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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Duas rodas de sonho

Um menino chamado Carlos, nasceu em um lar muito pobre, seu pai vivia de cara cheia, bebia tanto que o apelidaram de pau d’água. Não gostava de trabalhar, e vivia dizendo que trabalho era algo que só quem era muito estúpido executava e vivia dizendo assim: 

-Não sou estúpido a ponto de passar minha vida inteira perdendo tempo com tarefas inúteis! Quero desfrutar minha vida como se deve, gozando boa saúde, sem problemas com patrões e sem contas para pagar.

Carlos é um menino rechonchudo, não que comesse muito bem, estava inchado de ouvir as idiotices do pai. Sua alimentação estava longe de ser uma dieta equilibrada, sua salvação eram as frutas que eventualmente colhia nos quintais dos vizinhos. Se não fosse isso, coitado! Morreria de fome!

Certo dia, quando não suportando mais ver seu pai de barriga para cima, perguntou-lhe:

Pai, como você consegue ficar o dia inteiro sem fazer nada?

E o pai em um tom preguiçoso lhe explicou:

-Filho! Quero que você aprenda desde cedo que trabalhar faz mal á saúde, não vê que sua mãe está cansada de tanto trabalhar. Sai toda manhã para limpar a casa dos outros, enquanto nós dois aqui, morrendo de fome! Será que ela não percebe que a vida é para ser vivida, não para morrer exaurida com tantas tarefas! Veja, ela não liga a mínima para mim, vive reclamando o tempo todo, não vê que o que faço é o melhor para mim, pois se viver trabalhando vou ficar velho muito cedo.

-Mas, pai! Se ela não trabalhar, quem compra mantimentos aqui em casa? Quem paga o aluguel? Se não fosse por meio dela e de seu trabalho nós moraríamos debaixo de uma ponte e passaríamos necessidades!

-É, seria bem melhor morarmos debaixo de uma ponte! Assim, não precisaríamos pagar aluguel e nem água! Aproveitaríamos para lavar nossas roupas lá mesmo, e eu até teria uma piscina para relaxar em dias de calor!

Carlos levantou seus olhinhos opacos para o pai, cruzou os bracinhos e abriu um largo sorriso.

- Puxa! È mesmo! Se morarmos embaixo da ponte, ganho uma piscina sem custo, e mamãe não precisará mais economizar água para lavar nossas roupas!

-É isso aí, filhote! Vê que não pode ser tão ruim quanto parece? E ainda te digo mais! Sobraria tempo para pegar uns peixinhos para comermos com aqueles pães duro que dona Maricota nos dá de vez em quando. Mulher pão dura!

-O quê?

-Dona Maricota é uma pão dura!

-Só porque o pão que ela nos dá é duro?

- Filho! não é por isso! É que ela poderia nos dar mais alguma coisa além dos pães, você não acha?

-Mas pai! Ela não tem obrigação nenhuma de nos sustentar! Tem?

-Obrigação, obrigação ela não tem! Mas cadê aquele espírito de misericórdia?

-O que é espírito de misericórdia, pai?

-Ah! Uma coisa relacionada com ajudar quem precisa!

-Mas as pessoas vivem dizendo que não devem nos ajudar, porque você bem que poderia trabalhar! Dizem também que minha mãe é uma santa por suportar um homem vagabundo vivendo as suas custas!

-Carlinhos! Quem foi que falou isso?

-Todas as pessoas falam!

-Ah! É pura inveja o que elas sentem! Veja bem, eu acordo muito cedo, antes mesmo que o galo cante já estou de pé. Só que sou diferente, levanto bem cedo só para ficar mais tempo á toa, aproveitando a vida. Enquanto as pessoas vão trabalhar sonhando em ficar ricos, eu já me considero um homem rico!

-Você é um homem rico pai?

-Sim! de tempo! Tenho muito tempo para não fazer nada! Como e bebo como todo mundo, só que com uma diferença. Não sou estúpido!

-Que é estúpido pai?

-Estúpidos,são pessoas que passam a vida toda trabalhando, enchendo suas casas de coisas inúteis que só servem para trazer mais trabalho, Quando já estão tão velhos que já não dá para dar um passo sem se arrastarem, param de trabalhar e pensam em aproveitar a vida! Que aproveitar a vida que nada, aproveitam as suas dores e a revolta contra os planos de saúde e de aposentadoria que são tão precários e desleal. E o que é pior, não dá para voltar atrás e fazer tudo diferente! Então o que lhes resta?

-Não sei pai?

-Han! Resta lhe esperar a morte!-Por isso que eu não sou bobo, deixo sua mãe trabalhar porque ela gosta, se ela gosta não posso fazer nada!

-Mas pai! Se ela não trabalhasse, como viveríamos?

-Ah! Carlinhos, nós viveríamos de caridade!

-Caridade? O que é caridade mesmo?

