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Ciranda noturna

  E as formosas tardes, roubando o encanto da manhã, A sorrir sol entre as árvores Meu recanto, colorindo a relva com giz amarelo. E a luz s...

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Quando tudo acaba

Ela sabia bem qual era o seu caminho, até ver
tudo as tortas.
Os caminhos,  pelo qual, seguia, seria para seu conhecimento, até que se
viu  pisando  em outras pegadas.
que a levariam, não onde queria, mas, onde outros
chegaram.
E deu de cara com o que não queria para si.
Acomodou-se em seu dia como quem não
sabia bem o que queria, É assim, como  quem espera
dos outros,
chegou num lugar estranho. não conhecia solidão,
não conhecia desconforto até sentar naquele banco
que lhes ofereciam.
Pensou estar em sintonia com os outros, pensou
poder aceitar o que lhe ofereciam com
uma certa gratidão. pensou, aliviada, que
estava sendo amada.
Quando percebeu que seria marionete
em mãos inescrupulosas, que serviria,
apenas, para realizar prazeres.
Assoberbadamente, seguiu os passos
da destruição, por não encontrar
motivos para usar as suas próprias pernas e
encontrar o seu lugar.
Quando não nos identificamos as origens, e
nem aceitamos a nossa condição como
dádivas, e procuramos longe o que esta
bem perto, corremos riscos.
Ela estava condicionada á família, as regras,
mas esperava bem mais.
Aventurou-se a sair de seu ninho, e tão logo,
teve que encarar as cobras.
O veneno levou-á a exaustão, e com medo de tudo,
já cansada de ser consumida em sua beleza,
face a face com prazeres loucos, que só
davam satisfação á outros, tentou voltar.
Mas, então, se deparou com nada, Já não havia em
seu favor, ninguém que a amasse, que lutasse
pelo seu bem estar.
Ligou para a sua família, justamente para aqueles
que ela julgava desnecessários.
Eles a ajudaram, enviando-lhes dinheiro
para a passagem, porém, os estragos
feitos, jamais poderiam desfazer, nem
com todo amor do mundo.
Os vícios a consumiam.
A magreza tomou conta de seus anseios, antes gordos
e fartos, agora, apenas, carência e desgosto.
Todos os sonhos de liberdade rolaram ladeira
abaixo, deixando resquícios  de sensatez, hora
ou outra, quando  sua mente clamava
por abstinência.
A cabeça feita cobrava-lhe o preço.
Dizia ela: - tudo lhe é lícito, mas, nem tudo convém.
Pensara ser um ser de ordem:  tenho domínio sobre
a minha vontade, sou dona de minha vida,
posso entrar e sair quando quiser, mas, os desejos
lhe pegaram uma peça, e lá estava ela, sem saber
o que fazer, e como uma cobra a deslizar
sobre a sua presa, tornara-se cruel com ela mesma.
Queria sair, queria se safar, porém suas escolhas a
dominavam, seu organismo fissurado pela
falsa sensação não a deixaria escapar,
Sempre que lutava, mais e mais, de sua força, ela perdia,
mesmo que encontrasse carinho e dedicação de outros,
ela sentia-se só.
Era uma coisa que queimava ali dentro, algo inexplicável
que a consumia, que não a deixava seguir em paz, como
se nada no mundo pudesse lhe dar uma resposta.
Seu ego era maior que ela, superando seu bem senso,
tirando-lhe toda capacidade de entender. de suportar,
de aceitar.
Tudo parecia-lhe tão fácil, quando não se tratava de si, pouco
lhe importava o sentimento alheio. ela só se inteirava de sua dor.
E como lhe doía o fato de não poder controlar a vida do outros,
principalmente, aquilo que acontecia a seu redor.
Pai e mãe, se perdendo, outra família se construindo, como
fazer voltar o tempo, como arrumar o desarrumado, como
fazer o amor rebrotar?
A historia que conhecia ia morrendo ante a seus olhos atentos,
o que era não era mais, o vazio a consumindo, os risos se calando,
as falas se desfazendo, apenas gritos aos ouvidos, ou então silêncio.
Cada um do seu lado, ninguém a conversar sobre a mesa.
La dentro de si, a dor. La dentro de si, a saudade, la dentro
de si, o inexplicável.
Pais deveriam levar os filhos em consideração, pensava ela:
Não é assim, terminamos!
O amor morreu, e pronto!
Conversem, pelo amor de Deus, inclua os filhos na decisão, fale
com eles, permita que participem, que colaborem, que falem o que
pensam.
Eu não queria acordar e ver que estavam separados. eu não queria ver
nossa rotina se desfazendo. eu os quero perto, eu os quero como
sempre os vi, assim como os conheci.
Senão, me perco, não acreditando em mais nada, tudo que nos mostraram,
tudo era mentira?
Então, passo a ser mentira também, não me convenço de que nada
valeu a pena, de que nada fora importante, a não ser o fato de
se aguentarem.
O que realmente aconteceu?
Traição. Porque a traiu?
Que representamos para vocês.?
Onde entra meu querer?
Sou algo a disputar?
Não, eu não sou o que pensam, eu sou
sentimento, eu posso perfeitamente entender,
desde que sejam sinceros, Se o amor acabou,
se os desejos paralelos venceram,
pelo menos deixem  que eu também possa
escolher, de que lado posso ficar.


Herta Fischer
















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