Minha imagem nada tem de lúcida, sou translucida.
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Lá onde aconteceu
Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...
quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024
Alúvio de mim
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024
Discurso da vida
Como não ser grata.
sábado, 24 de fevereiro de 2024
O sonar das horas
O encanto que as horas comeram,
degustando momentos pelas bordas
Eis que sou e nem sei
Horas que se foram,
horas que voltaram
Encontros que permaneceram
horas que permitiram.
Fluidez do tempo,
ou tempo não há.
Ou há sem tempo
quando as horas levam
E as memórias insistem
Corroborando os feitos
que já se fizeram
ou ainda estão por fazer.
Hertinha Fischer
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
Grande prurido
Estou a intuir que já foi,
Todo bem que se construiuse foi,
no enfado do certo que ligava
as redes e os sociais.
Desintegrou-se ainda criança
nos atos que se arriscou
Foi-se o romance, foi-se casado no descasado,
Foi-se.
Foi-se a purpura e o papiro, perdeu-se na arca
As desilusões as abateram, só sobraram cortes.
E a religiosidade que trouxe paz, ao mundo,
é a que mais destrói.
Trança-se espigas mofadas, abriga-as nas profundezas.
O inútil se valorizou e o útil se escondeu.
As praças estão cheias de traças e trapaças, a alegria se encolheu.
Ruas largas, pouco espaço para gente, pra bicho.
O sol bate nos vidros, embaçando a visão, e o cortejo já não tem defunto, apenas caixão vazio rodando.
Árvores desperdiçando sombra e engolindo fuligem - tudo certo, lógica da terra plana.
E os seres não são seres. São na maioria das vezes, gladiadores.
Onde lutam consigo mesmos, com armas de ganância milenares, quando um homem corrupto corrompe tudo que toca.
Tudo na terra já foi consumido e habitado. Não há mais para onde fugir ou descobrir.
Vontade de ser um conto, mas, nem te conto - conto são apenas contos.
Alice não mais se maravilha.
Hertinha Fischer.
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024
Globo da criação- Ars
Ainda assim me via e ouvia quando as fraudas de pano de saco estavam encharcadas de frio.
Uivava ainda a criança chacal dentro da comodidade do cerco.Quando as circunstâncias da fome afagava o silêncio dos vigias.
Uma sede de descobrir além, um choramingar de esperança, um defender-se quase que destrutivo diante do perigo a rodear.
O mundo circulando ante seus olhos atentos, numa expressão selvagem de olhos famintos naturais.
O céu de olhos azuis, titubeando sobre a luz fraca do sol entre nuvens negras e pegajosas.
Enquanto mastigava um pedaço de capim seco, entre dentes, ainda de leite, branquicentos e lentos, sacolejando, as ancas, no prelúdio de uma força imaginária.
Uma coroa de penujem sobre a cabeça, ouriçada pela mágica sensação de já poder ser como os demais.
Tudo parecia imenso diante dos seus passos, incompreensível e poderoso para que encarasse como fato.
Uma janelinha que mais se parecia com um buraco negro, se abria para o sul de seus dias, que a noite engolia como se brincasse de viver e morrer. E a vida solvia seus goles.
terça-feira, 13 de fevereiro de 2024
Vão sós
Que olhos distantes em terras sombrias, que sorte sacramentou nos atos e nós.
Nas fases de lua e camaradagem dispersade onde e de hoje sobrou-se o sós
Vi na alvorada, seus braços estendidos, na foice e na enxada
de vias e pós.
Quaisquer lembrança, façanha e risos
Apaga-se na entrada da força dos mós.
Usa-se palavras e gestos, encobre-se saudade
na dor do após.
Saudade doída; calada e temida,
de nós, de sós, não tem dó.
Hertinha Fischer.
sábado, 10 de fevereiro de 2024
Duplo vazio
Eu ainda esperava, sentada naquele banquinho cheio de memórias, quando o dia se foi e trouxe consigo o esquecimento.
Era tarde, e a tarde já se mostrava ausente, a noite furtou sua gloria, e levou teu rosto para longe.Percebi que perdi, perdi você e todo aquele ensejo de amor que havia.
Tudo falso, tão falso quanto o teu silêncio já me mostrara.
Vias de fato: visão embaçada, coração malogrado.
Te esperei na esquina, e tua ausência me mostrou ausência.
Te procurei nos cantos, e estavam vazios.
Não era você, era você sem você, nos beijos trocados, na alegria dos momentos, apenas sonhos em névoa.
Não há rancor, nem saudade, apenas uma dor oca de uma oportunidade feliz que se perdeu.
Hertinha Fischer.
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024
O dia em que se está
E anteontem que não era ontem, nem hoje, nem amanhã.
Tinha gosto, mosto, rosto.Frívola manhã desintegrada, charada, escancarada.
Vivia, sofria, magia, transmitia.
Amor que amava, chorava, se apaixonava.
Ia, cria, sorria, percebia.
Havia, cortesia, de ventania se vestia.
Ausência, clemencia, sofrência.
Esquecimento, lamento, isento.
Eu, você, nós
Foi-se, sorte, morte.
Hertinha Fischer.
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Estou aqui a pensar em escrever mais um poema, assim, como qualquer trovador, que busca em seu mundo, palavras que designem um...
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Difícil imaginar plantando aqui e colhendo lá. Aonde se planta é aonde deve-se colher. Ignoro, as vezes certos conceitos de que depois q...
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Na constância desses meus dias, passos e mais passos não contados. Muitos. Sem freios em meus devaneios. Esporeio. Fui meio que trôpega, s...