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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Invariados

Por que mudar?
Se desde os primórdios tempos.
somos todos iguais, a fazer as mesmas coisas?
O trabalho de contar o passado e desejar
o futuro é constante.
O escrever sobre um determinado assunto
é quase, que , se vendo em alguma situação
baseado em algo visto ou imaginado.
Falando da vida, novamente!
Vês outro caminho, que não seja o sustento?
De que mais posso falar,
senão das mesmas e mesmas coisas?
Qualquer linguagem que possa usar, sofisticada
ou não, será fruto  igual em muitos lugares.
Posso até me transportar até a lua, imaginando,
ou nas asas de um cometa. Mesmo lá, ainda estando
com o olhar a ver de cima,  o pensamento
e o sentir serão os mesmos.
Muda, talvez, o dialeto, a forma de entender
o que é falado, mas os nomes, as formas, as
cores não podem ser mudadas.
Não podemos mudar nada,  e mesmo que tentássemos
mudar algo para nós mesmos, amanhá já teremos esquecido,
porque as lembranças nada mais são do que réplicas.
O caminho pelo qual já passamos só é lembrado,
depois de passado por ele várias vezes.
As árvores, as flores, ganham nomes, mas, esses nomes
variam conforme a sua localidade, no entanto, são as mesmas
em qualquer lugar. Isto é: laranja é laranja, conhecida
do mesmo jeito, com sua doçura ou acidez. Pode, em outro país,
ser conhecida por outro nome, mas, continua sendo igual
em forma e paladar.
Assim somos: estrangeiros  ou não, dentro ou fora da nossa Pátria.
 Apenas humanos. Nada que difere um do outro.
No entanto, estamos sempre disputando poder uns com os outros, como
se pudéssemos ser superior.
Herta Fischer






terça-feira, 30 de outubro de 2018

Ouro de tolo

Sou como ouro escondidos nas encostas
de um precipício.
Quero sair, mas, não posso,
entre o barro
me esqueço.
Quero reluzir ao sol do
meio dia, e a penumbra me acolhe.
Em que meio pesa-me o espirito,
quando poderei me revelar?
 Se não posso ser eu mesma, nem pregar
o que já sei.
Sem que me escorem numa rede,
sobre águas emergir.
na balança me controlam e
meu peso é só medida,
 e o valor as escondidas,
 quase sempre a me roubar.
Verdadeiro ou falso, ouro
de tolo, será que assim serei.
No desejo da verdade
na verdade da mentira
só assim te faço feliz!
Herta Fischer

Vida nua

A vida está nua
a andar pela rua
olhos ávidos
a lhe desejar
Coisa pouca, coisa
boa, quanto muto
a nos proporcionar.
quase sempre, quase nunca
satisfaz o nosso olhar.
Na  muita fome e comilança
nunca ha de sustentar,
Chora agora, quase sempre,
e não cansa de esperar,
que ela vença o tempo e a hora
que esta sempre a desperdiçar
Veste a roupa, minha amada,
cospe fora o desanimar
a doença e a cura na espreita
a falar, desce a rampa e descampa
essa sede de continuar.
Herta fischer




Como surge a memória?

