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Eu dando vida as coisas

  E o caminho era suave - sem obstáculos na pronúncia das flores. Um perfumado sonar de cores e risos, que se estendiam na passagem dos ol...

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Andando sobre o olhar

 Passam-se os dias e lá vamos nós.

Esperança simbólica desata seus nós.
Tal qual seriema em beira de estrada,
Perna comprida e desengonçada
procurando petiscos na alvorada.

Preguiça e sono no meio do nada,
sombra bem quista na encruzilhada
Talvez um jatobá caia de lá
para a minha fome poder matar.
Sondando a luz no meio do escuro
E só tropeço nós vamos achar

Andando a solta de dia e de noite
Tal qual taquareira querendo assombrar
o vento uivante que nem é tão lobo
Com dentes afiados a faz despencar
Raízes profundas escoram o corpo,
Caídas, será tão difícil se levantar.

Se cedo o sol se levanta,
com ele crescemos e forte seremos,
A lua se alimenta da mesma luz,
Clareia o meio, o resto é sombra.
neste sóbrio caminho que nos conduz.
Entre espinhos e flores, levamos a cruz

E o céu que nos compreende,
de azul celeste em sua paz
Uma mistura de corpos e elementos
Nem se vê nem se aprecia, e
sua luz evidencia.
a força de seus sacramentos.



Hertinha Fischer




sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Autoconhecimento, empatia e prática

 Quando copio os outros, minto para mim.

Nem tudo que te serve, serve a mim.
Vivo do meu jeito, amo do meu jeito e
até posso dizer que solidarizo do meu jeito.
Gosto de ver outros felizes, para que isso
aconteça, penduro meu sorriso na orelha,
no nariz, nos olhos e até nos braços.
Não considero ninguém especial, mas,
acho que todos são especiais á seu modo.
Somos como uma tarefa a ser executada, Cada
um em seu exilio.
Temos amigos por afinidade, amor por afinidade,
e ambos por solidariedade.
Não costumo guardar o que me faz mal,
mas, também não gosto de dar aos outros.
Não conheço angustia, tudo me parece perecer
no final da ópera.
Um dia, irei embora, e tudo o que construí de bom
ou ruim, já não terá espaço.
Meu rumo é meu destino, e se é destino,
me arrumo.
Faço tudo exatamente igual a qualquer um,
só não fico cortando-me em pedaços quando a dor
é mais forte que eu.
Minhas feridas não depende de ninguém para cicatrizar,
a menos que sejam abertas para ficar.
E vou aguentando.. Até quando Deus quiser.

Hertinha Fischer.

A cultura do tempo

 Certo dia eu olhei para meu esposo e pensei:

Tá velho, os cabelos ralos, as mãos já meio lentas,
A pele flácida. Não está tão atrativo como quando era jovem.
Fiquei meio desconsertada e triste, como se os anos também não tivesse me afetado.
Dai, eu olhei pela janela. E revi o dia em que o vi pela primeira vez, relembrei o tempo em que ele aparecia, as vezes, nesta mesma janela, a olhar para mim, de longe. E de como ficava contente ao vê-lo, com vontade de voar até ali.
E pensei comigo mesma: Não está diferente, ainda é o mesmo homem que escolhi para ser meu companheiro, e pai dos meus filhos. A partir daí, passei a ver com os mesmos olhos que o olhava quando jovem. E o mesmo amor, veio renovado e intenso. Talvez, não mais com a mesma idade, mas, com uma idade diferente, amando-o com o mesmo coração.
Hertinha Fischer.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

O vento leva

 Árvore que muito se poda não cresce.

E lá se vão os dias - cortados em semanas,
meses e anos, mas que sempre será o mesmo.
Estarão lá, as lutas, os desencontros,
as lágrimas, as alegrias. E em cada rostinho,
uma esperança desperta.
O sol se levantará, as nuvens chamarão a chuva.
Os ventres e seus presentes. A vida e sua pulsação.
Nós que nem pedimos, nós que nem quisemos, nós que despertamos, que dormimos, que sonhamos, que
realizamos.
E o lar que não partilhamos. E os filhos que não são nossos, e as lutas que não suamos. E que, também estarão fixados
em algum lugar que não sondamos.
Como um grande mar, estarão repletos de peixinhos, á esperar que Deus compense de alguma forma.
Crueldade mesmo é pensar que não passamos!
Hertinha Fischer.