-Já lhe disse! É o mesmo que misericórdia! Alguma coisa relacionada com ajudar os outros.

-Ahh! Assim como a Maricota? Aquela que nos dá pão duro e que por isso você a chama de pão dura.

-Sim, mas não é por isso que a chamo de pão dura! Isso também eu já lhe disse.

-Pai

-Fale!

-Ontem a professora me falou umas coisas!

-Que coisas filho?-

- Ela me falou que precisamos estudar bastante, para poder arrumar um bom emprego!

- Ela falou isso?

-Falou! E disse mais! falou que o trabalho é digno,que todos nós deveríamos trabalhar para não dependermos da tal da misericórdia dos outros.

-Ai, ai, ai! Eu bem que falei para sua mãe não por você na escola!

- Você quer que eu seja burro como você!

-Eu não sou burro! Já lhe disse! Eu sou é esperto, e esperteza não se aprende na escola. Sabia!

- E o que se aprende na escola então?

-Ah! sei lá ! Acho que na escola só ensinam blá, bla, blá!

-Não é não pai! Eu estou aprendendo os números, e já sei contar até dez, e ainda não aprendi o bla, bla, bla, mas o ba, be, bi, bo bu!

-Há, há, há, há, há,ha!

-Porque está rindo?

- Estou rindo do seu jeito de colocar as palavras e acho você muito inteligente para a sua idade, filho!

-Puxa! acha mesmo que sou inteligente?

-Acho sim! E sua mãe também acha! Ela vive dizendo isso. Por falar em sua mãe, vamos parar de falar nisso. Ela está chegando! E não conte á ela nada do que lhe falei, certo!

-certo!

-Oi, filho!

-Oi, mãe! Como foi seu dia hoje, cansou muito?

-Não! O trabalho pode ser revigorante.

- Não é o que o pai fala!

-Eu sei o que o seu pai pensa a respeito de trabalho e não gosto nada disso! Você sabe.

-Sim, mãe, eu sei! Então, porque ainda está com ele? Você o ama muito?

-Sim, eu o amo muito e também preciso dele, aliás, você também precisa da figura de um pai, embora não seja o pai que sonhei para você!

No começo eu tentei fazer com que ele mudasse, mas com o tempo percebi que pau que nasce torto, morre torto!

-Pau que nasce torto morre torto! Que é isso?

-Quer dizer que não adianta brigar e brigar para consertar algo que a gente julga errado, nós devemos ter paciência e esperar que o que está errado se conserte sozinho. E... Talvez um dia seu pai caia na realidade e mude, não porque queremos, mas porque ele mesmo queira mudar, você entende?

-Acho que entendo, e não quero ser como ele!

-Que bom, meu filho! Isso prova que você não herdou o genes ruim de seu pai!

-Nunca ouvi essa palavra..Genes?

-Genes, quer dizer uma característica hereditária. Cada individuo gera característica do pai e da mãe, sejam características boas ou ruins..

-Ah! Então espero que tenha todas as características suas! Eu quero trabalhar como você, Quero dar pros meus filhos tudo que meu pai não deu pra mim, não quero acordar cedo para ficar mais tempo á toa e nem morar embaixo de uma ponte por causa dos pernilongos! Não quero viver da caridade de pão dura e nem aproveitar a vida sem fazer nada.

-Caridade de pão dura? O que é isso?

-O pai me falou que dona Maricota é pão dura!

-Seu pai falou isso? Meu Deus, que exemplo ele dá para você!

-Que sorte eu tenho por causa do tal genes, não é mãe, senão eu seria igualzinho á ele! Não que eu não goste dele, eu o acho divertido, mas não concordo com o fato de que não goste de trabalhar.

-Que bom meu filho! Fico feliz que você tenha idéias próprias e que não siga os maus conselhos de seu pai!

-É mãe! Eu ainda vou provar ao meu pai que ele está errado! Mas prometo á você que será sem briga!

-Está bem! Agora é hora de dormir que já está tarde!





O sonho





Enquanto Carlinhos dormia, seu espírito de garoto vagava em sua própria estória.

Em sonho Carlinhos já se casara e para seu desespero era igualzinho ao pai.

-Olha Rosinha! Que ponte enorme! É aqui que vamos viver, podemos aproveitar aquela porção de terra seca, Veja!

-Está bem Carlinhos! Já que não há outro jeito!

Pai!

-Fala João! O que você quer?

-Como podemos viver aqui? Não tem cadeira, nem armário, nem cama! Onde vamos dormir?

--Ah, João! Para tudo se dá um jeito! A cama se faz de capim, o armário de barranco e cadeiras, teremos muitas, podemos nos sentar em qualquer canto onde haja pedras no chão!

-.Vamos comer o que?

-Viveremos de misericórdia!

-Misericórdia è comestível, pai?

-Não, mas através da misericórdia dos outros, sempre haverá o que comer!

-Não entendi!

