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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

A dança da lua cheia

 Não fiquei a contar os passos,mas,acredito serem incontáveis.

A boca da noite engolindo a luz do dia,  bocejando de prazer numa entrada triunfante,

 os olhos da lua cheia de orgulho a lhe saudar com paixão.

 Grilos e sapos, sentados a beira dos lagos, iluminados pela magia

da noite, cantavam suas histórias.

Árvores imponentes lançavam sombras gigante, escondendo resquícios do dia que

a lua ainda sofria.

Olhos brilhavam no escuro, atentos a qualquer movimento, coração indomado e medroso

a coaxar e saltar.

O macho a procura da fêmea, na dança que vida  prospera, sem dever nem devedor.

O roupão almiscarado, dos ratões do banhado, tomando um banho de luz, entre juncos e folhas mortas, esmiuçando capins entre dentes afiados.

A coruja a espreita, não se cansa e nem se deita até o esparramar do dia.

A escuridão pertencendo a noite, amante dos seres noturnos, que se enredam por sobre a margem,

 acasalamento dos acasos.

Os pirilampos, se acendem, nas lamparinas do tempo, para ver a lua, de perto, enamorando-se de luz.

O enlevo da morte e da vida, a magia que a vida tem, um trocadilho sem fim...

Hertinha Fischer













sábado, 20 de novembro de 2021

Chamando pelo amor

 

Toc toc toc.. Abra a porta, por favor, quero encontrar-te amor.
Preciso, desesperadamente, entrar, para me sossegar.
Andei sobre nuvens, falei com as estrelas, espiei os aguaceiros e não te encontrei.
Ouvi falar que estava aqui ou acolá, e nas minhas andanças, só me decepcionei. Procurei-te no mar, no ar, na terra e muitas vezes, no abismo, mas, também não estava lá.
Havia seu cheiro no ar, até te procurei nos jardins, entre as flores mais perfumadas e belas e... nada!
Frequentei baladas, praças, eventos, na esperança de sentir sua presença, mas, foi em vão.
Não estava na musica, nem na dança, nem na bebida forte. Nem nos sorrisos, nem na barulheira, não te encontrei em nenhuma sensação.
Busquei-te entre pedras e espinheiros, no sertão, na cidade, até mesmo na felicidade e só encontrei desejo de te ver.
Tentei nas madrugadas, entre orvalhos e brisa, vento forte e desgosto, ainda era só duvida e esperança.
Fui ainda mais além: cisquei palavras, entrei no mundo dos livros, te cacei nos romances, e só encontrei pegadas.
Disseram-me que estava em casa. Então, construí uma para morar. Arrumei um companheiro e te busquei na cama, na mesa, no vale do prazer, no aconchego do corpo, na promessa, no carinho trocado e nada..Por onde anda você?
Parece um fantasminha esperto, vive na boca, na esperança, no ensino, nas palavras e só nos mostra uma metade.
Foi, então, que encontrei uma porta, escondida, entre as nevoas da solidão. Lá pras bandas da certeza de ter que renascer, batendo na porta mais uma vez...
Hertinha Fischer.

Poeira negra

 O problema é a cidade,

o asfalto nada oferece,
nada nasce, nada... só os
carros se fiam entre os fios
e poeira negra.
Quanto mais cresce a cidade, mais suja
se mostra, mais pulmão se busca.
Nem a invernada onde o gado pisoteia, se torna
mais nocivo que a cidade.
Se constrói de tudo, menos esperança verde;
Argamassa e concreto se dão as mãos, mas não se come tijolos.
Gente que anda de lá para cá, gira gira e não sai do lugar, olhos vazios de beleza, mente vazia de lições.
Frutos disputados, nas beiradas que só comem pó de petróleo, gente a procura de restos, dos restos que ninguém mais quer.
Barulho de motos e carros, de gente barulhenta e ranzinza, de credos que não se pleiteia.
Minha roça era mais viçosa, nela se via de tudo, menos fome de alegria. Colhia do melhor fruto, nada faltava por lá. Hoje até la se passa fome, porque o homem trocou o prazer de plantar pelo prazer de só comer.
Hertinha Fischer

Coragem de ser



Quem tivesse a coragem de ir sem temer
ao encontro doutro tempo.
Quem, realmente, tivesse a coragem de ser mar ao
invés de lugar,
de ser tempo ao invés de limitar
Quem amasse de tal maneira que não precisasse
ser pedinte, antes de falar, ser ouvinte.
Ser mais do que pede, ar limpo que se aspira.
Quem tivesse um coração de carne em lugar, de apenas, algo
que bate, compreensão-dignidade de estação.
Quem pudesse ser pingos de orvalho ao amanhecer, escancarando
o amor de Deus em si.
Quem pudesse, a tal ponto, frutificar sem mendigar flores alheias ,
sendo e realizando, em seus favos, o mel.
Mas, quem?
Mas, quando?
Hertinha Fischer


sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Importância do passado

 Belo mesmo foi teus olhos

colorindo minha íris.
Pouco importa se foi só por um segundo,
num segundo ganhei o mundo.
Feliz é o sonhador, que guarda
seus sonhos, com amor, mesmo
que já esteja acordado.
Nunca despreze um passado.
Seja escada do tempo, lembrancinhas
nos degraus.
Nunca senti ciumes do que não tive, também
nunca me esqueci do que foi meu, mesmo daquele que
o tempo apagou, que também me esqueceu.
Não se faz corrente sem elo, sem milho não ha farelo,
sem lembranças também não ha tempo, que seria do verde
se não existisse amarelo.
Hertinha Fischer.

