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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Memorias de fotografia


Ela, a pedra. Eu, o silêncio com ela.
Memórias de fotografia, ilusão de estar.
Ontem que vivi, hoje que esqueci.
Somando tudo, matemática da vida.
Tirando tudo, luz apagada.
Um dia! Certo dia! Aquele dia! Que dia?
Hertinha Fischer.


terça-feira, 26 de setembro de 2023

Luau de lembranças

 Salvando memórias, quase que nada resta.

Sombra de algum momento que marcou.

Um cantinho de saudade em penumbra

O galo que cantava de madrugada, em noite

enluarada.

A coruja a chirriar nas fendas abertas

O cavalo a trotear nas mansas valas

O caminho a se abrir sobre o milharal

A sombra da jabuticabeira

O pequeno regato a cortar caminhos.

A casinha acendendo dias

Os dias coletando as horas

A chama vermelha do fogão

A fumaça a contar estrelas

A panela a perfumar o ar

A cama chamando sonhos

O dia declamando aurora

O taquaral a guardar segredos

Os grilos a cantar seus versos.

Os versos e seus inversos

O corpo buscando lenhas

A alma a divulgar as chamas

A água e suas biqueiras

As lamas traiçoeiras

Aroeiras a chorar veneno

Roseiras e suas penas

Seu Hugo coração aberto,

Tereza e seus afetos.

Amigos a brotar na estrada

céu azul a enfeitar o teto

Hertinha Fischer





segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Qualidade da ânsia

O sol sempre volta de suas voltas.
Cobre-se aqui, descobre ali.
Assim como o jovem espera por um amor
que em verão se vê, nem sempre se crê
Tortuosas mesmices
Tudo a esmo,
melodrama e fanatismo
parábolas e sofismo.
O romântico azedume,
flores sem perfume.
A vagar como Maomé
sobre a arca de Noé
Finge que é, enquanto há fé.
Queria poder exemplificar
nas derrotas desse militar
que de guerras já se fartou
e ainda tem que lutar.
Ressurgiu o feio
que o bonito matou
A lua ficou mais fraca e o sol 
se exaltou
Romantismo descontruído,
mais fome do que amor.

Hertinha Fischer




domingo, 24 de setembro de 2023

Poesia mapa vento

 Se não houvesse tempo, na  certa, seria vento á

sondar rios e pedras, bolinar folhas e pensamento.

  Escrever nas linhas do equador, suavizar

 outro lagar, com lápis furta cor.

 Surfar os horizontes nas ondas vias, 

beijando areia em beira mar.

nas encostas descansar

Nos confins dos querubins e terras dos Serafins,

paraíso dos lagostins.

Conhecer o norte das coisas bobas,

o sul das genuínas alegrias,

o sudeste do pacífico

o noroeste das águas frias

Hertinha Fischer














sábado, 23 de setembro de 2023

A magica das letras

 O livro que a capa dura

Letras, alegria pura.
escreve encantamentos
nas linhas que a tinta apura.
Declama que a alma chama,
Delírio que se esparrama
força na esperança
sobe, sobe, que alcança a rama
Vogal que abecedário conhece,
Se dá as mãos que até parece
histórias que se encanta
nas folhas que resplandece.
Sou mágica que se esconde
dentro da cartola do coelho.
em cartas de baralho me acho,
da rainha busco conselho.
Hertinha Fischer.

Favos e cheiro

  Primavera gosta de chuva

neblina e alegria menina
Canários, violão, sabiá,
canção e rima
Ninhos de passarinho, minhocas
a encher os biquinhos
Flores a dançar entre ventos
ventos a despertar lá no sul
Caruru de poças e roças
a verdejar seu advento azul
Menina ainda se revela,
navio que vaga sem vela
Mareia com olhos neblina
NA terra, eflúvio canela.
Hertinha Fischer.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

A coragem da vergonha

 -Queria ter nascido com asas - não de borboletas,

nem de pássaros, mas, de coração.

Assim, poderia pousar no seu e fazer meu ninho.

Ela se encolhia enquanto ele a enlameava de sentimentos. Não

sabia ao certo com quantos suspiros se exprime um amor.

Nascida da terra, sertaneja flor, acostumara-se ao brutolengo das coisas

Palavras bonitas não conhecia, muitas vezes, ficava surpresa com aquele

desenvolto mundo que ele a fazia adentrar.