-É assim! Está vendo aquelas pessoas que passam lá em cima da ponte. Pois é! Quando elas nos vêem morando aqui ficam com pena e nos dá o que comer! Entendeu agora?

-Ah! Agora eu entendi o que é misericórdia! Misericórdia são pessoas trazendo comida pra gente, certo?

-É! Mais ou menos isso!

Rosinha resolveu interferir na conversa.

- É, João! Pena que a misericórdia não paga aluguel para ninguém! Por isso estamos morando embaixo esta maldita ponte!

-Porque a misericórdia dos outros não pode pagar nosso aluguel, pai?

-Ara! Nem tudo é perfeito filho! Até mesmo pessoas que tem um bom coração é pão duro!

Rosinha olha desconsolada para o marido e pergunta-lhe:

-Carlinhos, onde vamos dormir? Na terra?

-Não! Eu e João vamos procurar algum capim seco e jornais velhos!

-E onde vamos arrumar isso, pai?

- Andando um pouco nas bordas do rio, acharemos!

E os dois caminham lado a lado conversando.

- Pai, acha mesmo legal dormirmos debaixo dessa ponte?

-Acho! Você vai ver que será muito divertido!

- Prefiro morar em uma casa, mesmo que ela seja pequena. É mais seguro!

- Já lhe disse João: Não temos dinheiro para pagar aluguel!



-E, se você arrumasse um emprego?

-Deus me livre! E acabar como todo mundo, sendo escravo de trabalho! Nem pensar!

-Porque você pensa que trabalho escraviza?

-Ara! Gente que trabalha não tem tempo para ver o sol nascer, nem para contemplar a beleza das estrelas!

-E porque não?

-Quando levantam de manhã, mal tem tempo para tomar seu café, nem olham para o céu. Saem tão apressados, entram em seus carros, enfrentam um trânsito desgraçado. Quando chegam ao seu local de trabalho, se trancam em suas salas como se fossem bichos enjaulados!

- E a noite, também trabalham?

-Aí é que está! Chegam tão estressados em casa, que mal falam com a esposa e com os filhos!

-Homens que trabalham não falam?

-Eles falam Joãozinho! Só que o cansaço é tanto que eles preferem assistir televisão, ao invés de conversarem com a família!

-Credo, pai! Falando assim, eu também acho que quando crescer não vou querer trabalhar!

- Joãozinho! Acho melhor voltarmos para a ponte. Acho que a quantidade de jornais que pegamos já basta!

Ao voltar para a ponte Rosinha está pulando miudinho de tanto medo e raiva, e vai logo descontando no marido.

-Carlinhos! Como pode ter um coração tão egoísta assim? Deixou-me aqui sozinha, no meio do nada!

- Mãe, não brigue com o pai desse jeito, ele não te deixou sozinha no meio do nada, ele te deixou em baixo de uma ponte!

-É, Joãozinho! Teu pai me deixou aqui, embaixo dessa ponte horrível. Agora que vocês voltaram, eu preciso falar uma coisa muito importante para ele. Vá brincar um pouco perto da água!

-Está bem, mãe!

E lá se foi Joãozinho saltitante e feliz.

- O que foi mulher, não está satisfeita?

-Como posso estar satisfeita, Carlinhos, nem sei o que vamos comer no jantar!

-Vou ver se pego alguns peixinhos. Fique tranquila Rosinha!

-Não! Eu estou dizendo que vou embora, volto para casa de meus pais e levo nosso filho comigo.

-Mas, Rosinha! O que foi que eu fiz?

-A pergunta é: O que foi que você não fez? Porque você nunca faz nada, joga todo o seu tempo fora. Faz coisas inúteis a vida inteira. Eu não queria dizer isso, mas você é um perfeito marmanjão, vagabundo e infeliz.

-Infeliz não! Infeliz não! Posso ser tudo isso que você falou, mas infeliz eu não sou.

-Eu vou embora agora! Fique com a sua ponte, com seus peixes e com sua burrice. Adeus!

-Não Rosinha! Não! Fique! Fique!

O despertar

-O que está acontecendo Carlinhos! Porque está berrando desse jeito? Acorde!

-Mãe! É você?

-É claro que sou eu, quem mais poderia ser?

-Sei lá! Eu estava sonhando.

-Percebi!

- Mãe! Eu era igualzinho ao pai..E passei um sufoco.

-Se você era igual á seu pai, eu até já posso imaginar. Agora, volte a dormir, está bem!

-Está!

No dia seguinte:

-Oi Carlinhos!

-Oi professora!

-Vamos entrar que as crianças nos esperam na sala de aula!

