Mentes e mentas

 Gosto de escrevinhar

Acendo a lâmpada letreira

e vago como vagalume.

A vida é um magistério,

Nascer é professorado.

Crescer é prova,

passar é ministério

A composição ao meu redor me envolve

O luxo das árvores que parece subir ao céu.

O olhar que vê o que não parece

O sentir que parece ópera

Há um compromisso com o saber

que descobre.

Um desdobramento sutil e tão nobre

Ultrapassa o ar que respira

passarinhos a mais que inspira.

Dona de algo, sal e Sálvia

Sabor e perfume,

peixe e cardume,

mais sonho que costume.

Hertinha Fischer

 

O fim do mundo

Não quero perceber, perceber dói.
Quero a frustração do não saber.
Quero sair para o encanto do novo dentro do velho.
Do sangue preto do asfalto reparado, as marcas das velhas trincas da terra.
Mesmo em seca severa, espero o melhor do gotejar.
Imundo seria trocar um mundo já pronto para um desmundo disfuncional.
Quando o que era já não tem lugar e a verdade, tão lucida, está trancafiada em algum manicômio, cuja esperança já não tem, cujo remédio a engana.
Não! não quero perceber!
O violão perdeu as cordas, a musica perdeu a memória , o homem perdeu seu lugar.
As mãos perderam a força, usam-se da artificialidade para esquecer.

E o que será do futuro sem memória?

Hertinha Fischer