Bondade e amor

 O seu amor não é ele(a). Ele(a) é só o objeto que você escolheu para satisfazer uma necessidade humana. Assim, como escolhemos um par de sapato. Admira-se pela cor, pelo formato, pelo desaine e finalmente, adquire-se para que o ego esteja completamente satisfeito e assim, possa causar sensações físicas. O sentimento em relação a qualquer coisa, vai de encontro ao desejo, que, sem perceber, são alimentados dentro da gente. E ai o desejo se confunde com amor. e o objeto passa a ser o sentimento e não mais visto como simples objeto. Embora continue sendo apenas o objeto que supre a necessidade corporal e até mesmo uma necessidade espiritual, quando aspiramos por algo maior que nós mesmos, acreditando que não estamos no mesmo plano, onde tanto um objeto quanto outro objeto pode a qualquer hora deixar de ser atrativo e fatalmente direcionar o olhar para outra direção, refazendo o mesmo trajeto de antes, com as mesmas possibilidades do acerto ou erro.

Se alguém começa a sentir necessidade de jogar bola, por exemplo: a atenção do corpo e da mente segue essa direção, e o "amor" pelo
objeto bola, passa a ser alimentado por sensações boas, que o levam a achar que não vive bem se não esta no campo. Qualquer coisa que nos traga satisfação física pode ser considerado amor, se vermos o amor como objeto de prazer. No entanto, o amor não é objeto, o amor é a dedicação, que, por causa da necessidade de um objeto, se torna sentimento bom em relação ao que nos faz bem. Amor é bondade, por isso é certo falar que esta relacionado mais com o que se faz do que com o que se sente... ( Se o sentimento em relação ao objeto não for de paciência nem de bondade, pode ser tudo, menos amor,por isso vem junto com as obras, isto é: com ações)
Hertinha Fischer.


Iniciante

 E sozinha no meio de tudo, e tudo meio que vazio.

Cebolas e terra entre milharais, mangas maduras entre quintais.
Inspiração vem de canções alheias, mais que ouvido de letras.
A solidão é solicitude de poesia, prosa entre órgãos, conversa
entre rins e figados.
Um despreparo para uma fuga, uma fuga a se desenvolver, ludibriada pelo tempo escasso.
A ruína faz bem aos olhos, quando dentro dela já não se vê mais ninguém, mesmo sabendo que o ninguém já foi alguém.
A lua balança no espaço, a prata carrega nos braços, e no peito,
da rima é só cansaço.
A plantinha viçosa na praça, outra espremida na guia, o cão latindo lá dentro e o gato no telhado mia. É assim, como não quer nada, o poeta se inicia...
Hertinha Fischer

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

O invisível

 Nascemos para agradar Deus e não homens.

Só poderemos sentir as coisas com sentido próprio. Isto é:

A emoção com que meus olhos veem, não será a mesma, olhada por

outros olhos.

A beleza, de todas as coisas, só farão algum sentido, quando a gratidão se faz presente.

A glorificação não será útil, quando dito da boca para fora, mas, quando entra no coração e

a alegria se faz presente.

Não são as coisas que nos satisfazem, embora, as coisas se mostrem atrativas, por nos compensar

de alguma forma, mas, coisas perecem.

Quando sentimos o vento soprar, sabemos bem, que caminho toma: se norte, se sul: No entanto, isso pode mudar sem que percebamos. O invisível não pode ser tocado.

O que não pode ser tocado e o que não é visto é que tem real importância, senão, não teríamos tanta tara por paixão.

O que nos move é sentimento verso, inverso ou reverso, sem o sentimento. não podemos. sequer, existir,  pois, somos a magia do sentimento de Deus, que nos fez com um simples sopro e vontade.

O mesmo acontecerá na hora da despedida: a tomada do sopro e a vontade do criador, embora, nunca tivesse vontade de nos tomarmos em morte. Nós escolhemos a morte, não individualmente, mas, a natureza humana escolheu por nós. Ainda, agora, se usássemos a consciência, sem medo, ela. nos revelaria, que, embora, tenhamos aflições só em pensar na morte. A morte entrou no mundo, pelo conhecimento dela, senão seríamos como qualquer animal irracional, Nasceríamos, viveríamos, e morreríamos sem a consciência e dor que a razão traz.

Hertinha Fischer





Verdade fiel

 Repentinamente, o tempo nos mostra suas raízes mais profundas saindo pelas têmporas, sulcando a camada mais fina do maior órgão do corpo. São marcas de vida, de desassossego, de renúncias, mas, também de alegrias vividas.

Ao lado do barracão de saudade, renasce uma esperança gigantesca, fincada na terra prometida, a flor destila o mel.
A terra gira, virando a mesa, e vai nos distanciando, aos poucos, enquanto, em outro tempo, cria outros lugares aproximados para outros sentarem.
A sensação de vazio paira no ar, boceja soberbamente sua boca inerte, no entanto, não se sustenta. A razão, tão inibida, repentinamente se adverte, e destro transpõe seu caminho.
É quando a mentira chega e quer derrubar a verdade. É quando a morte, perturba, querendo vencer a vida. Mas, a vida é vida, portanto, não se deixa intimidar, enganando a morte só por um momento, embaçando a realidade com fumaças ilusionistas, para depois, novamente, reaver o seu lugar.
Um pântano pode esconder tantos perigos, mas, nunca corrompe toda a terra. Sempre haverá esperança a submergir em suas margens. O engano destrói a visão dos olhos carnais, mas, as lentes do bem, corrige os olhos da alma. A mentira, pode correr a solta, porém, os laços da verdade, por certo, a pegara´.
Hertinha Fischer.