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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

sexta-feira, 31 de março de 2023

Flor do destino

Estava eu á soletrar caminhos, andar, andei, sem rumo

Encontros e desencantos nas veredas a sondar-me

Em conto, os cantos sonoros dos pássaros me transpassaram

Ouvi o lamento da delicada liberdade sobre asas e fios.

A vida a pulsar sem memória e em renúncia.

Sagaz força natural dos princípios

Há pra tudo um tempo e momento

No entanto, no momento o consentimento tempo.

Vividas virtudes da precisão.

Constatação?

A volta também tem ida, a ida também a tem

Complementa-se o que convém.

Narradas força que vem do céu

Entranhas nuas, nas cruas ruas

Cobre-se de placenta o que sustenta.

Nasce menino do ventre santo.

Cobre-se de mel e também de fel

Perigos havendo e também sofrendo,

Anjos o cobrem com sagrado manto.

Hertinha Fischer














segunda-feira, 20 de março de 2023

lembrança criança

Era só uma estradinha, desenhada, que se perdia na curva. 

Um ouriçar de paixão a cada passo a pôr-se em contato.

Não havia nada além daquele pedacinho de terra nivelado, entre os graciosos roçados que emergiam as beiras. Um flutuar no futuro, ainda criança em seu desvendar.

Plantado em um terreno gigante, uma pequena casinha se erguia.

Havia algo que preenchia, não só o lugar, mas, também, alguns olhares curiosos que sobejavam esperança. Entre um verão e outro, as coisas aconteciam: Um verdejar aqui, um azular ali.

Lá cresciam-se crianças.

Dias prestimosos nasciam e morriam.

Entre as folhas volumosas, o sol dançava sem parar, lançando suas cores por sobre o jardim. De quando em quando, dormia, para dar um sossego ao dia. E o céu recebia sua luz, um tanto mais distante, mas, trazia magia no olhar,

Despertava os que dependiam da escuridão, trazendo canções de grilos e coaxar dos sapos, como bonitas cantigas de ninar.

Parecia que o mundo acabava nas curvas.

As distantes paisagens só eram fitas a enfeitar um grande corpo terrestre.

A vida no pequeno circulo, se agrupavam, como células de um só componente. A casinha, o chiqueiro, o mata burro, o pasto, os jardins e as estradas. Tudo parte de um sistema - o nosso! Quando avançávamos sobre a mata, entre rios e vegetações, tudo parecia fazer parte, agrupados no mesmo amor do criar.

Os passos que iam e vinham, os sorrisos na quietude, a alma que a terra despia, o corpo que as árvores mostravam.

Sem a consciência para molestar, sem a amargura para destruir, sem muitos anos para corromper. Tudo era céu e Deus!

Um manto suave nos cobria de azul, um sopro divino nos enchia de paz. Lá onde poucos andavam, estávamos repletos de afagos. A força era a fé!

Meu lugar, meu mago. Ensinando paciência com simplicidade, nos movendo para crescer e aprender. Coisas que nem sabíamos, sabíamos! Como a semente rasgava a terra sem sofrer.

Hertinha Fischer











domingo, 19 de março de 2023

Coisas de domingo

Como a gente ruge como um leão faminto.
Lá se vão os anos, tropeçando entre rochas.
E continuamos a dizer que somos inocentes
E dizemos não querer mais, enquanto o querer aumenta
-Há... vamos mudar o mundo!
-Vamos falar disso ou daquilo!
- Amemo-nos!
Quem se ama não se larga. Se cuida!
Uma roseira suporta alguns fungos, assim como um coqueiro suporta lagartas.
Há uma função no deserto.

O que se construiu como lei, sobre lei foi definida.
Querer demais nos leva a loucura, e a loucura jamais admitirá ser ela mesma.
E por causa disso que nos conectamos com o invisível - Existente, não mostra a face. Sentido, traz conforto.
Inventamos um lugar chamado coração para guardar soluções, para reclamar decepções.
Quando o lugar adoece, as consequências aumentam, E as falhas na frequência traz batimentos fracos. enfraquecendo todos os outros órgãos importante que trabalham em sintonia. 

E o barro se agarrava a sola do pé, num abraço infernal, como sempre, havia orgia no tempo. E não seria tão doloroso, quanto se deixar levar. Afundava com arrogância, limitando o caminhar a vagarosos passos que timidamente levava a algum lugar.

O sol, já mais forte, lambia a fronte como beijo de Judas, trocando o suave frescor, por sal e suor.

Um lampejar de tristeza acolhia o olhar cansado, Lá na ponta do cume da igreja um sino acostumado a tocar, soava com um tinido de matar. Bendita hora que não demora.

A olhar a soberba subida, o barro a cuspir sua sina, ainda precisaria se livrar de tal abraço. E quanto mais pressa tinha, mais e mais seus pés iam sendo engolidos pelo azar.