Já na sala de aula:

-Hoje, nós vamos falar da importância da educação para o futuro. Uma pessoa bem instruída consegue um bom emprego, também consegue um salário digno para sustentar sua família. Portanto, é por isso que vocês estão aqui para aprender a ler e escrever, todo homem que se casa tem a obrigação de trabalhar para sustentar sua família. Caso ele não queira trabalhar, que também não se case! Vocês ainda são pequenos, mas ficarão adultos um dia e precisarão enfrentar a realidade dos adultos. Sem um bom emprego, como farão para sustentar os seus?-Bem, por hoje é só! Guardem seus materiais, e até amanhã!

Ao chegar em sua casa:

-Pai, a mãe ainda não chegou?

-Não!

Carlinhos vai ao quarto e como está demorando, seu pai vai ver o que está acontecendo.

-Carlinhos! O que está acontecendo, filho? Você é sempre tão tagarela quando volta da escola. Porque está tão quieto?

-Nada!

-Como não é nada! Posso ver a tristeza em seus olhinhos.

-Não é nada mesmo!

-Fala comigo filho! Nós sempre fomos amigos. O que está acontecendo?

-Sabe o que é pai. Hoje a professora falou sobre trabalho, família e filhos.

- E o que tem isso?

- Ela disse que todo homem tem obrigação de trabalhar para sustentar seus filhos e esposa!

-É!

-É, pai!

-E daí?

-E daí que eu gostaria que você fosse assim! Mas você não é. E aí eu fico triste.

- Não fique triste não! A vida é assim mesmo! Todo mundo acha que o trabalho é bom, eu também ouvi muito isso na escola em que estudei. Por isso que não quis mais ir na escola.

-Você não quis mais ir á escola, só por que diziam que deveria trabalhar?

-Sim, meu filho, eu não concordei com isso e dei no pé!

-E doeu muito?

-Doeu o que Carlinhos?

-O seu pé!

-Que pé?

-Você disse que não concordou e deu no pé!

-É maneira de falar. Quer dizer que saí da escola.

-Ah! E você não quer trabalhar mesmo? De jeito nenhum, nem que seja só para agradar a mãe.

- O que é que posso fazer, não sei fazer nada. Consertei umas bicicletas, mas foi só para conquistar sua mãe. Depois que casamos, fiz uns bicos de pedreiro e não gostei, por isso parei de trabalhar de vez.

-E se nós dois trabalhássemos juntos?

-Você não tem idade para trabalhar!

-Mas, eu quero muito! Eu preciso crescer com responsabilidade, e a professora disse que só a um jeito de crescer. É trabalhando!...E eu não quero ficar pequeno a vida inteira!

-Não se preocupe, você vai crescer, mesmo que se torne um vagabundo. Veja, eu cresci!

-Você cresceu por que trabalhou um pouco!

-O trabalho não tem nada a ver com tamanho, e sim com atitude e escolha.

- Como assim? Não entendi!

-Você escolhe uma profissão, e...mãos na massa.

-Mãos na massa! Assim como quando a mãe faz pão? O que isto tem a ver com profissão?

-Ah, Carlinhos! Você é muito engraçado.

-Porque você ri e fala estas coisas?

-Você é muito engraçado mesmo! Por as mãos na massa quer dizer ir á luta.

-Lutar boxe?

-Não Carlinhos, luta quer dizer esforço, trabalho. Ir trabalhar! Você entendeu agora?

-Ah!

O dia em que Carlinhos fez sua escolha.

Uma bicicleta velha encontrava-se abandonada no porão da casa, e Carlinhos resolveu consertá-la.

-Aí! Como é pesada!

Precisou arrastá-la com muito esforço, até conseguir deixá-la em uma boa posição e iniciou o seu trabalho. Pegou as ferramentas do pai, colocou-as sobre um pano velho ao lado da bicicleta e iniciou a sua luta.

O pai ouviu um barulho vindo do porão e foi ver o que estava acontecendo.

-Carlinhos, o que você está fazendo?

-Consertando a bicicleta velha!

-Como pensa que vai fazer isso?

-fazendo, ora! Você não disse que precisamos fazer nossa escolha e depois ter uma atitude, então!

-Está bem! Vou pro bar tomar umas! Depois volto para saber como está se saindo.

Carlinhos ficou horas a fio, tentando montar seu quebra cabeça, não tinha a menor idéia por onde começar. Quando tentava colocar a corrente de um lado, ela se soltava do outro, Até que desistiu e tentou desentortar os aros. Porém quanto mais tentava desentortar mais torto ficava. Então, desanimado começou a chorar.

-Como é difícil trabalhar, bem que meu pai estava certo!

Ouviu passos na escada, era seu pai chegando.

-E então, Carlinhos! Já conseguiu consertar a bicicleta?

-Não! Nem saí do lugar. É tão difícil ter uma profissão que acho que ser como você é muito menos complicado.

O pai olhou para o filho com pena.

-Filho, ouça bem o que vou te dizer, esqueça a bicicleta! Vá brincar com seus coleguinhas que você ganha mais.

- Brincar não dá dinheiro, e sem dinheiro não dá pra ajudar minha mãe.

