Havia um homem sereneando pela boca, destilando mel de simples palavras. E falava assim bem de mansinho para que os surdos também ouvissem: O HOMEM TEM SAUDADES DE DEUS E NÃO SABE. Fica a remoer seus infortúnios, buscando do que já tem posse, e desprezando a porta que já se abriu, para bater, na incerteza, outras portas duvidosas.
Come, come e nunca se sacia. bebe, bebe e sempre está com sede. Pula a rocha sagrada para sentar em pedras aleatórias. Despreza ou dá pouco valor a água que cura, para buscar remédios feitos de alucinógenos. Anda, anda e fica a vagar na mesma giratória. Sobe montanhas e joga lixo nela, cobra da vida o que ela já cansou de dar. Chama o que não é de bonança, e o que é de precisão.
A irmã Dá-Da faz a sua cama, e não cabe nela.
O cobertor de desejos mal os cobrem. E quando chega ao final, dá-se conta de que poderia ter sido mais feliz e não foi. Por que gastou mais do que ganhou, comeu mais do que coube no estômago, e gastou muito menos energia do que consumiu.
Hertinha Fischer.
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