Tantas horas vão morrendo pouco a pouco, enterradas
em esperanças
Ha quem diga que viver é sentir-se livre, Liberdade, quem será?
Algo que não se vive sozinho, então, liberto não está, já que não dá
para entrar em pensamento alheio. E mesmo quando se pinta pensamento
com cores de escrita, assim, mesmo, ainda é algo incompleto..
As vezes se quer falar sobre as coisas, algum sentimento em relação a um objeto,
ou indivíduo, e o que se consegue é duvidar ainda mais da concretitude.
Mais fácil seria fantasiar.
Fantasia, pelo menos, caminha longe do real.
E a realidade é bem mais completa do que parece, a realidade é fugaz demais para que se mostre
por inteira. É avassalador não ter controle sobre ela. Num instante, parece, no outro é duvida cruel.
Tão assim como a realidade de um pássaro, que se aninha em copas de árvores para dormir, e na noite seguinte, pode a árvore nem estar mais lá.
Ando meio inconformada com essa realidade chamada tempo. E com as coisas que nele acontece.
Faz-se, faz-se, e novamente, vai estar lá para fazer. Um ciclo que nunca se acaba. Tão logo se fecha um, se abre outro na brecha.
E os que amamos e que se foram, para onde se foram?
Em que tempo se esconderam?
A realidade os trouxe, a realidade os fez raciocinar, a realidade os fez semear, a realidade os fez crescer, envelhecer e morrer.
A realidade é um sonho que só dura por um tempo, que se mostra sem tempo para explicar.
Conta-se o tempo por dias e noites. E em que dia ou noite se termina o tempo?
Talvez, sejamos mesmo como as folhas, que, de tempo em tempo, caem e morrem, e num piscar de olhos, se renovam até que o tempo esqueça de prolongar seus costumes de nascer e morrer.
Quando olho para as coisas ao meu redor, penso no até quando. Até quando é um ponto de interrogação.
Dai, começo a entender a tarefa do tempo e acabo compreendendo Deus.
Se é que Deus possa ser compreendido dentro das coisas passageiras, que vão e vem num tempo que não se pode ver. E se tornam tempo dentro do tempo.
Hertinha Fischer
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