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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

sexta-feira, 29 de julho de 2022

Paixão silenciosa

 Escuta-me silêncio

Escuta-me devagarinho, anjos mudos

Vem em vozes

Olha-me por dentro,

vento.

Estuda-me nos pergaminhos

sonda-me entre as pedras.

Pelas frestas dos arbustos me enfrentas

Puro ego me revela

Menino descalço de dizeres

Tua nudez me preenche

Teu amor me incendeia 

Em segredo me pisoteia

Gritos de prazer e de sonhar

Noite escura vem clarear

Pisada dura, cama desarrumada, 

várias formas de te amar.

domingo, 24 de julho de 2022

Raios da noite

 Os verdes das folhas verdeiam

esverdeado de olho azul

 Plumas do brejo se desprende

e flamula, na boca do vento de

norte a sul.

Céu que revela forma e pureza,

Estrela cadente que a sorte esconde

enquanto se canta o silencio

tocado, espreita sonoro

a vontade do monge

A voz da noite se escuta no escuro

Quando  clama por seu amor

Com flechas de fogo o amor responde

Endoidecido pelo seu frescor.

Que a chuva molha seus olhos escuros,

em lágrimas pura de tanta saudade,

De pingos em pingos desalinhados

clamando as gotas por caridade.

Hertinha Fischer






sábado, 23 de julho de 2022

Entre trilhos e segredos


O trem das horas apita o dia,
atrás da aurora, o sol a brilhar.
O olhar insistente, que de ti se alimenta,
no amor reluzente, do coração do além,
Se me trago consigo, se me largo não tenho,
entre meio e quarto é o que me sustém
o reverso das dores, entre flores se fazem
e o amor que me pega, se alegra em alguém.
Hertinha Fischer.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

Miopia secular

 Hoje minha vida é como um fio encapado, isolando-me dos curtos circuítos.

Preferencia por energias embuçadas que não causam queimaduras em ninguém e nem choque em mim.
Daquelas que se dão as frestas, sem alarde, se promovem em suaves sombras, raiando como pisca-pisca, nem de pronto, nem tão lógica.
Como poste que leva linhas em longas distancias, transporta luz que não se vê. Assim também pretendo ser.
Algo tão sutil e tão necessário, embora, nem se dê conta do que vem a ser, assim mesmo, o é, até que se desligue o abajur.
Hertinha Fischer

domingo, 10 de julho de 2022

A onda da perpetuidade


O amor brotou em nós em tempo de bonança. Se derramou em flores na primavera.
Ousamos transpôr o tempo e de invernos nos reinventamos. Cada hora que se chegava á fazer visitas constantes, no rodopiar de ponteiros precisos, que de fé não se cansa.
Todo dia colocamos um galhosinho, á mais, sobre o telhado de nosso ninho que nunca envelhece.
Tudo vive na magia do sentimento, que na Divindade se alimenta, mesmo a saber que se é inconstante.
Um dia a despedida chega sem avisar, e teremos que comer, em lágrimas, na mesma mesa.
No entanto, todo o viver memorará e toda a felicidade compartilhada nos consolará.
A festa, uma hora acaba. E os pés cansados de tanto dançar, clamará por descanso. E descansando, tudo parecerá tão completo.
Até mesmo a terra que já tomou tantas sementes, formando-ás em gratificação para tantos víveres, sem lamento, um dia se cansará e precisará de consolo e descanso.
E renovada, se preparará para novas espécies e novos amores.
Não há esquecimento, nunca! O que foi, é!
Embora a água da chuva seja vista enquanto cai, depois, se vai, como quem parte para sempre, um dia volta do seio da terra, para irrigar esperança é fé.
Milhões de anos e aqui estamos, fincados em mesma raiz, em mesma forma, com os mesmos sentimentos a crescer como folhas, conscientes das mesmas promessas, contando histórias diferentes em um mesmo papel..
Hertinha Fischer.




quinta-feira, 7 de julho de 2022

Asas equipadas

Me disseram o quanto a vida era enganosa,
na soberba, plantei, urtigas, ao invés de rosa.
Me disseram tanta coisa, e das coisas me esqueci,
até me enterrar nas coisas, que eu mesma construí.
Esquecer é coisa de memória,
que larga o que não tem valor,
se agarra mais na dor do que no amor.
E de lamento em lamento, esquece o bom sentimento,
deveras esquecer o antes, para aproveitar bem o momento.
Momento seguinte é ilusão de percurso, como
água a subir ao céu.
 É como curtir os favos e derramar todo mel.
A vida vigente é esperta, mas não constitui
um laço, vai ampla e sem regimento
até que surja cansaço, Não é corda que se estica,
nem nó de passarinheiro, para alguns, passa lentamente, para
outros, passa ligeiro.
Embora, a divindade, possa ser de boa esperança, 
se não houver bons princípios, de nada vale a bonança.
O peso correto  e medida certa, só se completa em boa
balança.
Que no derradeiro dia, quando não se pode  fartar. ainda
reste coragem, para não precisar se queixar.
Hertinha Fischer. 




sábado, 2 de julho de 2022

Pelas ruas do destino

 A lembrança separa o caminho entre eu e a esperança.

De um lado, passado. Do outro, saudade, o meio soluça felicidade.
Cada curva esconde cansaço, cada passo parece um laço.
Derradeiro sentimento de causa, esporeia o cavalo de troia,
dia e noite a olhar de soslaio o que dentro parece joia.
Alongado parece a manhã, anuviado a tarde que sonda, a noite tudo é duvida, no sonho que apenas ronda.
Como espuma de oceano, que se espreme na orla e areia, a alegria em meio á tudo, de satisfação, apenas esperneia.
A sumir dentro dele mesmo é obra do tempo, que se vinga dos pobres mortais, Buscando mais dia e mais anos, quanto passa a querer sempre mais.
Não se cansa de sofrimento, nem de lágrimas, sequer de tormento, vai a luta a cobrir-se de fé, mesmo sabendo que é só momento.
Quando, enfim, la na rua distante, que de passos um dia se chega, a cidade do conhecimento desaparece, no tempo que também esquece.
Não sou muito de caçar palavra, nem conheço de domar pensamento, sorrateiro as letras aqui dançam, no baile do sentimento.
Se um dia o fim me visitar, apagar meus rastros na visibilidade, deixará seus vestígios perenes, encalacrados numa doce saudade.
Hertinha Fischer.