Tenho lembrança do sapato surrado que vestia teus pés.
De teus lombos doloridos, quando abria a mata para plantar teus sonhos.
Sonhos construídos para sua família.
Sem muito dinheiro, tuas mãos se enchiam de coragem.
Sem estudo, teus celeiros se derramavam em letras que se comiam.
A rudeza de seu rosto contava sua história, e transbordava conhecimento.
Sua vara preparava um futuro bom, clamava pela ideologia do bem viver.
Clareando os cantos escuros que espreitam os sem entendimento.
Não usava o nome de Deus em vão, para não despertar em nós uma versão errônea sobre Ele.
Sua maneira de existir combinava com o que fazia, e o que fazia servia como um bom casaco em tempos de frio.
No derradeiro dia ainda se podia ver, em seu semblante, um tímido sorriso de complacência e nos olhos, um terno até logo.
Hertinha Fischer.
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