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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

sexta-feira, 27 de março de 2015

Sonho permanente

Sabe! Estou cercada de coisas..bonitas até.
É! De onde venho, parece-me o paraíso.
Mas não é! tenho saudade do tempo em
que fazia minha casinha em cima de um ingazeiro,
e sobre ele, colocava foguinho de ilusão.
Como conversava com a sorte, não existia nada além
daquele momento, acompanhada da mais leal fantasia.
Era o príncipe, era o sapo, era eu, era a mágica que
cada criança traz em si.
Conversar com a árvore e elaborar respostas, cair na gargalhada,
acompanhando o sorrir dos galhos.
A noitinha, enquanto tudo dormia, e as estrelas depertavam,
lá estava eu a falar com elas.
Como brilha minha amiga, não se importa que ninguém te veja, só eu,
em minha breve estadia, ainda estou aqui, a olhar por ti.
E todas elas sorriam, no tilintar das luzes, como mariçoca
apaixonada, eu as amava.
Queria estar lá, entre elas, e poder brincar de esconde esconde entre
as nuvens sapecas, mas, coitada de mim, só conseguia admirá-las de
longe.
então, pensava comigo: luz chama luz!
Pegava minha lamparina pequena, colocava pertinho de mim,
e elas vinham em forma de vaga-lumes, e era uma correria sem fim.
Quem disse que sonho não se realiza, não sabe o que é ter uma estrela
nas mãos, e eu conseguia pegá-las e colocá-las em meu abrigo
feito de estopa surrada, fazendo de conta que eram carros, andando
de lá para cá, na minha doce cidade de mentirinha.
Depois que a brincadeira acabava, eu as soltava, e elas subiam felizes
na imensidão que as trouxe.
Íamos dormir, eu e elas, e o mundo sereno, que conservava a meiguice
da face de uma criança sonhando em ser espaço, só para segurar
o sonho nas mãos.
Que belo hino, Senhor! que belo hino! que faz lágrimas brotarem nos
olhos, vindo não sei de onde. Talvez brote desta saudade que insiste
em me transformar novamente numa criança esperançosa, de ser
adulta feliz.

Herta Fischer


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