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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

terça-feira, 3 de março de 2015

Historia sem fim

Dona Tereza estava feliz com sua família,
cinco filhos eram o seu mais precioso presente,
quatro meninas e um menino.
Em sua pequena casinha, coberta de barro, distante
da cidade, ela vivia sem luxo.
Seu marido era descendente de alemão, vinha de
uma família, cuja criação muito rígida, lhe davam
um certo ar de superioridade, um agricultor
bem sucedido, embora vivendo de uma maneira
bem simples, não deixava nada faltar, nem a ela,
 nem as crianças.
Trabalhador que era, fazia tudo sozinho: desde o plantio
até a colheita, pouco ela podia ajudá-lo, pois
cuidava da casa e das crianças ainda pequenas.
Moravam num sitio como arrendatários, nada
era deles, nem a casa onde moravam.
O dono do sitio morava a algumas quadras
da sua, ele bebia muito, e as vezes, tinham que
assisti-los também, senão a família passaria fome.
Quantas vezes a mulher do Senhor Davi, chegava
a porta da casa da dona Tereza chorando, pedindo-lhe
um pouco de arroz e feijão emprestados.
Ela lhes assistia com gratidão, pois quando ela precisava de algo
a Dona Francisca não lhe negava.
Eram muito amigas, e assim viveram por longo tempo, até
que o seu marido decidiu sair de lá.
Se mudaram em outra casa, um tanto longe dali, e assim,
começaram uma vida nova;.
O sitio era maior, e o dono das terras era um homem
abastado, então, seu Eurico não precisava pagar para
ele mais do que o necessário, como fazia no sitio
donde tinha saído.
Ele plantava e ao termino da colheita, tirava uma porcentagem
para entregar ao dono do terreno.
A casa não era assim grande coisa, mas tinha um galpão
para guardar milho, e também para recolher a colheita
da cebola, que depois de trançadas, precisavam ficar
armazenadas com segurança até encontrar uma boa oferta de
compra.
Seu Eurico não era um homem muito gentil com a esposa,
quase não conversavam. Ela fazia as tarefas domésticas com
perfeição, era para isto que as esposas serviam, e ele, cumpria
sua obrigação de esposo, cuidava da roça e dos animais.
Sempre foi assim, um não interferia no trabalho do outro.
Aos domingos cada um ia para o seu lado, o dia, após o almoço
era livre para ambos, raramente faziam companhia um ao outro,
com exceção de algumas visitas aleatórias as respectivas famílias.
Dona Tereza saia para visitar suas amigas, levava com ela, os
filhos, e seu Eurico ia para  o campo de
futebol situado a poucos quilômetros de sua casa. Lá ele assistia
aos jogos e conversava com os que assim como ele eram agricultores.
Falavam sobre as sementes, trocavam informações sobre o mercado
etc...
Na maioria das vezes se davam muito bem, não havia brigas, pois
dona Tereza era a perfeição em pessoa, nunca abria a boca, sempre
prestativa, nunca reclamava sobre nada.
A roupa do Senhor Eurico era bem cuidada, As camisas bem passadas
e engomadas, assim como as calças que ele usava, tanto em casa, na roça,
ou de passeio.
A comida era servida no horário, faziam quatro refeições por dia,
e dona Tereza não falhava em nenhuma.
Embora não tivessem geladeira, fogão a gás, nem luz elétrica, ela
se virava de uma forma tão segura que somente as mulheres que
viviam naquela época sobre as mesmas condições saberiam contar.
Tudo era extremamente difícil, não tinha
 água encanada em casa.  Para lavar, cozinhar, e banhar-se, tinha que recolher
água três vezes ao dia numa bica situada bem longe de sua casa.
Cuidava da roupa de sete pessoas, para lavá-las era preciso ir até o riacho,
levando os filhos pequenos, e ainda voltar muitas vezes com um balde
cheio de água na cabeça, um filho num dos braços, e no outro, a bacia com
as roupas limpas que trazia para colocar para secar num varal mais próximo de sua casa.
Não sei como conseguia, só sei que o senhor Eurico, embora se lavasse toda
manhã no riacho, não era capaz de ajudá-la, nem para trazer um balde com água.
Ele não a ajudava em nada, ela tinha que fazer tudo em casa e ainda,
 quando na época de colheita, ela ia auxiliá-lo.
E assim passaram-se os anos, tudo da mesma forma, filhos indo para a escola, dona Tereza
com suas tarefas, Seu Eurico trocando de ferramentas. Ora a enxada, ora a foice, é assim
que se sucedia dia após dia.
Como todos os seres que vivem, que precisam se alimentar, assim também lutar
 e sobreviver, eles não fizeram diferente.
Os filhos cresceram, cada um no seu dia, foram saindo de casa e os dois ficaram só.
Como tudo que fica só se entristecem, dona Tereza se entristeceu a tal ponto que
adoeceu.
Alguns anos depois ela ficou muito frágil, daquela mulher forte só sobrou dor de
saudade, e a saudade a fez definhar aos poucos, até que um certo dia, despediu-se
 da vida
indo de encontro ao sossego.
Deixando saudades foi de encontro a Deus, e o senhor Eurico refez a sua vida, casando-se
novamente.
O que é a vida?
As vezes fazemos tanto caso, disto ou daquilo, para depois, deixar tudo nas mãos dos
outros.
Diga-me se alguma mudança houve? Debaixo do céu, tudo se faz, e se desfaz tão
rapidamente, assim como começou.
Uma historia atras da outra, num ciclo sem fim, mudam-se  personagens, mudam-se
os cenários, mas a historia continua viva como sempre!

Herta Fischer

















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