A missa já ia se desenrolando, O padre a rezar o terço, trazia mensagem de fé e conforto. No entanto, nada sabia de seu esforço. Uma vespa lhe mordera o calcanhar, tentando, também se livrar do sofrimento, pelo menos não tenho a boca cheia de terra, pensou. E ficou á olhar com pena para aquele serzinho alado, que agora, com as asas enlameadas, também perdera o ferrão.

Era domingo, e domingo, como qualquer dia, também chovia. E a lama se enlameava ainda mais. Que bom se domingo amasse o sol e se o sol amasse o domingo. Dia de passear.

Mocinhas inocentes, a olhar, para os rapazes, de soslaio, tentando esconder as sandálias limpas, sobre pés sujos de lama. Um perfume barato, cheiro forte de alfazema e álcool incendiava as narinas. E a porta da igrejinha aberta, o padre salmodiando e as mocinhas atentas ao que acontecia lá fora. E lá fora homens conversavam sobre futebol, chuva e lavoura.

A volta era bem mais divertida. As portas se fechavam e as estradas se abriam. Não se podia tirar as sandálias, pés descalços não combinavam com romance. E os romances ardiam nos olhos das meninas.

Andavam tagarelas. Rapazes na frente e meninas atrás. Coração arfava de satisfação, apenas em andarem no mesmo terreno barrento. De quando em quando, quando o barro pesava, se valiam dos arbustos para se limparem. 

Riam por qualquer motivo, afinal, era domingo, e domingo é dia de tudo, inclusive do sorriso. Até que o dia sumia e a noite já se adiantava. Era hora de ir para casa. 

Um aceno de mão para o paquera, algumas balas eram jogadas em sua direção, Se misturando com o barro, mas, não tinha problema não, Afinal, Tarde tem dessas coisas. Doce é sempre bom, assim como,  tardar ao máximo a derradeira hora em que se podia brincar de namorar. Amanhã será dia de plantar.

E chegava a hora de acordar cedo. 

Hertinha Fischer





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terça-feira, 14 de março de 2023

Saudosismo passado

 Caro passado

Passas e recolhe tempo em andanças

Pretérita e renova nas novas

Derradeira e derrama esperança

Regressa sem muita pressa

Na ida promete volta

Retroage para não esquecer

Remota ao alcance

Antiga construindo lembranças

Transata criando memórias

longínqua sem parecer distante

Primitivo concede novidade

Anterior revela amor

Distante se torna saudade

Ultima fonte de felicidade.

Querido passado, seu presente é valioso e seu futuro maravilhoso.

Hertinha Fischer

segunda-feira, 13 de março de 2023

Filha perdida

 Clareando as ondas cerebrais para enxergar melhor o caminho.

Enxergar as lembranças que insistem em turbinar meus passos.

Saudade de sentir saudade.

Tinha planos de pano de fundo, azul celeste de grande amor.

Amor que semeou meus dias em fartos abraços, crescendo entre as verdejantes colinas

do teu magnifico semblante.

Uma áurea de cuidados a cobrir-te em tempo solidão, Sorriso estampado na boca do tempo.

Quanto dizeres em teus olhos, quanta bonança em teus préstimos. Apenas um dia de azar, o dia em que faltastes.

Colheste-me nas entranhas em dores, suave choro veio de dentro, entre argamassas térrea me escondestes.

Que faria eu sem tua face?

Madre pura e hospitaleira, se me abriu inteira,  de pétalas rosadas me enfeitastes, de puro azeite me embelezastes e com perfumes caros lavou-me a alma.

Depois fugistes de minha pupila, pra longe foi sem me mostrar o rumo, elevastes, tanto, que, sem aviso, alcançou o céu que tanto lhe amou, 


Hertinha Fischer


Vazio perfeito

 Estou mais para olhar as estrelas, mesmo que não as enxergue, a amar o mar, mesmo que esteja tão longe. A sentir o vento, mesmo que seja só em pensamento.

Abrir as cortinas da alma, para que a luz incendeie meus dias.
Fazer uma compota de alegria com as sobras de algumas tristezas.
Olhar o infinito, almejando me lançar no horizonte. Ouvir o lamento do céu, quando em lágrimas se derrama sobre a terra que o esqueceu.
Procurar o que escondi na aljava do tempo, me empanturrar de doces lembranças.
Sumir dentro das circunstancias e aparecer de repente como em primavera.
Preferir os botões que ainda não presenciaram suores. E os perfumes que não foram sufocados em potes.
Não era e tinha propriedade, Sou e me sinto vazia. Mas, a saber, o vazio cabe muita coisa!
Hertinha Fischer.

sábado, 11 de março de 2023

Um corpo, dois corpos

 Estou mais para olhar as estrelas, mesmo que não as enxergue, a amar o mar, mesmo que esteja tão longe. A sentir o vento, mesmo que seja só em pensamento.