--Sua mãe não deixa lhe faltar nada!

-Feijão com arroz...Eu quero comer bolachas, tomar refrigerante, comprar brinquedos, comer frutas.

-Puxa Carlinhos! Você é mesmo maduro pela sua idade.

-Nem verde e nem maduro, não sou fruta!

-Eu quero dizer que você parece gente grande.

-Você acha mesmo que pareço gente grande! Então tenho mesmo que trabalhar!

--Bom, vou me arrepender depois, mas acho que vou te ajudar!

-Você vai me ajudar?

-É garotão. Vou!

E os dois puseram literalmente a mão na massa até altas horas.

-Pai, você é um homem inteligente, sabe fazer as coisas.

-Você acha que sou inteligente?

-É sim pai, veja como consertou a bicicleta, está ficando uma beleza!

A primeira venda

Depois que a bicicleta ficou pronta, devidamente pintada e consertada, veio a idéia de vendê-la.

-Pai! Vamos até a venda do Belo, Lá acharemos comprador para ela.

-Tomara! Pelo menos fazemos dinheiro para compensar o trabalhão que tivemos.

-Fazer dinheiro? Como? O dinheiro já não vem feito?

-É modo de falar Carlinhos. É modo de falar! Quem faz o dinheiro é o governo.

-Quem é o governo?

-É um homem que o povo escolhe para administrar nosso país.

-E o que é país?

- E a terra que a gente mora!

-Eu não vi nenhum governo nas terras que a gente mora.

-Ah Carlinhos, deixa isso pra lá, quando você crescer mais um pouco, vai acabar entendendo. Vamos nos concentrar em vender esta bicicleta.

-Está bom pai!

- Olha lá! É o Chicão.

-Chicão!

-Oi Carlinhos. Oi seu Ariovaldo. Como estão?

- Nós vamos indo bem com a graça de Deus,e o senhor?

-Também! O que é isso? Comprou uma bicicleta?

-Não! Na verdade, estamos querendo vende-la.

-Nossa, eu estou precisando de uma para ir ao trabalho. Quanto está pedindo por ela?

-Quanto o Senhor acha que ela vale?

- Sei lá, uns duzentos reais?

-Para mim está ótimo!

Carlinhos arregalou os olhos, quando viu o homem meter a mão no bolso ,tirar o dinheiro e entregar ao seu pai. Nunca em sua vida vira tantas notas junta e sem conter a alegria exclamou:

-Pai, agora eu entendi, é assim que se faz dinheiro! É uma troca, toma lá dá cá.

-O quê?

- Nada não seu Chicão. É só meu filho falando coisas sem sentido.

- Vamos filho, está ficando tarde, sua mãe já deve ter chegado.

-Obrigado Chico, e até logo!

-Até logo, Seu Ariovaldo!

-Pai! Porque não fazemos umas compras antes de voltarmos para casa?

-Está bem meu filho, você merece. Só que não devemos gastar todo o dinheiro que ganhamos, porque precisamos pensar em investimento.

-Investimento! Você fala difícil e quer que eu entenda? Mas eu nem vou perguntar.

- Não é preciso perguntar, eu te digo assim mesmo. É que com uma parte do dinheiro nós vamos comprar acessórios para bicicletas, eu gostei de ter dinheiro novamente em minhas mãos. Isto é bom!

-O que você quer dizer com isso?

-Quer dizer que vamos comprar bicicletas velhas, transformar em novas, vende-las e ganhar mais dinheiro, entendeu?

-Você vai trabalhar?

-Vou! Você me convenceu de que ser vagabundo não é certo quando temos uma família para sustentar. Depois que me contou daquele sonho, quando foi morar embaixo de uma ponte e quase perdeu mulher e filho, eu não paro de pensar nisso.

--Vou correndo contar para minha mãe, até que enfim, você entendeu! E nem precisou de briga, até que enfim.

-Mãe, mãe, manhê!

-O que foi meu filho, até parece que viu assombração.

-É que meu pai disse que vai trabalhar.

-O quê? É bem pior do que eu pensava. Você pirou?

-Não pirei nada! É verdade bem verdadeira, meu pai disse que vai trabalhar porque gostou de ter dinheiro nas mãos.

-E como ele conseguiu dinheiro?

-Sabe! Aquela bicicleta que o Adão deixou quando foi embora daqui. Então eu e meu pai á consertamos e conseguimos vender.

-Não posso acreditar! Como você conseguiu essa proeza?

-Que é proeza mesmo?

-Como você conseguiu esse milagre?

-Milagre? Não fui eu que fiz. Acho que é Deus, aquele que é misericordioso,não sei como ele gostou do pai, só sei que gostou.

-E onde está se pai agora?

-Já está chegando, trouxe até algumas compras.

-Aposto que já gastou todo dinheiro em pinga.