Começou a fantasiar, assim como se vestia de fantasia as lembranças que nem sequer havia.

Inventora de alegria e poder, enquanto dormia, domava as orlas da sedução, porém quando chegava a hora de praticar, desaprendia.

Hertinha Fischer






sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Acabrestado

 Fim de ano é cruel, pra ele, tiro o chapéu.

Vai se embora sem ir.
Sensato, fica, mas vai.
Me dá uma leseira danada,
aflição de domador.
Nada muda, se mudar, é mesmo o ai.
Des encorujam a corujinha,
escuridão, agora é luz.
Palavras precisam de régua,
sentimento, não mais produz.
Encarceram a criatividade,
nas palavras colocam capuz
Hertinha Fischer.

La já existe

 Havia serras no luar, daquelas que gosto de escalar.

Tempo que é tempo fica e vai ao mesmo tempo.
Os torrões eram terras vaidosas, embora, também fosse
terra, ficava acima dos demais.
O charco tão solidário, lavava os pés dos lírios
até que suas flores subissem no mais alto do pódio.
Eu, deslumbrada, fazia da cama, meu céu.
Deitada, não descansava. Em pé,
sondava os caminhos das rosas.
Formiguinhas seguia o tema, se enfeitavam com ramos e
folhas.
Raízes a soltar suas bolhas
Espigas se espelhavam no chão, o paiol iluminava meu cão.
O poleiro segurava a galinha, a árvore, a noite mantinha.
Madrugada, relógio de galo, a lua, virava a pontinha
O cedo que já estava tarde, já vinha despertar a gatinha
A porta se fechava pra dentro, enquanto se abria pra fora
Meu pai, com a enxada nas costas, saia a capinar sua historia.
Hertinha Fischer..

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Casa abandonada

 Quando a saudade chamou, voltei.

Entendi que o passado é casa abandonada, cheia de fantasmas.

Tudo morreu por lá.

Mesmo puxando rostos na memória, sempre faltava o necessário,

Presença é tudo.

Risos cessaram, rios secaram ou se retiraram.

Casas desabaram, amigos se foram.

Alguns esboços sobraram, quase a sucumbir em cacos, irreconhecíveis

As estradinhas murcharam sem os pés que as regaram

Os jardins foram roubados pelo tempo, Em lugar das flores, esquecimento.

Os famosos sábias das laranjeiras, sem lugar, nem sei onde foram parar.

Meu pé de ingá, de saudade, caiu aos pés da terra, transformando-se em maternidade

de besouros.

A chuva apagou os rastros, o céu levou sentimentos.

O amor se tornou imigrante estrangeiro, migrou para outros janeiros.

Hertinha Fischer





Um olho no peixe, outro no homem

 Vencendo os dias como quem vence um dragão

apaga suas labaredas com água e sabão.

Golfinho encantado que de mar sabe muito,

atenta as falas que não abre mão

Salteia sobre as ondas cortando a garganta

nos olhos das águas lança o seu mantra.

Sopra o apito ao seu principado

atento a hora que nunca se alcança

Abre sua boca , alçapão de ladrão

peixe e sereia vira refeição.

Hertinha Fischer




terça-feira, 12 de setembro de 2023

Vencendo os acúmulos

 Vamos de alegria, assim como meu sertão que não se cansa.

Bata palmas, reze, bendiga.
Seja leal com os outros e com você mesma.
Agracie a felicidade e a convide para se instalar.
Vente, seja brisa, suavize-se
Floresça, floreie, favoreça.
Ande com suas asas e voe com seus pés de esperança
Umedeça seus lenços e ofereça as tardes quentes,
renove-se, revista-se, lave-se no manancial de águas claras.
Plante o que quiser, mas só ofereça aquilo que cresce para cima.
Cansei de contar passado, cansei de acumular saudade, cansei do que se foi. Ausência não se vive. Hoje estou pronta para frutificar no deserto, para ser capaz de vencê-lo.
Hertinha Fischer.