Estava eu, debruçada sobre um livro, quase a morrer
de emoção, com o coração batendo forte, como
se vivesse a história.
Eu sempre fui assim, intensa demais.
Meus sentimentos são instáveis como
tempo chuvoso.
Sou como as águas de janeiro, caindo em abundância,
causando transtorno em quem não gosta.
Gosto de ouvir, de me aproximar do conto, como
quem o vive.
Sou qualquer protagonista a curvar-se em emoções
sobre uma circunstância. Sobrevivo, no entanto,
carrego marcas.
Desde que me reconheci por gente, não que não tenha sempre sido assim,
mas, de quando não tive lembrança, não posso contar.
Me lembro de fatos, um tanto nebulosos de principio, mas,
também, tão reais, de quando tinha apenas quatro anos de idade.
Morávamos num casebre á beira de mata fechada, feita de barro,
dois cômodos que me pareciam tão grande.
Um riacho, dois metros de comprimento por dois de largura,
que me parecia um mar. onde minha mãe lavava as roupas sujas.
Um pé de jabuticaba, que mais parecia um monstro diante
de minha pouca estatura.
Me lembro da sombra, da areia, da água fresquinha que nela
caia através de uma bica.
Esse quadro era o livro sobre o qual me debruçava, e a vida,
a professora que me instruía sobre as coisas. E dentro dessa historia eu morava.
A grama, o cachorro, a vizinha e suas crianças, o cipo feito balanço. a gritaria e
histeria quando havia alegria.
Pela primeira vez na vida conheci lágrimas de mãe, que não foi nada divertido.
Não entendia nada direito, mas, vi minha irmãzinha mais nova, desabar sobre o chão, 
e minha irmã mais velha se debruçar sobre ela, gritando por socorro.
A vizinha veio correndo carregando-á nos braços, fazendo massagem em seu pulso quase
com desespero.
E minha mãe chorava, a rolar sobre a grama, nada fazia.
Ao vê-la chorar eu também chorava.
Aos poucos minha irmã foi abrindo os olhos, e tudo foi se acalmando, acho que, pela primeira vez, eu soube o que era sentimento.
Dali para a frente, comecei a participar de tudo.
Formou-se de todo a consciência, despertou-me os desejos, e aprendi a sofrer.
E pareceu-me começar a fazer parte do mundo. Tinha medo de chuva, de trovões, de ficar sozinha no escuro.
Comecei, então, a entender por que chorava, a sentir dor quando me machucava, até a chorar
sem sentir dor.
Tudo me parecia tão grande: as árvores que nos rodeava, a cama que me acomodava, a escuridão da noite que me atormentava, o medo de ter que viver.
Também senti os seres, o perigo quase que eminente de uma formiga ou uma serpente.
Conheci a alegria de ganhar doces em dia de festa, também a tristeza de dias não tão bons.
Dali para a frente, senti o peso nas costas, de tudo que estava por vir.
Com seis anos de idade eu queria aprender a ler, fiz de tudo para ir a escola. Era longe, e eu ia a pé, mas, não sentia canseira, só o fato de aprender por mim mesma, tudo valia a pena.
Talvez eu já pensasse no futuro, aprender a ler e escrever foi meu maior desafio. Hoje, eu posso dizer com toda certeza: foi a melhor parte de tudo.
Aqui estou, registrando tantas memórias, de um tempo não muito distante,
que me formou e me fez.
Me sinto plena, escrevendo, como se tivesse feito isso a minha vida inteira, mas, tive que esperar por mais de quarenta anos, para poder, colocar num papel, o registro do meu viver. Assim, como se fosse fácil, mas, na realidade não é!

Herta Fischer




A simplicidade do óbvio

Já nem quero riqueza,
Já não penso tanto em mim. Quero
abraçar a cortesia, quero me transformar em anjo.
O mundo precisa de mim, não para andar
por toda a terra, atrás do que me surpreende,
 dizendo que levo o que falta.
Quero estar nos lugares possíveis, e no possível
prestar socorro simples,
Sabes o caminho da chuva? Porque não chove
em todos os lugares ao mesmo tempo?
Porque só Deus sabe onde é preciso a chuva estar.
Ontem eu fiquei reparando as árvores plantadas
num bosque. E as vi bem crescidas. Perguntei a mim mesma:
 como é possível?
O homem não pode regar todas, mas,  todas precisam da água.
Foi então que vi as mãos poderosas do invisível,
dando ordem para que as águas subissem até o céu.
se ajoelhassem umas perto das outras, e não se dispersassem.
Ficaram lá tão quietinhas como se sabedoria tivessem.
Até a segunda ordem, quando já cheias, pudessem
fazer o serviço de um grande regador, E jorraram como
bençãos.
Eram tantas bençãos que escorriam pela mata, num
cantar e jubilo
que poucos ouvem.
E transbordaram-se os rios, de risos agradecidos.
Porque não fazemos o mesmo: Buscamos tão longe o
que está tão perto, damos de comer povos
distantes, deixando nosso próximo a sofrer pela fome.
Onde cabe a sabedoria, senão dentro de nós mesmos?
A quem devemos amar, senão, na proximidade de alguém?
Porque prestar cultos vazios, destituídos de grandeza?
Se não conseguirmos entender o simples, como
pensar entender coisas maravilhosas e grandes?
O que é fazer a vontade de Deus que não precisa de nós, se
antes, não olharmos com compaixão um para o outro?
O jardim sem flores é só uma porção de terra, mas, se neles semearmos flores.
pode se dizer que se transformou em jardim.
Ontem uma pessoa perguntou: qual era a minha religião?
Eu lhe respondi com toda franqueza: Minha religião é
a bondade que o Senhor me ensinou!
A, de,  que,  ha um só Deus que rege todo o universo,
que tudo dá á seu tempo. E vocês preocupados
em rotular.
Se vê melhor fora da caixa!
Herta Fischer











quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Longe da eternidade

As vezes a gente quebra uma xícara e coloca outra no lugar.
Fácil!
Nosso aparente desejo de céu
está mais ligado com a longevidade, com
o próprio desejo espiritual ligado ainda com a matéria.
Dizia o  escritor C.S Lewis em um de seus livros: "- Talvez
nunca tenhamos realmente chegado perto daquilo
que o Apóstolo Paulo descreveu como vida espiritual, ao menos sabemos,
 de maneira obscura e confusa, que estamos tentando usar fatos,
imagens e linguagem natural com um novo valor"
Como muitos semeiam a liberdade como algo que
se faz, ou melhor, como algo que se escolhe.
Assim também a vida, semelhante ao que conhecemos,  o desejo
de eternidade é aqui.
Fabricam todo tipo de cosméticos, antibióticos, anti-vírus
como se  isso pudesse nos livrar da morte.
E a morte chega de uma forma ou de outra, e a velhice
esmaga toda a possibilidade de reforma corporal.
Quase ninguém confessa que vamos morrer, essa hipótese
é deixada de lado até que aconteça. E a maioria fica
fantasiando uma forma de colocar a pessoa morta
em um lugar  em que possa vê-la,
Espiritualmente, somos uns fracassados a procura
de emprego,
E o que vemos são terras áridas por toda parte, sem nenhum
atrativo para novas plantações.
Porque plantar sem escolher bem as sementes, com
certeza, haverá muitas que nunca despertarão.
 O céu é algo inimaginável, assim como o vemos,
pintado de azul, mas, se tentarmos seguir em sua
direção, só encontraremos vácuo.
Deus é tão imenso, impossível tocá-lo
com a consciência humana, tão fraca e tão
material.
Por causa dessa fraqueza, da sensualidade tão arraigada
em nós, nunca chegaremos a conhecer a profundidade
Divina, sem que primeiro não
vejamos a nossa própria imagem no conselho
de si mesmo(a).
Queremos o céu, hoje, mas, teremos que esperar,
e essa espera será tão demorada quanto
o desejo de alcançá-la!
Se não acreditarmos que Cristo
é a razão de tudo, E Cristo como filho,
soube esperar pela sua hora, Nós haveremos
de esperar muito mais.
A hora no mundo é agora, a hora
do céu é Cristo.
Herta Fischer



galgando desejos

Desperta em mim uma ânsia
de saber.
Como cheguei, como
sairei daqui?
E quando penso em Deus,
penso que sou menos
que nada. 
O universo inteiro canta em júbilo,
e minha voz se confunde
com os demais.
Não sou eu senão um
pouco dos outros, embora,
pareça-me  aos meus próprios
olhos, tão individual.
Meus sentimentos são tão
intensos, e a dos outros, não posso
sentir.
A não ser que me tragam satisfações.
que eu não aprendi.
Foi embora ontem, e eu
não mais vi, a felicidade
se despediu
para dar lugar
a tristeza
que construí.
De repente, não mais
que de repente
eu percebi,
que o
que a gente planta
se colhe aqui,
ou leva ou deixa
na esquina de outros
vales, pois
nem sempre se pode
lembrar do que
será, quando a lei
se cumprir.
A lei que Deus edificou
no paraíso, quando
sua lei eu trai.
 A morte  saiu de sua torre
quando do céu eu cai.
Herta Fischer





