É canto, é lágrima
Tanta gente e a gente sozinho.
É a carroça e o boi
sem saber onde foi.
É a fala sem língua e a língua esculpindo
É a magra lembrança
que engoda e espezinha
É o João lá longe e perto da vizinha.
É um céu feito de terra,
em órbita, esperança maluca
testa lambida e pelos na nuca.
É porco que nasce em árvore e a
árvore é que fuça.
É cães a dormir na cama
gente em sacos de papel.
É laço no pescoço, na perna um anel
Comendo depressa os favos
jogando fora o precioso mel
menos linha e muito carretel
É gente demais, caráter de menos
tantos lugares bonitos e tantos gemendo
Matos fincados na rua e mata querendo
Finos pratos de alguns, e fome de feno
É grandes prados vazios
Gados confinados,
poucas terras em cerco,
e cidades abarrotado
É um mundaréu de beleza,
por fora,
caiada e bem cuidada
por dentro ferro retorcidos
folhas secas e abobalhada
É o mundo e suas fétidas
conclusões
de deboche se confunde
O que é certo pouco importa
desde que de poder se abunde!
Hertinha Fischer
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