-Não, ele não bebeu nem uma gotinha e com uma parte do dinheiro ele comprou umas coisinhas gostosas para comermos. E com outra parte ele vai comprar bicicletas velhas para consertar.

-Só acredito vendo!

E a mãe de Carlinhos acreditou porque viu seu marido transformado em outro homem, chegou em casa alegre e sorridente, exibindo as coisas que comprara com seu próprio dinheiro. Nos dias seguintes foram de intensas alegrias.

-Pai, só nesta semana você já consertou quatro bicicletas e temos mais quatro para consertarmos. Precisamos trabalhar um pouco mais depressa senão perdemos o emprego.

-Não corremos esse risco!

-Por quê?

-Não somos empregados de ninguém.

-Somos sim.

-Por que você acha isso filho?

-Porque somos empregados das pessoas que tiveram confiança em nosso trabalho.

-Puxa! Você está saindo melhor que a encomenda, quem está lhe ensinando essas coisas?

-Eu sempre presto muita atenção no que as pessoas mais velhas falam, e algumas delas falam que sempre que realizamos algum tipo de trabalho para alguém, somos devedores de resultado.

Se o resultado for bom, ganhamos mais crédito, se o resultado for ruim, perdemos o cliente.

-Filho! E o que é crédito para você?

-É mais dinheiro e mais trabalho, porem, eu gosto mais da palavra trabalho.

-Por quê! você não gosta de dinheiro?

-Gosto! Mais sem o trabalho, o dinheiro não vem.

-Nossa! Você nem parece ser meu filho, de onde vem tanta sabedoria?

-Talvez tenha sido por causa da dificuldade, ela ajuda a gente a melhorar, e melhorando, podemos ter uma vida digna como todos os seres humanos merecem.

-É verdade meu filho, só que muitos são tão estúpidos feito eu, que não conseguem enxergar que muita coisa depende de nós, vivemos dizendo que o governo é culpado por nossa pobreza, mas nós não fazemos nada para mudar. Para sairmos da pobreza, basta que tenhamos dois braços fortes e muita vontade de crescer.

-E muitas vezes nem precisamos de dois braços fortes, basta que usemos nosso celebro.

-O certo é cérebro, Carlinhos.

-Cé-re-bro,foi isso mesmo que eu falei!

-Não importa. Basta que você continue sendo quem você é, sei que você gosta de aprender.

-Não é para isso que nascemos? Para aprender! Quando nascemos não sabemos falar nem andar, depois com o tempo vamos desenvolvendo a capacidade de uma forma tão natural, como se já tivéssemos sabendo de tudo, apenas não lembrando.

-É meu filho você é mesmo muito especial!

Os negócios vão crescendo

-Pai, já não dá para realizarmos os consertos sozinhos!

-É verdade Carlinhos, tem tantas bicicletas para ser consertada, você aprende rápido, porém ainda é muito pequeno para realizar certas tarefas.

-Eu vou crescer e ficar forte igual a você, certo pai?

-Certo! Mas demora um pouco.

-porque você não arruma alguém que seja forte hoje, só pra lhe ajudar.

-Bingo! É uma ótima idéia!

-Porque você falou bingo pai?

-Força de expressão!

-Que é força de expressão?

-Maneira de deixar a frase mais bonita!

-Porque enfeitar a frase?

-O povo inventa certas palavras para tornar mais interessante os assuntos.

-Assim como diz o Zé Cipriano, quando usa a palavra uai?

-É. O Zé Cipriano veio de uma região onde existe uma linguagem diferente da nossa, naquele lugar é comum usar a expressão uai, ela não tem nenhum significado, mas identifica a linguagem coloquial do lugar.

-Acho que já entendi!

-Você é mesmo muito inteligente menino!

-Mas nós estávamos falando de quê?

-De arrumar alguém para nos ajudar!

A mãe de Carlinhos fica maravilhada com a notícia.

-Meu Carlinhos você é mesmo muito especial!

-O pai também fala a mesma coisa, só não sei por quê?

-Ah, você não sabe!

-Não!

-Então, eu vou refrescar essa sua cabecinha de vento!

-Cabecinha de vento! O que é isso agora?

-É uma cabecinha esquecida! Você se lembra quando contou o sonho que teve a seu pai, aquele onde você e sua família foram morar embaixo de uma ponte?

-Lembro sim mãe, o que isso tem a ver com tudo isso?

-Tem que desde aquele dia seu pai mudou muito, ele parou para pensar e concluiu que se continuasse na teimosia de não querer trabalhar, corria o risco de perder nos dois.

-Perder nós dois? Igual eu perdi minha família no sonho?

-Isso mesmo Carlinhos, seu pai mudou de idéia, deixou aquela tolice de pensar que o melhor da vida é não fazer nada e colocou a mão na massa.

-Na massa não, nas bicicletas!

E os dois caíram na gargalhada.

O contratado

-Carlinhos! Vamos até a venda?

-Fazer o que na venda, pai?

