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Deleite com café

  A janela, onde o sol nasce, sobe as escadas das flores e ali permanece, sentado, até que a porta da poesia, se abra, lá pelas bandas das ...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Mutável entardecer

 Meia noite de um dia qualquer de janeiro. Saio la fora para sondar a noite que já

se instalou á algum tempo.

Olho para o céu, a gente costuma olhar para ele, só quando a visibilidade está a todo vapor.

Ele se mostra, nesta hora, um tanto tristonho, combinando com meu sentimento.

Então, sento num canto e começo a contemplá-lo, sem preconceito. E me vem a mente um tempo

distante.

Começo a imaginar como ele era no passado, por que tudo muda a todo instante.

Lembro-me de momentos que se transformaram em fumaça, quase igual, as nuvens, que,

naquele instante, ameaçava todo azul que o compõe.

E entre um pensamento e outro, me questiono sobre o que passou.

Lembro da casinha onde nasci, do lugar que me acolheu, e que, agora,não existe mais. Quer dizer: existe, mas, não da forma que era. Tudo mudou de lugar, a paisagem se modificou, o rio secou, a mata tomou conta de alguns caminhos. E os sonhos sonhados desvaneceram-se a medida em que o tempo passava.

Então, não é o tempo que passa, mas, as coisas que se modificam com o tempo. 

Tudo ao derredor envelhece e morre. Depois de alguns anos, vira fumaça e não se sabe bem para onde vai.

A casinha, que, antes, enfeitava á beira da estrada, as bananeiras enfileiradas, compondo a obra, as laranjeiras imponentes, o caminho pelo qual passávamos todos os dias, os risos, as brincadeiras, tudo

se foi, como alguém que parte para sempre.

Parece que nunca existi antes, que a minha imaginação flore e se descobre a cada instante, que a magia

que ficou para trás, não passou de contos de fadas.

Sobra apenas cacos de recordações, entre porções de terracotas amassadas na memória.

Tão sutil, que mais parece uma nuance de cores mal pigmentadas, desenhadas por mãos de uma criança.

Onde foi parar todo aquele tempo?

Quem foi que recolheu aquela lona tão protetora?

E agora, este outro tempo me escapa entre os vãos dos dedos, em outra época, com uma outra estrutura,

só aqui dentro do peito é que as coisas continuam iguais.

Transportando o esquecimento, que por certo, já está as portas, quando tudo ficar para trás, e não mais haver nenhum motivo para lembranças...

Hertinha Fischer





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