Abrir as cortinas da alma, para que a luz incendeie meus dias.
Fazer uma compota de alegria com as sobras de algumas tristezas.
Olhar o infinito, almejando me lançar no horizonte. Ouvir o lamento do céu, quando em lágrimas se derrama sobre a terra que o esqueceu.
Procurar o que escondi na aljava do tempo, me empanturrar de doces lembranças.
Sumir dentro das circunstancias e aparecer de repente como em primavera.
Preferir os botões que ainda não presenciaram suores. E os perfumes que não foram sufocados em potes.
Não era e tinha propriedade, Sou e me sinto vazia. Mas, a saber, o vazio cabe muita coisa!

sábado, 4 de março de 2023

Cansaço frutífero

 Havia uma árvore que produzia muitos frutos

E outra, que crescia ao seu lado, que só produzia flores.

A árvore que produzia se sentia muito cansada. Além de ter que se esforçar

por uma boa florada, ainda tinha que se esforçar dobrado para obter os melhores frutos.

Nessa incessante jornada, ela olhava de vez em quando para o lado e o que via lhe causava uma certa estranheza - Não entendia bem o por que da diferença entre ela e a colega.

Sua colega, dormia cedo, acordava tarde e bocejava a cada botão que lhe acontecia. Parecia tudo tranquilo e aconchegante, até que suas belas flores desabrochavam e lhe enchia de encantos. Seu perfume não era tão bom, por isso, nenhum ser parecia lhe incomodar, enquanto, com ela, acontecia o contrario.

Sempre que seu útero expelia a bela florada, ficava infestada de abelhas que lhe espinhava a pele, outros seres  como a formiga e a lagarta lhe incomodavam muito, sugando um tanto de sua energia.

Ficava com calombos na pele, e suas folhas sofriam todo tipo de ataque.

Quando as flores se transformavam em frutos, o incomodo se tornava gigantesco. Pássaros lhe pesavam os galhos, e seus préstimos iam sendo devorados sem piedade. Suas mãos suavam e suas pernas pesavam toneladas, deixando-a meio molenga e curvada, parecendo muito mais velha do que realmente era. Isto lhe deixava triste.

A outra a olhava com desdém, parecendo muito mais confiante e muito mais orgulhosa, com suas majestosas e clorofiladas folhas. Até que as flores iam caindo e secando debaixo de seus pés. 

Num certo momento, enquanto pensava e analisava sua cruel condição, começou a ficar com muita raiva da natureza. Queria dar um basta em todo aquele transtorno que a desmerecia. Num dado momento resolveu não mais dar de si. Trancou as portas de seu útero e não mais criou flores e consequentemente, também não produziu mais seus frutos. 

Ficou por longos anos curtindo sua solteirice. Dormindo cedo e aproveitando ao máximo suas horas.

Até que em dado momento, percebeu que estava a morrer aos poucos. Nenhum pássaro, nem abelhas, nem qualquer outro animal que lhe trazia esperança aparecia por lá. Percebeu que muitas de suas amigas também estavam a morrer, pois, se valendo de seu exemplo, também deixaram de ser elas mesmas. Via, muitas vezes, pássaros morrendo á seus pés. E outros seres indesejados chegando e se acomodando em seu tronco. Enquanto a sua colega que só embelezava a paisagem continuava a florescer e desflorescer incessantemente.  mas, também percebeu que as flores já não eram tão belas e suas folhas já não tão viçosas como antes.

Tudo parecia opaco e sem brilho. A terra parecia fraca, nem arbustos nasciam em sua volta.

Quando já estava quase chegando ao limite, uma borboleta pousou em um de seus galhos secos, ela fez um esforço enorme para lhe perguntar: O que está acontecendo em nosso mundo? Me conta, já que tem asas e pode andar por ai e ver coisas que nós não vemos!

A borboleta abriu suas enormes asas antes de lhe responder: - O nosso mundo está  de pernas pro ar. Ninguém quer trabalhar. As abelhas não querem mais cumprir o seu papel. Elas querem que o Zangão que não tem nenhuma condição de ser abelha,   cumpra com o papel que pertence a elas. Mas. somente elas receberam esse dom. Os zangões  lançam suas secreções fecundas para todo lado, pensando que sairá mel, mas, o mel vem do cuidado das abelhas, que com muito amor, receberam a perfeita condição para construir colmeia. Essas arvores que só floreiam, são estéreis, jamais conseguirão produzir frutos. Mesmo que se esforcem ao máximo. 

Quando as árvores rebeldes resolvem não dar frutos, elas complicam todo o desenvolver do mundo. Por que são elas as responsáveis por todos os animais que vivem na floresta, como os morcegos, as lagartas, os besouros, os macacos, os humanos, etc... Há um eco sistema dependendo de você.

A árvore ficou pensativa por alguns instantes, para refletir: Que egoísmo meu, nunca parei para pensar em quanto sou importante, Fiquei a invejar a posição das outras. Mal sabia eu, que elas são o que são por que nasceram deficiente. e sem perspectiva, apenas floreiam, para que não percam sua identidade, já que não existe nenhum futuro além dos poucos anos que lhes restam... 

Hertinha Fischer