Meu pai tinha contos no olhar,
como contas de luar.
Sabia como saber, sabia pra merecer.
Suas vestes, seu modo de andar,
só as nuvens sabiam contar.
Segredos haviam em seu chapéu,
revelados aos pregos da parede,
desenhados com suores,
os rasgos de sua rede.
A terra o plantava no roçado,
a colheita o assistia,
o sol o prendia e
a lua dava anistia.
Pouco sabia da vida, e a
vida lhe levava,
em flores de maracujás, ele
era a mamangava.
O céu regava as plantas e
as plantas lhe regava.
Cresci a sua sombra, e sua sombra ainda
me conta, os contos
que me ensinava.
Foi-se e eu fiquei
Em seus olhos me inspirei.
Hertinha Fischer
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