco sonhos e uma realidade
suave e fértil.
Nada mais me fere: nem passado, nem presente, 
nem futuro, sempre estaremos a um passo de viver ou morrer.
E referente aos acontecimentos, não posso e nem quero antecipar.

Hertinha Fischer



 





terça-feira, 8 de setembro de 2020

Amor negado

 Quando a lua conta suas histórias

de penumbras e sombras

ao ver seu sol de longe á suspirar

em seus desejos.

Quase que submerge nas águas escuras, para se levantar
e beijá-lo em ondas.
Suavemente desliza sobre um alaranjado e sutil olhar
entre árvores que se deitam sobre a luz.
Sente a vingança do amor que se distancia, destilar
sobre um véu negro a escurecer seu leito,
enquanto sonha despertar, algum dia, entre lençóis avermelhados
pela luz que o amor lhe negou.
Herta Fischer.

Posposto

 Laranjas dormindo entre folhas

amareladas de pó, ao longo das estradas 

quietas e  quentes.

Lá que olhos de ventos por elas passam

e se apressam em não ver.

Se distanciam sem apreciar o gosto

maduro de suas pupilas dilatadas

de paixão, suspense e doçura.

Morrem em solidão apodrecida de

sucos mornos, amargadas pela

ação do terrível tempo sem colheita.

O sol que por ela se derrama sem piedade,

a noite, que, por fim, da-lhe uma trégua,

sem, no entanto, lhe conceder um frescor.

Pouco tempo se lhe seguram as cordas,

até que se espalhem ao chão.

As cores amareladas as abandonam,

 até que fiquem marrom.

E o calor as consomem, de suculentas a seca

tornam-se nada outra vez.

Herta Fischer



terça-feira, 1 de setembro de 2020

Somos fonte de lucro fácil

 Todo dia é assim: Só mais um!

Gente que se levanta para trabalhar

gente que se levanta para folgar.

Só os pássaros são incansáveis em seus cantos.

mesmo diante de seus desencantos.

Não vejo a hora  de sair daqui, ir para um lugar

onde não exista essa fome de existir de

qualquer jeito.

Talvez precisemos mesmo do instinto mais

do que a inteligência da qual pouco usamos.

O instinto faz com que busquemos o necessário,

a inteligência amontoa para estragar.

Será que precisamos mesmo de tanta tecnologia?

A tecnologia não está preocupada com o bem estar comum,

ela visa status. querendo conhecer para entender ou mudar?

Mudando tudo como se pudessem resolver todos os problemas existentes,

sem perceberem que só aumentam.

Seria tão mais simples conservar o que já estava feito, mas, 

preferem fazer de qualquer jeito para durar pouco e venderem mais.

Negócio lucrativo é no que nos transformaram: doentes e neuróticos!

Hertinha Fischer