-Procurar o Augusto!

-O Augusto, aquele careca de cabelo e bom de barba!

-Careca de cabelo e bom de barba?

-É! Ele não tem cabelo, mas tem uma barbicha que dá gosto! O que você quer com ele pai?

-Nós precisamos de uma pessoa para nos ajudar no conserto das bicicletas, e o Augusto é muito esperto na arte de consertar coisas, eu acho que ele seria um ótimo ajudante, você não acha?

-Acho que sim!

Logo que chegaram perto da venda, Carlinhos não se conteve, saiu em disparada, entrou na venda todo ofegante, olhou para todos os lados, e quando avistou o Augusto tomando uma cerveja, aproximou-se e foi logo despejando toda a sua ansiedade:

-Augusto, meu pai quer que venha trabalhar conosco? Aceita, por favor?

Augusto olhou para o menino espantado.

-O quê?

-Meu pai quer que você trabalhe no conserto de bicicletas! Fui claro?

-Claríssimo! Mas, continuo sem entender?

-É assim, pretendemos expandir nossos negócios, sendo assim, precisamos de mais mão de obra. Por isso estamos te convidando para trabalhar com a gente. Entendeu tudo agora?

Nesse instante o pai de Carlinhos entra no bar e cumprimenta o amigo.

-Oi seu Augusto, tudo bem?

-Vou indo! O Carlinhos me disse que você está precisando de ajuda na sua bicicletaria. Que bicicletaria é essa?

Eu, quer dizer, eu e o Carlinhos estamos trabalhando no conserto de bicicletas. Você sabe que nesta região a bicicleta é muito usada, pois por enquanto nosso meio de transporte está longe de ser eficiente. Então, temos muito trabalho. Como o Carlinhos é ainda uma criança e está aprendendo ainda, temos dificuldade para entregar as bicicletas para nossos clientes. Por isso estou te convidando para trabalhar com a gente. Topa?

--O que você está me dizendo? Você está com febre, ou coisa parecida?

Carlinhos interrompeu a conversa deixando seu pai irritado.

-Sabe o que é Augusto, meu pai não está doente, ele só quer trabalhar.

-Ora Carlinhos, é por isso mesmo que eu estou achando estranho, seu pai nunca foi muito chegado á trabalho. E agora vem com essa conversa!

O pai de Carlinhos olha para os dois sem disfarçar seu desagrado com o rumo da conversa.

-Escute aqui, seu Augusto, com todo o respeito, eu mudei de idéia quanto ao trabalho, e agora estou até gostando.

-Puxa Seu Ariovaldo, me desculpe? Mas, eu te conheço faz tempo e isso é difícil de acreditar. Bem! Se você quer minha ajuda, eu com certeza, aceito a sua oferta de trabalho. Estou muito satisfeito com sua mudança. Quando começo?

-Amanhã mesmo!

Pai e filho voltam satisfeitos para casa e Carlinhos não para de tagarelar.

-Amanhã é meu aniversário, não vejo a hora de completar dezesseis anos para fazer um curso de torneiro mecânico.

-Torneiro mecânico?

-É! Minha professora disse que, se eu fizer um curso de torneiro eu poderei construir todas as bicicletas que querer.

-É mesmo, eu pensei que estava satisfeito com o conserto das mesmas?

-Por enquanto estou! Mas, tenho intenção de progredir.

-Epa! Agora quem está falando difícil é você? Progredir, é!

-Sim! Pretendo ter a minha própria fábrica de bicicleta!

-Noossa! E como acha que vai conseguir?

-Não vai ser muito fácil! Mas, primeiro vem o desejo, ou seja, o sonho, depois a concretização do sonho; entende?

-Carlinhos, você é mesmo um menino muito especial!

Aos dezesseis anos de idade

-Carlinhos acorde! Já está quase na hora do ônibus sair do ponto?

-Ah! Mãe! Porque você não me acordou mais cedo, não posso perder meu primeiro dia de aula.

-Você vai se tornar o primeiro torneiro mecânico da cidade!

-Eu preciso estudar muito, mas não vejo a hora desse dia chegar. Depois de fazer o curso de torneiro, quero fazer também o curso de desenhista projetista.

-Nossa Carlinhos! Uma coisa de cada vez.



Passado um mês

-Pai, o professor pediu para você e a mãe passar na escola, ele quer conversar com vocês.

-O que ele quer, falou para você?

-Não, mas acho que é importante!

No dia seguinte, Carlinhos e seu pai juntos pegaram o ônibus e rumaram para a cidade. Carlinhos e o pai conversavam alegremente, enquanto apreciavam a bela cidade.

-Pai, você tem certeza de que não vai pensar em desistir de tudo e voltar ao que era antes?

