Total de visualizações de página

Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Recado da vida

O dia chegou,
assim, como quem não quer nada,
e me abraçou.
Me vesti com um belo sorriso
e lhe dei de presente.
Tanto era o amor
que nos unia.
Levantei-me, e de um salto,
me vi na vitrine da vida,
satisfeita em mim mesma.
Cabelos dançantes
enfeitavam minha alegria, enquanto
uma musica suave acariciava
meus ouvidos ávidos por som.
Só então, abri a janela,
e lá estavam todos, a rodopiar
em torno de si mesmos.
Quiz aproximar-me, mas estavam
tão preocupados com afazeres
estranhos, que de mim, não se deram
conta, Nem da minha alegria.
Fechei a janela com tristeza,
voltando para o silencio das coisas
que me rodeavam, estava tudo
arrumadinho, cada coisa em seu lugar,
Meu coração estranhou aquele silencio
que se fazia la dentro, e minha alma
se agigantou de tal forma que
quase nem cabia mais em mim.
Perguntei então ao dia:
-Que me trazes,

se me acordas para viver só?
E silenciosamente, ele se encollheu um pouco,
como que envergonhado por acordar-me
e só me oferecer ausência..
E respondeu-me: - Abra mais uma vez a janela!
E eu abri. Lá estavam sobre o mundo, todas os
sorrisos, todos os amores, enquanto o som
sublime de cantos enchiam o ar.
Então me disse com ar zombeteiro:
- Só fica só quem quer.
Tudo a seu dispor: flores, pássaros,
nuvem, céu, sol, e ainda quer mais amor?
Não é só os que falam que podem te trazer
bem, assim como não é só o que
se come que sacia a fome.
Eu estou aqui todo alvorecer te cobrindo
com o manto da vida, te dou tudo o
que precisa, todas as ferramentas
para se realizar, porém, o que me cobra é,
justamente o que ainda não posso te dar. Ou
aquilo que ainda não consegue ser.
Adianta-te, clama pela fé, cobre-te com
esperança, enquanto o dia ainda o é,
pois, ante a escuridão da noite, nada mais
se poderá fazer, a não ser, me esperar.
Herta Fischer (hertinha)

O limiar das ilusões

Só tenho o bem que ainda posso
ante a ruína de todas as formas,
que em tropeço me faz cair, sem
que asas tenha para me levantar.
Atrás da porta mora o anjo,
lá que nunca ouço, ora,para fora, com
a porta fechada, ora, para dentro,
com a porta encostada.
E os gritos dos falantes,
que não mais falam mansamente
ouvidos ainda tenho, mas não
quero ouvir.
La se foram os anos
como quem não volta mais,
só saudade da lembrança,
só lembrança de saudade.
Os rios empobreceram,
as comportas estão fechadas,
os pingos vãos que entranham
entre grades, de sufoco
pouco falam.
No insistir, mastigo esperança,
como pedaço de carne a digerir,
eis que é demora e ânsia,
nada mais que insistir.
Amanhã o abrigo se fará,
será?
ao meio dia nem sombra sobra,
a tardinha já se foi.
Onde estarei quando tudo cessar?
Correm-se entre ventos, norte
e sul a contratempo, nem se pega,
nem se larga, tudo
é questão de momento.
Largado no pó,
o passado, o presente

Só tenho o bem que ainda posso
ante a ruína de todas as formas,
que em tropeço me faz cair, sem
que asas tenha para me levantar.
Atrás da porta mora o anjo,
lá que nunca ouço, ora,para fora, com
a porta fechada, ora, para dentro,
com a porta encostada.
E os gritos dos falantes,
que não mais falam mansamente
ouvidos ainda tenho, mas não
quero ouvir.
La se foram os anos
como quem não volta mais,
só saudade da lembrança,
só lembrança de saudade.
Os rios empobreceram,
as comportas estão fechadas,
os pingos vãos que entranham
entre grades, de sufoco
pouco falam.
No insistir, mastigo esperança,
como pedaço de carne a digerir,
eis que é demora e ânsia,
nada mais que insistir.
Amanhã o abrigo se fará,
será?
ao meio dia nem sombra sobra,
a tardinha já se foi.
Onde estarei quando tudo cessar?
Correm-se entre ventos, norte
e sul a contratempo, nem se pega,
nem se larga, tudo
é questão de momento.
Largado no pó,
o passado, o presente

a coar mosquitos,
e o futuro, no infinito, a 
separar os normais
e os esquisitos.
Eu, a parte, apenas anseio,
como todos,
apenas vejo,
o que me interessa e o
que desejo...
Herta Fischer (direitos reservados)