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Olhos da percepção


Por muitas vezes, sinto que não estou aqui
Faço, desfaço, uso, desuso, e nada me compraz
As horas me folgam, sou eu o relógio
Não sou botão, nem flor a desabrochar,
sou o intermediário.
Calo-me, assim falo
As horas me são infinitas, nelas não caibo.
Se o coração falasse, ele diria:
Que diz seu cérebro?
O corpo me leva e tudo responde,
Seguir e parar, meus olhos perguntam
Onde vou, meu cérebro divulga.
Tudo entra pelos olhos, os olhos são a alma.
Olhos são provocadores - Gulosos de desejos.
Ainda quando se fecham, continuam a me incitar
pelos sonhos.

Hertinha Fischer.


segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Mapa Guia

 Enquanto sonhava que era uma andorinha,

dando uns rasantes, céus afora, minha avó me dizia: Quero ver quando o fundo da panelinha estiver queimada! (risada)
Nunca olhei para os olhos do tempo, Tinha medo da condenação -
Das grades que cria ao nosso redor, da punição por nos considerarmos superiores aqueles que muito viveram.
Hoje, com a panelinha já queimada, repleta de fuligem e presunção, vejo que, a juventude é enganosa. Ela, sim, é uma andorinha fujona, daquelas que foge do voo.
Escolher sempre será um favor. Saber o que se deve escolher, como?
Não se nasce onde se quer. Também não podemos acrescentar
nem um dia a mais em nossa vida aqui terra.
O fim é eminente, para nós, os mortais.
Quando enfim, alçarmos voo, como as gaivotas,
rumo ao infinito, talvez possamos entender
o que se passa por lá.
Que possa ser suficiente para minha estradinha.
Enquanto envelhece comigo, ainda anda em mim.
Fico imaginando quem cuidará do meu jardim, depois
que minhas mãos esfriarem?
Que o amanhã me espere, que o dia me aqueça,
que o sol não me queime e que o inverno não se
demore.
Que não se apague esses meus rastros tão facilmente.
Ainda há brasas aquecendo cinzas.

Hertinha Fischer



quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Recipiente finito

 De sonhos, cedo despertei.

Sentei-me a beira da realidade.
Ela me contou de acasos
Acaso não fosse assim?
Quem controla os dias,
os ventos, o crescimento?
O estive não está mais.
O estarei encrustados em pedras.
A chegada e a partida, quem esperará?
Expelidos pelo organismo, nossos musgos
Enfraquecidos pelos anos, nossa causa.
Em revelia nasce-se e morre-se.
Contrapondo, vem a aurora
Já cansada de suas noites
Busca sol sem nuvens
E claras manhãs de outono
E vem o tempo e suas intempéries
moinhos que movem ventos
Dançam e se molham nos
acasos das águas.
Até que o infinito cante
E o oceano decida,
quem despertará.
Pois a vida, se tem prazo de validade,
dia e hora, quem saberá.