-Nunquinha, nunca mais quero ser preguiçoso e alcoólatra. Você, meu filho, mostrou-me que o caminho mais difícil é sempre aquele que achamos ser o mais fácil. Estamos no ramo de conserto á três anos, e eu não me arrependo nem por um instante de ter te ouvido naquele momento em que vi você tomar a iniciativa de consertar aquela velha bicicleta, quando me disse que trabalhar é digno, a partir daquele dia passei a ser respeitado não só por você e sua mãe, mas por todos que me conhecem. Nunca pensei que um filho meu pudesse fazer-me entender que a preguiça é um dos males que nos levam a todo tipo de pobreza.

-Como assim, não entendi?

-Eu era uma pessoa preguiçosa e pobre, não só materialmente, mas espiritualmente também, deixava sua mãe trabalhando feito condenada para nos sustentar, transferi para ela todas as obrigações que a mim cabiam. Só entendi isso quando me contou seu sonho, aquele, quando levou sua família para debaixo de uma ponte, quase que eu fiz a mesma coisa, isso só não aconteceu porque sua mãe é uma mulher valente, me orgulho muito dela e me arrependo amargamente por ter sido tão estúpido.

-Está tudo bem pai, tudo já passou, e o mais importante de tudo isso é que você mudou, e nunca é tarde para mudar.

Ao entrar no prédio onde Carlinhos estuda, seu pai entende mais ainda a razão de Carlinhos querer seguir em frente com os estudos. Tudo lá era perfeito, logo na entrada estava escrito em um grande letreiro “SENAI”. Na grande sala havia máquinas e os alunos, cada um em seu lugar, construindo suas rodas de sonho, acreditando que o futuro brilhava a cada passo que davam.

O professor de Carlinhos veio recebê-los com grande satisfação.-Sorrindo, Carlinhos apresentou seu pai:

-Este é meu pai, um exemplo de pai!

-Seu Ariovaldo, eu te chamei aqui porque me comovi com o seu filho e com a estória que ele nos contou. Vejo nele uma vontade imensa de ser alguém, e quero lhe fazer um convite. Quero que também faça parte da nossa família, aceite fazer o curso juntamente com seu filho! Além do curso gratuito, nossa instituição também arcará com a despesa do transporte para ambos.

Seu Ariovaldo não agüentou de tanta emoção e chorou como criança, abraçado ao seu pequeno grande herói. O tempo passou, Carlinhos e seu pai se formaram, e já podiam exibir seus certificados com grande orgulho. E a partir daí, tudo mudou para melhor.

O sonho concretizado

Carlinhos e seu pai trabalharam dia e noite para conseguir comprar suas maquinas, e conseguiram!

Vieram então outras máquinas, mais máquinas, mais empregados, até que fundaram uma grande fábrica de bicicletas.

-Precisamos achar um nome para nossa fábrica, tem alguma idéia Carlinhos?

-Tenho pai! Nossa fábrica vai ter um belo nome. “Fábrica dos sonhos em duas rodas”! Ou melhor, “Duas rodas de sonho’ ela se chamará.

Assim, Carlinhos casou-se com Rosinha. Teve três filhos, formou os três na faculdade e esqueceu-se completamente do sonho infantil de morar embaixo de uma ponte. Hoje mora no melhor bairro de uma grande cidade, tem uma casa que mais parece uma mansão. Tornou-se um exemplo de empresário de sucesso. Ele e seu pai jamais pensam em desistir e ainda sonham em construir um império.

Sua mãe tornou-se uma dama da sociedade e fundou uma instituição onde cuida de pessoas viciadas.

Seu pai continua a frente do trabalho, como se fosse a única coisa que conhecesse na vida.

Seu Augusto, seu primeiro contratado, agora é seu braço direito e toma conta do setor mais importante da fábrica, a produção.

E Carlinhos, o pequeno grande herói da história, é o mais felizardo dos homens, conseguiu transformar o seu mais absurdo sonho em realidade. Fazer com que seu pai se tornasse num novo homem.

Carlinhos nunca colocou uma só gota de álcool na boca, e incentiva seus funcionários a fazer o mesmo, promovendo palestras e cursos referentes á não consumação de nenhum tipo de drogas, pois aprendeu que o amor é uma arma de transformação contínua e que esta arma estará em suas mãos enquanto Deus lhe der vida.

Autora: Herta Fischer

Um comentário:

  1. Nossa.. bela escrita... eu sonho em um dia conseguir todo o melhor para mim e minha família... hj estudo para isso, sei que não é o suficiente, mas já ajuda né... a familia é a base de tudo, é nosso porto seguro, para mim é um exemplo de superação, um exemplo de que com muita dedicação e esforço tudo pode dar certo. Tive a sorte de ter um pai batalhador, que além de se preocupar conosco se preocupa com o bem estar de outras pessoas também, e uma mãe esforçada, que dedicou sua vida ao trabalho, mas que sempre arrumava um tempinho pra mim. Hj nem tanto, mas estou aprendendo a me virar..

    Abraço flor... parabéns pelo seu trabalho!

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