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Saudade poética

Tempo bom que não se esquece,
quando vira saudade, faz-se uma prece.
Papai andava a cavalo, mamãe andava a pé
capins de corpo e dança se lançavam sobre
meu pé.
Vargem ofegante, respiro de águas paradas,
cheio de observação,
arrozais ofertados, nela, se dorme, em ascensão
Tudo cresce quando se planta, reveste a roça
de pura manta, lembra a magia que a boca espera,
estômago cheio, magica lembrança
A estrada que, ali, aparece, feitas de terra que
desfalece. máquinas mortíferas e barulhentas
deita a grade que não se esquece.
Por dentro da mata ainda uiva, pequenos
trechos desconhecidos, terra batida por
passos lentos, trilhos selados e esquecidos
Ainda dorme aqui no peito, cintilante adeus a cantarolar
gravado na alma, ainda surge, um grande amor a esverdear.

Hertinha Fischer





sábado, 9 de setembro de 2023

acasos em festa


Olhar perdido. vaga-lume
Desperta, como
o mar desperta seus sonhos.
Vago seria se não houvesse prece
Fraco seria se não fosse amor
Haja e houve
Pertinentes acasos em festa,
sobre ombros estrelados,
sobretudo açucarados.
Troveja versos, raios de promessas
Cumpre mandatos nos alqueires
rega sonhos nos açudes, pega pedra
que se peneire.
Cria luzes no alçapão, acendedor de
coração.
Caminhos se abrem por sobre as veias,
em ventre, santo, não titubeia.
Haverá quem o chame de ascensão,
conheço mesmo por elevação.
Hertinha Fischer.

sábado, 2 de setembro de 2023

Risos e rezas

 O inodoro está cheio de sentimentos cheiro

A bica seca bebe água, de fora, quando a brisa chega.
Céu que é céu, levanta cedo, enchendo seu copo de cor azul,
branqueando alguns espaços para nuvens.
Bebem juntos, curaçao Blue, sentados a margem do dia.
Os corvos gostam do ar, cansam-se do desagradável. 
Lá em cima, sentem-se reis de cheiro bom.
Nem as plantas gostam do escuro, estendem seus braços até alcançar a luz. 
Se os pedras falassem, declamariam meu nome, as vezes, também sou pedra.
Coisas são coisas. sem significado.
Também me sinto coisa, quando a coisa tá em profundidade tal, que não alcanço.
A coisa não pertence a raça da criação, é derivada da descrença:
Sem forma, sem corpo, sem presença.
Anulo um eu por fora, embora, seja também, por dentro, puro desdém
Nem sei quando vou chegar se nem marquei hora para sair.
Despenquei quase que verde no maduro da vida. 
A terra me acolheu com suas mãos para amparar minha semente.
Eu, que nem tinha jeito, sem jeito, me instrui no acaso. como qualquer
ser que morre.
Quem puxou minhas mãos para crescer, assoprou gorduras para preenchê-la,
inflando-as até as unhas
O vento é sopro de agosto, as vezes, se esquece e sopra a qualquer hora.
A terra, as vezes, abafa, como forno de fogo apagado. Até o vento esquenta.
Tudo é uma questão de estar. Se não está, não é.

Hertinha Fischer













Fé, crenças e versos

 Veste-se de verde e veludo esse meu chão,

coroando-se de frutos e flores.
Faz seus ninhos, no alto e canta,
alegria em seus amores.
Onde houver revelação, por meio de fé e precisão
Deus ressurgirá a tocar
Flauta em seu coração
Amigo há que almeja,
pra todos, grande afeição
Que a vida brote em seu seio
o lírio da salvação
Ditado que conta-se em versos
vozes que clamam no deserto
se alegrem que já é a hora
de encontrar o céu aberto
Diluvio de realizações
suave brisa nos rincões
paz em seus furacões
laranjas em pés de limões
Tudo o que se faz de melhor
vem em sua direção
como balsamo abençoado
cura ferida de aflição
Teima em certeza em bondade
Vira-se mirando a sorte
Se entrega nas grandes promessas
que já se venceu a morte
Tua Pátria já bem definida
No outro lado da ponte
No trincado do chão
É cristalina a fonte
Grande a tristeza aqui
juntando mazelas e aflições
Coloque o juízo na frente
E Cristo em seus corações
.
Aurora já se vê ao longe
Tudo é manhã e fulgor
Espanta o seu espanto
Já vem logo o teu Senhor.
Hertinha Fischer.