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Minhas raízes

Hoje eu me vi como
nunca me tinha visto,
uma prega despregou-me
da sensibilidade
com que tenho crido.
E dei-me com alguém desconhecido,
que cresceu e se esqueceu
de quem foi.
Fechou-se meus olhos por longo
tempo, e a historia
foi se desvendando
em passos.
Deixei-me para trás e comigo
foi-se esvaindo sonhos.
Nas curvas da estatura, meu
chão anuviou-se, e dei
de cara com outro tempo,
um tempo até
então desconhecido,
onde não se aceita pés descalços,
nem vestidos remendados.
A velha espiga sonhada como
bonequinha, a brincadeira com
meus vaga-lumes, se perderam no pó
da estradinha velha de terra batida.
E o que levei comigo foi esquecido dentro da maleta.
No porão deste coração que bate, envelheceram-se
as fantasias, e a realidade brotou lá em cima,
como uma outra forma de crença.
Crescer é isto: abandono da gente?
Não tenho mais quem eu tinha, outros
rostos se fizeram presentes, outros
momentos pularam em minha direção
e o que foi, caiu no esquecimento.O que plantei, sequer cresceu.
Tenho saudade de tudo: da roça
viçosa la no fundão da estrada,
da brincadeira de ir e vir toda suja de terra.
Do cavalo a relinchar no pasto, a pedir
para trabalhar.
Dos irmãos que brigavam, mas que unidos,
sempre estavam.
Dos sentimentos que hoje desune, e que, antes, não existiam.
Eu mudei, creio que mudei mesmo,
e certos sentimentos não mais me nutrem,
só me trazem desassosssego.
Quero retornar, mas, não posso!
Não existe mais nada por lá.
a não ser despedida e saudade.
E aqui, onde vivo, ainda
ha muitas lembranças vivas,
que de quando em quanso, ainda insiste em machucar...

Herta ( Hertinha Fischer)



quinta-feira, 2 de novembro de 2017

O caminho de todos.

Ainda assim
pensarei quando
descer a  nuvem sobre mim
e o sol desaparecer.
E o ultimo e derradeiro sentimento
se fizer neutro.
A de ser assim
como ultima tentativa
de um frustrado
a embocar-se em seu
projeto ignorante
sem medo de feridas
sem medo de ir.
Todos a volta contristados,
a  olhar com piedade
á quem já não pode enxergar.
E já não faz diferença, nem o
amor, nem o ódio, só
o baixar-se em nível
inexistente.
A chorar segue os
que ainda podem,
a sofrer quem ainda pode
sentir, mas a quem recorrer
quando não se está mais aqui...
Herta Fischer

Regresso do cardume

Despertei e sai quase que o
silêncio á sussurrar em meu ouvido..
O sol já despontava no horizonte
á exibir um vigoroso sorriso,
entrei numa onda de nostalgia que
me tirou da praia da satisfação
e me levou
para um vale de saudade.
A saudade causa uma sensação
de alivio, as vezes, mas, pode
também fazer faltar o chão.
Não sinto dor, não creio
que isto valha a pena, apenas lembranças
boas e povoadas de histórias flutuam em
minha alma, como
pássaros prontos para se realizar
em seus ninhos.
Antes de tudo é vazio, depois vai tomando forma.
Eu sei bem que não posso voltar no tempo,
nem esperar que a saudade os tragam de volta,
nem falar de meus sentimentos, e do quanto os amava.
Assim me sinto em relação a todos que se foram.
Como uma luz veloz fizeram suas trajetórias, e
se apagaram em algum momento de sonho,
creio não ter sido em vão.
Assim como uma gaivota que alça voo, e não
se importa quando virá o cardume, espera
silenciosamente pairando no ar, até que
seu desejo se forme na sabedoria das águas.
Eu também espero pelo dia da retomada,
quando então, a alva se abrir e o utero
estiver preparado, para novamente
fazer valer o desejo da vida.
Herta Fischer






quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Sobre a vida

Se lhes corta o fio da vida, morrem e não atingem a sabedoria”. Jó 4:21.
“Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a tua semelhança”. Salmo 17:15.
“Lembra-te de que a minha vida é um sopro; os meus olhos não tornarão a ver o bem. Os olhos dos que agora me vêem não me verão mais; os teus olhos me procurarão, mas já não serei”. Jó 7:7-8.
“Pois, na morte, não há recordação de ti; no sepulcro, quem te dará louvor?” Salmo 6:5.
“Os mortos não louvam o SENHOR, nem os que descem à região do silêncio”. Salmo 115:17.
“Que proveito obterás no meu sangue, quando baixo à cova? Louvar-te-á, porventura, o pó? Declarará ele a tua verdade?” Salmo 30:9.
“A sepultura não te pode louvar, nem a morte glorificar-te; não esperam em tua fidelidade os que descem à cova. Os vivos, somente os vivos, esses te louvam como hoje eu o faço; o pai fará notória aos filhos a tua fidelidade”. Isaías 38:18-19.
“Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda”. 1 Coríntios 15:23.
“E serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos”. Lucas 14:14.
“De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia”. João 6:40.

Por Hertinha Fischer

Fim - finados

Hoje falarei e não me calarei nem
diante de mim.
Estou prestes a ser o que já fui,
apenas um punhado de pó.
Haverá sim, um lugar e dia específico,
quando por mim, ainda se levantarão
a querer fazer-me visitas.
E não mais estarei para fazer-lhes um café.
Acenderão, então, algumas velas,
que se queimarão sozinhas, enquanto
voltas para casa com a sensação
de que nada fez, mas, fingirá
satisfação  por aquilo
que deixou de fazer, quando ainda
tinha alguma consciência em relação
ao que via, sentia e ouvia.
Já não importa mais, nem o seu louvor,
nem a sua lembrança, nada mais significa
para mim.
Tão pouco aqueles momentos em que na
solidão lembra-se do meu nome, e entre
lágrimas, sente saudades.
Estive a confiar em tua presença,
e só me fustigastes com tua vaidade, agora,
no entanto, falas as paredes.
Não mais te ouço, nem te amo.
Não tenho de ti, nenhuma lembrança, nem
faço caso de teus dias, nem
me verás em teus sonhos. Fui e não volto.
me encontro em uma promessa, que
promete não mais me importar
com o que foi passageiro.
A dor se findou e para ela, não
mais houve lugar, adormeci e
me esqueci até de mim...
Herta Fischer