Oi amor.
Eu pensei que sempre
seria o mesmo, até perceber
que o tempo une, mas, na vaidade
se distrai.
Teu real interesse estava na juventude
que me alimentava, na boca que
jorrava perfume.
Enquanto tudo se fazia no
dia-a-dia que abruptamente
nos engolia, sua missão
ficava cada vez mais fraca.
Teu olhar se entornava em outras
direções, e seu querer, de mim,
se afastava.
Embora ainda me quisesse, quando seu corpo
pedia, não era mais eu a despertar interesse,
mas, sim, a vaidade que lhe atribuía afeição.
Ficamos lado a lado, como
dois seres inanimados, que se mexem
por comodismo, que se aceitam por
conveniência, apegados somente
pelo compromisso.
Onde foi que nos perdemos?
Não nos perdemos um do outro, mas
nos perdemos em nós mesmos. quando
a emoção se foi,
Ficou a amizade, o silêncio conta tantas historias,
e o coração solitário pulsa aqui e ali.
Não restou mais nada daquela quentura,
quando ainda te esperava pela tarde, e meu
amor chamava por você.
Ainda fala de seus atos, daquilo que lhe agrada,
mas, de mim, do que eu sinto, não lhe interessa mais.
Estou, sempre estou, mas não faz nenhum
sentido, pois seu interesse mudou, ou
foi eu quem mudei?
Herta Fischer (Hertinha)
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Ciranda noturna
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segunda-feira, 5 de junho de 2017
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