Hertinha Fischer

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Transformando meu mundo

Em tenra idade, me apaixonei pelas letras.
Assim como um amor incondicional.
Por muito tempo, inspirada pelas doces manhãs,
quando os rouxinóis se empoleiravam
na entrada do meu mundo,
prontos para cantar suas cantigas sem letras
e tão repletos de sentimentos. Já
começava a ver meu mundo, sobre
perspectiva de poesia.
Era uma entusiasta de versos, prosas
e carurus.
Achava graça nos repentes, e dentro
de minha cabecinha de vento,
formava uma forma de escrita.
Eram só garranchos descuidados,
que, para mim, pareciam letras
de belas canções.
Um amigo inseparável, que sempre
me inspirou foi um radinho de pilha,
que se grudava em minha orelha,
com a ajuda de um lenço.
Até que, num dado momento,
me iniciei como aprendiz do alfabeto.
E fui eficaz no aprendizado,
na escolinha de meus sonhos.
Comia letras nas revistas, como
se come pedaços de pão quentinho,
pela manhã.
Formava belas histórias de amor,
enquanto fincava mudas de cebola na terra.
Andava pela mata que rodeava minha casa,
falando com folhas e filmando aranhas
com o olhar.
Saudosa casinha de telhas vermelhas,
Piso de falso assoalho, feito de barro,
esculpidos com os pés e mãos.
A simplicidade de olhar, foi-me moldando
e me fazendo crer que tudo é possível.
Arrepiava-me os cabelos as histórias contadas,
Pássaros eram meu violão.
Quando aprendi a assoviar, passava horas
a dar vida a construção.
Desenhava, na cabeça, letras de canções,
que nem sabia ao certo, se havia coerência ou não.
Vinha tudo bagunçado, desnorteado,
como versinhos simples de criança.
Demorava a dormir, abraçada a parede de terra
batida, onde taquaras e barros se uniam, tão
perfeitos quanto um casamento por amor.
Meu coração pulsava de alegria, quando
já podia ler com precisão e maestria.
Já, podendo, então, coroar todas as
minhas fantasias com lápis e papel.
Precisei sair de casa, ainda sem
asas, voei um tanto mais alto.
E consegui, através de muita luta,
avançar no conhecimento.
A cidade me entristecia um pouco,
não estava tão apaixonada, por mim, quanto
o meu sertão.
Não havia tantos pássaros a cantar, nem tanto tempo
para sonhar.
A saudade foi inspiração, quando batia forte,
formava feridas por dentro,
que se transformavam em tristes canções.
E assim, segui o meu destino, sendo
a estante de meus livros não publicados,
que guardo no fundo do meu coração.

Hertinha Fischer.








Laivo de eternidade

  Meus velhos tempos me quer de volta,

á pular amarelinha num pé só.

Quer, de novo, brincar de pocopem,
para que me esconda
nas touceiras de bananeira,
com a alegria a escorrer pelos pés.
Quer o genuíno jeito de viver, sem a preocupação,
com o sol se levantar ou não.
Quer, comigo, sair, á socializar com os
vagalumes e a lamparina.
Entre cobertores, apreciá-los como céu
e estrelas.
Brincar em nossa cabanazinha de faz de conta,
a lançar, no ar, a magia de luar.
Descalços e sujos, eu e o tempo,
a couraçar nossos pés de tartaruga.
Acenando a Deus nossa eterna gratificação.
O tempo que transfere tudo em si mesmo,
fez de mim, a eterna criança, a carregar
alegrias passadas, num balde de afoiteza,
a fazer novos jardins pelos caminhos que
já transcorremos, onde rosas já murchas,
pudessem, novamente, nascer das cinzas,
para enfeitar novas esperanças,
sem a canseira que desafeta os
mortais, que já não encontram tempo,
em seu próprio tempo, para dele, aproveitar
a companhia.

Hertinha Fischer.



sábado, 14 de dezembro de 2024

Asas da imaginação

Em algum momento fui ave! Dizia Rubens Alves.
E como isso faz sentido.
Pedras que me lembram voo
Cantos que me inspiram asas

Eu em um campo de pouso,
pronta para alcançar as copas
do universo.

Poderia facilmente encostar
nas nuvens aguadas, sondar
grandes precipícios sem sentir
arrepios.

Correr atrás da liberdade,
sentir a brisa lá do alto,
pesquisar a casa dos ventos,
Olhar pelas janelas do tempo

Ou simplesmente me aninhar
em um galho qualquer,
sonhando nuvens e eclodindo
sonhos.

Olhar o mar, pela suas bordas,
descobrir onde começa e
onde termina. Como contorna
a terra sem se perder.

Tudo isso faço num segundo
Já conheço o caminho
Tá tudo guardadinho
dentro do coração,
Só começar a escrever
que  volto a
dar meus rasantes,
com as asas da imaginação.

Hertinha Fischer
















Sensibilidade da janela

Ainda aprecio a vida, a olhar pela minha janela.

De fora, contempla um olhar

As vezes de suplica, noutras de gratidão.

