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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

terça-feira, 7 de junho de 2022

Harmonia e inteligência da existência

 Pela manhã do dia sete, do mês doze, do ano 1960

Logo que a madre se abriu, depois de nove meses de absoluto silêncio, surge, uma vida, lambendo as beiradas do tempo.

E ouve-se gritos, na perfeição de quem já se pode ver e ouvir. Alguém cujo rostinho se ajusta perfeitamente ao corpo, roseado de jubilo e poder. Já pronto para a agonia de fazer parte e ter que enfrentar as tempéries, empurrando espaço pra cima, enterrado na superfície fantasmagórica da gravidade.

Entre paredes espremidas, cama desarrumada, olhares apaixonados e uma doce harmonia á sintetizar a elegância  da realização mais sublime do ser. Barriga satisfeita, seios fartos de bravura, desencadeando suspiros de alivio e prazer.

E a terra por debaixo de tudo, completamente segura de si, á semear culto, á receber seus méritos, quando tudo que carrega é suprido de divindade. Vitoriosa e perspicaz, dormita por sobre águas e fogo, sem se afogar e nem derreter.  Entre as matas, se faz dilúvio, sem se misturar nem escorrer para fora. Sobe, discretamente, entre os ares, para depois, igualmente, não se perder. Pensa no fruto que a ela corresponde, dentro do tempo, que a tudo responde.

Dentro do tempo, onde vivem todos, na harmônica sabedoria da natureza que não deixa escape para quem vem. Sabe, portanto, que a vida, tão necessária, um dia precisa descansar, então, arruma um jeito de clonar espécies. E derramar bençãos, fincar raízes e sobejar esperança.

Um mesmo caule, uma só lembrança do que se foi, folhas e frutos á sobressair da mesma base, numa sustentação antagônica, uma simbiose perfeita.

A maturidade do princípio que nunca esquece o caminho, a inteligência muda que não muda, guarda-se para a eternidade. Compõe o inevitável e engloba qualquer espaço de tempo.

Hertinha Fischer










sexta-feira, 3 de junho de 2022

De bençãos em bençãos

 Não te preocupes com o tempo que voa.

É bem necessário que seja assim.
Se tempo não houvesse nas tramas incertas,
por certo, nem se lembrariam de mim.
O tempo ondula ações e memórias, nos gastos novelos
de dor ou prazer,
Pra que possamos, dentro da vida,
desenvolver o que viemos pra ser.
Escreve-se rostos, e rostos se apagam,
sentimentos de amor vira saudade,
Porém o dia e o tempo se ignoram,
para mostrar-se na eternidade.
Como uma pena que o vento encanta,
sem asas vagueia como se as tivesse.
Invisivelmente, também se aceita,
la no céu a sua prece.
Ternura e misericórdia que a terra recebe,
em tempos de chuva e tempos de sol
Nesta terra de sonhos e puros desejos,
Deus, para sempre, será o farol.
Hertinha Fischer.