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Ciranda noturna

  E as formosas tardes, roubando o encanto da manhã, A sorrir sol entre as árvores Meu recanto, colorindo a relva com giz amarelo. E a luz s...

sábado, 10 de junho de 2017

Insonia

Ela ainda estava ali, deitada
na escuridão, como
uma desvairada mulher
que não consegue dormir.
Olhos abertos,a olhar sem cor,
imaginando de todo, coisas qualquer.
Do lado, seu marido roncava, sonhando,
talvez, com uma nova vida,
Tudo lhe parecia opaco, na escuridão
que a dominava, que vida tão densa,
impossível ultrapassá-la.
Seria possível dormir e acordar
pela manhã, sendo outra pessoa?
Olhava sem ver, sentia quase  que
como uma estrela cadente, despencando
nas paredes do nada, sobre olhares curiosos
abaixo, pedintes de não se sabe o quê.
Sorte, que sorte, seria morrer aos pedaços.
Sentia que não podia mais manter
seus olhos abertos, que de quando em
quando sobre a falta de luz, se formavam
pontinhos coloridos sobre as íris fechadas.
Isto é o que prometeram?
Esta é a promessa da vida?
Levantar pela manhã a preparar
café, passar o dia alisando coisas,
e na hora do descanso, sentir-se tão
cansada e não conseguir descansar.
Não podia se levantar, se assim o
fizesse, ficaria mais desanimada,
O silencio a secaria por dentro,
e a solidão a esmagaria como
uma semente socada no pilão.
Seu corpo não aguentava o conforto
da posição, sofria no silencio,
e incomodado, não a deixava em
paz.
Se virava quase que automaticamente,
de la para cá, de cá para la.
Os olhos pareciam pesar mais que
uma tonelada, e seu corpo também pesava
como peso de uma pedra, e o marido
nem notava. estava a dormir como
um anjo.
A noite parecia não ter fim, era mais
que eternidade, Uma hora parecia meses.
Torcia para que chegasse o dia, só assim
descansaria daquela insonia que a amava.
E foi assim, de tanta insistência
que seus olhos se fecharam, a noite
deixou marcas escuras debaixo de seus olhos,
e mesmo assim, ninguém percebia
ao nascer do dia.
Ao trabalho, como sempre, esquecia da noite
mal dormida, até que, novamente,
a tormenta começasse nos arredores
do silencio, no descanso das coisas.

Herta Fischer (Hertinha)







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