Há, por cima do telhado, uma árvore

que inspira.

Está esverdeada agora, Há pouco havia flores.

Sonhos caminham pelas ruas, Portões

enclausuram  tristezas -  afetos, alegrias e lágrimas..

Pouco a pouco, as luzes se acendem

ou se apagam. Nunca será a mesma.

Dias que chegam em festa, dias que trazem o luto.

O cantar dos pássaros que nunca cessam.

O  chorar das folhas que caem.

O desabrochar do ventre no verão,

As pétalas da chuva que vem.

Vento saudando andorinhas,

Gotas vagando sozinhas.

Tem comichão este velho olhar

que não se cansa de admirar,

a sensibilidade de minha janela.


Hertinha Fischer






quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Meus segredos e o luar


Tem sentimentos que não gostam
de vitrine. Ficam escondidos atrás das roupas.

Tenho gosto por manter certos segredos enclausurados,

certos sentimentos, guardo dentro do peito, fechado a chave.

Gosto da solidão do sentir. Só conto para as estrelas.

Me apaixonei pelas minhas estradas.

São elas que contam de mim, entre nós não há segredos.

E as estrelas ouvem, no silêncio, o que só a saudade conta.

Intimidade só tenho com minhas horas de folga, quando posso, seguramente, falar de mim.

Elas me conhecem como as águas mais profundas conhecem os segredos do mar

Ainda hoje, depois de quilômetros percorridos,

sem muitas intimidades para contar.

Ainda vejo, pela minha janela, o cochicho do luar.

Descobrindo, as escuras, os ainda, segredos, de te amar.

Hertinha Fischer.



Nuvens de inverno

E o ano se vai, novamente,

finda-se a meia noite,

para brotar outras estações

nos dias seguintes.

Me  deixa sem seus acasos

comigo termina o que executei,

Flui como nuvens de inverno,

a escorar o céu com suas manias

Vem de todo, passa rápido e

volta não se sabe aonde.

Para novamente acender as

suas luzes de ciclo

Sem finalizar o que começou.

á brilhar estrelas dentro da gente.


Hertinha Fischer






quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

O tempo e o amor

 Volta sempre que puderes,

mesmo que seja dentro da saudade
Volta como o frescor de vento
em noites quentes.
Como o aguçar das águas em vertentes
Volta que te ofereço os meus sonhos,
ainda vivos.
Que tão, quente, ainda te sente.
Te encontrarei na imensidão,
onde se perdeu em meu coração.
Volta, para que de ti não me esqueça,
Em lembrança me carregue,
antes que o tempo me negue
e a luz desse ensejo enfraqueça
Meus cabelos já embranqueceram,
meus olhos enfraqueceram, mas,
meu corpo e minha alma não
te esqueceram.
Hertinha Fischer.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Ciclo anual

 Queridos(as) Abram o coração pelos olhos, enxerguem pelos pés.

Abracem os irmãos como se fossem felicidade.
Agarrem-se em Deus como células se agarram as próprias células.
Faça de sua família um lugar de repouso.
Caminhem em Cristo.
Sosseguem-se, por dentro, como uma flor sossega em seu caule.
Vivam para os outros, como a terra vive para os seres.
Sejam água, pura, para dar de beber a quem tem sede.
Deixem a terra girar em torno dela mesma, enquanto dança
para a fraternidade.
Feche os olhos para qualquer mal que possa te tirar da linha da vida.
Estique-se ao máximo para alcançar aquilo que está além das pobrezas do mundo.
Seja! E sendo, controle-se.
Viva, mas, vivendo, permita-se ser lugar de conforto.
Creia que existe muitas coisas boas te esperando, onde seus olhos não alcançam. Coloque seu coração e sua vida á esse dispor.
No mais: Desejo felicidades á todos aqueles que fizeram aniversário neste ano! Parabéns!
Hertinha Fischer.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Briga velha

 Morre eu, morre tudo a minha volta, Talvez uma plantinha de saudade nasça em algum lugar, a esperar por reencontro.