Devaneio simples

Ontem eu sai a catar iças, estava uma tarde quente, 
e as nuvens desapareceram por algum tempo,  o azul
se fez nítido como nunca.
Eu apreciava a tarde como quem aprecia o que se ama,
 E a brincadeira com as formigas me levaram até a boca da noite,
Quando a lua apareceu para também brincar, 
E num espetáculo se encheu como uma bola a vaguear pelo céu.
Meus olhos encantados se esqueceram do dia, 
 feliz entrou noite afora, como companheira do silencio, 
 Quando o silencio já acomodado, deu lugar a festa dos seres noturnos
 chamando estridentemente por suas amadas, 
eu sonhei com meu amor.
Um amor de supremacia, que no encanto
do meu ser despertou com nuances
de quero mais.
Aquele amor que
na ânsia me persegue,
e não consigo sequer saber
em que profundidade vive.
O que sei dele, senão, que surfa nas ondas
dos meus desejos, embala em meus
sonhos íntimos, que são só afagos
momentâneos, que tão logo
se dispersa, como nuvem
empurradas por ventos fortes.
Desejo conhecer o Teu amor,
amor de entrega, de dar-se
sem querer retorno,
que assiste no mais longínquo
do coração,  abstendo-se
de si mesmo. A entregar-me
a redenção pelo que fiz
de errado a ponto de não
mais acreditar em ti!
Herta Fischer

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Nebulosa

Nem sei
porque escrevo,
se nem sei
escrever, apenas embaço
minhas memórias
com papel
de emoções
que sequer conheço
Vim das nuvens
vou, talvez,
para lá,
nas brumas suave
 me arremesso
de corpo e alma
e mente limpa.
Lá onde me esqueço
ou talvez me lembre
com saudade do que fui...
E o que fui, senão eu
mesma?
Não consigo definir onde
minha mente se fez,
e como cheguei a sentir e
a saber tudo que me ensinastes
no silêncio.
Herta Fischer

Tema azulado

Minhas borboletas nasceram azuis,
da cor do meu viver.
Cor de céu, de certeza
de Deus
O azul da cortina
da vida. O azul
das águas do mar.
O azul da singeleza de
cores,
O azul do meu amor
por você,
O azul que é azul
que se torna azul porque
quer,
que sai das profundezas para
se enriquecer de azul, ah!
esse azul que sou eu!
Herta Fischer



Abalo

Apenas manhãs
ensoleirando
minha porta.
que de muito, nada me importa
na pisadura dura de entrada,
a simplicidade
de quem se importa.
Entrar pela soleira,
escapar pelo dentro de tudo
sem cair no desvio do nada,
Sou, será?
Que madrugada me
desviará e me abaterá
sem que ninguém me
console.
Herta Fischer

