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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Sonho de amor

E lá estava eu, mais uma vez,entediada
e nervosa.
Coloquei as mãos no bolso do jaleco,
como que, para esconder a tremedeira.
Não adiantou, pois tão logo, ele me perguntou:
-Está com frio?
Eu não lhe respondi, com medo de vacilar
nas palavras, pois todo o meu corpo tremulava
por dentro.
Não era para ser assim,
Temi aquele encontro, mas, também o desejei,
tanto que até o ensaiei por dias.
Ele era o meu sonho de consumo, porém, nem sei bem o
que seria isso. Consumação, quer dizer.. Ah, não!
definitivamente não.
Foi então que ele me convidou a entrar, e o cinema
estava cheio. Era dia de estréia e o filme muito esperado,
tão esperado como aquele encontro que hoje se realizava.
Sentamos no fundo, pois quase todas as cadeiras estavam tomadas,
coloquei a minha bolsa sobre o colo, e imediatamente o ouvi
perguntar: Se queria pipoca! eu apenas balancei a cabeça afirmativamente.
Quando ele se levantou, eu soltei todo o ar do meu pulmão, até
então, ficara represado, tinha medo que um som um pouco
maior pudesse estragar aquele momento.
 Estendendo as minhas pernas de encontro
ao assento da frente, levantei os joelhos e delicadamente
deixei-me relaxar, respirando um pouco mais devagar.
Tão logo, a cortina se abriu, eu o vi voltando, novamente
estremeci. Não entendia aquela minha mania de gostar
desse jeito, tão melindroso e abusado que me colocava em cheque mate!
As luzes se apagaram no instante em que ele abria passagem por entre
as cadeiras, para chegar  até onde eu o aguardava,
Sentou-se e me entregou o pacote de pipoca e uma lata de refrigerante,
eu peguei meio sem jeito, era a primeira vez que alguém
 comprava alguma coisa para mim, eu não me senti bem, parecia que o
estava lesando de alguma forma, pensei em lhe pagar depois, mas decidi
que não, não queria lhe deixar sem graça.
No instante seguinte, ele segurou a minha mão, e um
arrepio percorreu a minha espinha,um calor gostoso
chegou ao coração, que parecia enlouquecido, tanto que batia.
O filme começara, e eu nem tinha tomado conta, apenas aquela presença
enchia a sala, não havia mais nada de interessante, a não ser o
seu perfume que me enchia as narinas, me embriagando e me alucinando
a ponto de quase sofrer um mini desmaio.
Quando, de repente, seus lábios vieram na direção dos meus, quase desfaleci,
era o primeiro beijo, e uma onda de êxtase colou em meu corpo
como uma sangue suga cruel. E eu me deixei levar.
Não sabia o que fazer, não sabia como me comportar, então, fiquei imóvel,
quase petrificada, era uma emoção boa, mas, ao mesmo tempo, uma
emoção perigosa, eu sabia.
Trocamos vários beijos, e cada vez mais, minha boca ia ficando sem palavras,
eu ouvia apenas algum grunhido toda vez que ele falava alguma coisa, se
respondia, não sei, não me lembro.
E o filme se desenrolou, e eu não ouvi uma palavra do que diziam, nem
tão pouco olhei para a tela. aquele amor que eu vivia naquele instante
me preencheu, também acabou preenchendo todo o meu mundo.
O tempo voou, quando percebi, estávamos saindo pela porta, foi quando
ele se despediu de mim, com um último toque, um leve roçar de lábios, e
se foi.
Na semana que se seguiu, eu pisava em ovos, a lembrança do que vivi,
me deixou fora da realidade, vivi como se não vivesse, apenas respirava,
mas ainda permanecia sentada naquela poltrona com meus
lábios grudados nos dele, sentia até seu gosto.
Só que, de semana em semana, tudo foi ficando cada vez mais longe, até que,
sumiu para sempre. Ele nunca mais me procurou, e eu também não tive coragem para
me aproximar.
assim começou.. assim terminou, como
um dos sonhos mais lindos..E de sonhos em sonhos.. vou me realizando!
Herta Fischer (Hertinha)
















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