Eu vou, e vou feliz, Tudo valeu e nada ficou a dever, só essa intolerável briga velha não deu em nada.
Nasci dos quintais austeros, Cresci em meio a pouca valia, solitária é o meu codinome.
Sinto que pouco aprendi, ainda, que, como tantos, tenha me entendido.
Ponho-me a pensar que deveria ser diferente - sem essa mania de
gostar de solidão, Não me sentir bem em festas, onde só se come e só se bebe. De resto é só culto a si mesmo.
Tive família e os amei, No entanto, ainda assim, me senti só e desamparada.
Tive amigos, muitos, ou me equivoquei, seriam só colegas temporários?
E assim, os anos foram me levando, as vezes, no colo, noutros, calejando a sola dos pés.
Não permito que ninguém carregue minha carga, nem que alivie minha dores.
Enfrento tudo com muita decisão, embora seja tão prolongada e dolorida essa trajetória.
Tenho a fé em Deus para me dirigir, E os encantos dos encantos da vida - de quem- do que, merece meu olhar.

Hertinha Fischer.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

O arrepio do mar

 Ah, aquele vislumbrar da alegria chegando,

em marés solta saltando.
O arrepio das águas no frio,
Espumas com peixes brincando.
De pijamas e de chinelas, o
sol se levantando,
no acolchoado pico
das aventuras do leste,
Teu olhar me enternece
De longe, meus olhos marejam
Já te almejo, e nem cheguei,
de longe sinto teu abraço,
nas curvas que simulei.
Em ondas me espera na areia,
enfeitas com barcos teu corpo,
Roubas a cor do infinito,
enfeitas de aurora teu dorso.
Para poder me esperar,
e me presentear,
amo amar esse mar.
Hertinha Fischer.

domingo, 1 de dezembro de 2024

Enredo das teias do tempo

 Um pouco de mim se vai, ao embalo

do ponteiro.
Assim como a noite cai,
amortecendo o dia inteiro.
Sou passo da passagem,
aceno em despedida,
vento forte trazendo morte,
para a luz da lamparina.
Velha estrada empoeirada,
passagem despercebida.
Cai a lua sobre o espaço,
e o sol usa o seu laço,
Falta sensibilidade no beijo,
e frouxo está o abraço.
Segue a alma em devaneio,
a procura de floreio,
Nem rosas, nem margaridas,
só pragas entram no meio.
A inteligência faltando,
e a liberdade balançando.
Pílula para o corpo,
e a alma despencando.
Seca severa.....
Hertinha Fischer.

Fim dos tempos

 Aquele cheiro de torresmo que nascia

em varais acima do fogão, a lenha, de Dona Francisca, somado
com caldo, fino, de feijão e os bijus de farinha de milho de Dona Vicentina. Chega a salivar nas lembranças. Oh, por que mundo?
Oh, mundo por que faliu na simplicidade.
Nunca mais se verá cena mais deslumbrante.
O pequeno riacho que lavava roupas, enquanto mulheres cantavam.
As roseiras brancas enfeitando trilhos de passagem. Margaridas rolando ladeira abaixo, perfumadas e descuidadas.
O tilintar da chuva a cair nas folhas das árvores, cantando em versos, cheiro de terra molhada.
Liberdade da felicidade que rodeava as margens dos rios, a aspergir integridade e confiança aos arredores.
Quando foi que a escuridão roubou o caminho da luz?
Em que tempo tudo virou lembranças?
Em lugar de terra, asfalto, em lugar de flores, pó, em lugar de gente, carros, em lugar de alegria, confusão.
Bem diz a escritura: Quando disserem, paz! viria completa destruição.
Desce sobre a terra um espírito maligno que se chama mentira e confusão, destruindo o melhor de nós. Toda sabedoria humana não passa de braços estendidos de pedintes, De gente destruindo gente. De máquinas manipulando conhecimento.
Foi ensinado ao ser humano toda espécie de arte, para que sobrevivesse e bem. No entanto, tudo está sendo esquecido em nome da tecnologia artificial. E os braços dos homens, assim como o cérebro está definhando, doando a sua inteligência a quem não precisa comer, nem falar, nem sentir, nem desejar.


Hertinha Fischer