sábado, 6 de outubro de 2018

Vivendo e descartando

As pessoas costumam pensar que durante a vida perdeu
seu tempo, porque fez isso ou aquilo
e chega, depois de algum tempo,
a conclusão de que não deveria ter feito.
Ilusão pensar em refazer
o que já foi feito.
Por exemplo: Eu recebo alguma
coisa de alguém - uma palavra mal colocada, ou
um conselho mal dado. Interpreto o que me foi dito,
e faço exatamente o que aprendi.
Depois de algum tempo, me deparo com as consequências do que fiz
e tento voltar atrás, mas, já não é mais possível.
É como cortar uma árvore, e se arrepender.
A única coisa que podemos fazer após uma decisão
errada, é tentar minimizar a consciência de nós mesmos
em relação a causa e efeito!
Seria como se tivéssemos entrado numa universidade e recebido uma má nota
em determinada matéria, Teríamos que rever todo o material estudado, e
 novamente , fazer uma analise sobre o que prendemos, no entanto,
ficará gravado, para sempre, o primeiro fracasso.
Perda de tempo? Talvez!
Mas, se olharmos pelo lado positivo, veríamos, que, na verdade, os fracassos só nos fortalecem, e nos prepara para a prova seguinte.
Na vivência diária, é fácil tropeçar, porque, na verdade, a superfície da vida, nem sempre é plana. Assim, podemos  ver o fracasso como gravidade, algo que nos impulsiona para baixo, assim que baixamos a guarda sobre ponderar.
Depois de uma prova mal sucedida, devemos fortalecer o ato do estudo. Quanto mais estudamos sobre algo, mais nos aprofundamos sobre o assunto, e muito mais chances teremos para tirar notas altas.
E assim passamos o nosso tempo. Aquilo que chamamos de vida, nada mais é do que tempo, o tempo
de cada um. E vivemos aprendendo até o último minuto, até o ultimo suspiro.
Nenhum conhecimento pode ser descartado, tudo é aproveitamento do tempo. Nada pode ser considerado inútil, nem mesmos os tropeços.
A dor, que, muitas vezes, ou, quase sempre, são considerados nocivos, na realidade, é algo
que mostra que algo não vai bem, seja no plano físico, ou psicológico. Que deve ser levado em consideração.
Seria o mesmo que levar algo á boca, no primeiro momento pode parecer doce, mas, quando chega no estômago, nos parece amargo. Ou ao comer algo estragado, e sem perceber, depois de algum tempo, começa a fazer estragos, e se não colocarmos tudo para fora, a sensação não melhora.
Viver é complexidade, mas também pode ser simples, se termos por costume, medir antes de esticar. Quer dizer: Fazer uma analise sobre o que, realmente, pode ser importante. Não desgastar-se em demasia a procura de si.
O primeiro aprendizado da minha vida e a primeira experiência que tive sobre erros, foi quando, na infância, eu, meus irmãos e vizinhos furamos uma caixa de uvas maduras, enquanto seu dono trabalhava
ensacando cebolas no paiol do meu pai, , e nos deliciamos do fruto roubado, sem que tivéssemos sequer a ideia de que isso seria crime.
A segunda experiência foi quando eu senti vontade de fumar, soltar fumaça pela boda e nariz, mas, não tinha dinheiro para comprar, e com muita técnica de roubo, tirei um maço do pacote de dez, que meu pai comprara  para fumar, e escondi no pasto do cavalo, deliberadamente, dentro de um saquinho de plástico, junto com uma caixa de fósforo para acendê-lo quando necessário, e que, quase morri de tanto tossir na primeira tragada.
Mas, que, nunca desisti de meu intento.
Não era pela adrenalina. Era simplesmente, pelo fato de estar descobrindo.
Quando criança não temos consciência de erro, a menos que nos digam o que é errado fazer e o que não é!
Após algum tempo a gente vai aprendendo sobre as leis. Vamos percebendo o conceito do certo ou errado. Embora, errado mesmo, seja o que prejudica outros. O que nos prejudica, acaba sendo lição!
Nunca devemos olhar para trás com tristeza e arrependimentos, isto não leva a nada, devemos olhar para a frente, tentando fazer o que é certo, E o que é certo?
Não é o que todos fazem, mas, o que nós vamos prendendo por nós mesmos, escolhendo sempre o lado bom. desprezando tudo que pode causar danos a outros, ou a nós mesmos!


Herta Fischer









sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Escritas do coração

Quando não me sinto bem,
escrevo cartas para mim.
Coloco um papel na escrivaninha
me dizendo: Lembra de quando era criança,
e detestava que te pegassem numa falta?
Parecia que o mundo ruía debaixo de
seus pés.
Ficava tão diminuída, mais
parecia um duendezinho
cercado pelas bruxas más.
Era vergonha, que sentia, vergonha
que os adultos não conheciam.
As copas das árvores te socorriam, ao escalar
galho por galho, ferindo braços
e mãos, as dores compunham dores,
e a altura te definia.
Não suportava que te desprezassem,
nem que duvidassem de sua bondade, embora
nem soubesse bem a diferença de uma coisa
e outra.
Aquilo de que fui feita, nem sei de que
massa era. aquilo que me ensinavam, nem sei
como eu já sabia.
Escrito estava lá dentro, leitura fazia
por fora. Uma máquina, engrenagem
perfeita, fazendo coisas, fabricando
malandragens.
Nomes, fatos, leitura de sentimentos,
crueza de palavras, feitura do barro, da madeira,
de aço, Tudo era, tudo havia e aprendia.
Ossos e mais ossos, sabia onde nascer
e se separar, e se fundir com carne, se ligar
em músculos, se aparelhar com veias, tubulado
como se já soubessem o caminho.
Havia coisas que a minha percepção contava,
casos e mais casos que até eu
mesma duvidava.
 Herta Fischer




negrume

Na mesmice de todos os dias,
caminho, Levantar todos
os dias com os sonhos nas mãos
e sem mãos para segurar
o próprio sonho, me deito.
E deitando-me, de nada
careço.
Se careço, não me lembro,
se me lembro, logo
esqueço.
Como amar os dias
se nos dias vou morrendo.
Suprindo a necessidade
de um pouco mais, sendo
que nem se sabe até quando?
Hoje, talvez, seja o último
e derradeiro acorde, que
finaliza uma canção. Serei
aquilo que fica no ar, a lembrança.
Se não tocar por algum tempo,
e ninguém mais ouvir a minha voz,
logo me torno apenas passado.
Não poderei ser o que fui,
nem o que desejei, serei
como um universo
paralelo, sonhado na sombra
de quem nada sabe, a não
ser idealizar algo maior
que nós!

Herta Fischer


Patavina

Nem é preciso insistir, me dói por dentro
asneiras e crendices.
Um toma-lá-dá-cá, trocas
de nada.
Subjugados pelo que chamamos
de amor.
Que de amor nada tem.
Que é o amor?
Senão aquilo que aprendemos e fazemos
sobre condições?
Apreço eu tenho pelo
farfalhar das folhas em tempo
de vento. Que nada pede,
nada dá, á não ser o
que é sem querer.
Se eu tivesse que escolher,
quem eu seria?
Não eu, podem apostar!
Nem eu, nem ninguém, talvez uma
pedra no meio de um jardim
ensolarado, deliciando-se
sem saber, nos musgos que
em mim se derrama, sem
nada para ocultar, sem nada
para sentir, sem nada para saber.
Eu, num tempo incerto, sem tempo
e sem destino, apenas eu enquanto
tempo!

Herta Fischer

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Inspiração

Sonho caminhar sobre
um rio, mesmo que seja em sonho.
Sonho sonhar com isso.
Deve haver tantos mistérios
sobre as águas.
Deve haver refrigério
dentro dela.
Será que poderia me compreender
 tendo-te
aos meus pés?
O dia não é satisfatório
sobre a terra fria, eu não me encaixo
em torrões.
Quem sabe sobre teu leito
me faria mais constante,
e se deliciaria
me beijando os lábios
quase a tocar minha alma.
És a leveza que almejo,
a doçura que meu
sentimento quer.
Porque não me abraça quando chove
e me envolve com
teu pingos.
Estou a deriva num
tempo seco, quero me
molhar em ternura, quando puder, enfim,
 te tocar,
nem que seja num lapso
do sonhar.
Herta Fischer

Extenuação

Me sinto uma marolinha,
que de tantos vais e vens, já anda
se cansando.
Ensejos, desejos, uma inutilidade
das horas.
Ontem eu pedi a Deus
respostas,
Mas, ela não veio.
Porque viver,
se nem ao menos
se sabe se é
ou não é?
Será que sou
o que almeja, Senhor?
Não sei!
Não sei mesmo!
O que fará de mim, depois?
Para que serviria alguém
que nunca aprende?
Para que lhe servimos nós, se
de nada precisa?
Seus olhos não se cansam de ver
sofrimentos?
Então, porque?
Herta Fischer