Porque haveria de olhar
para o abismo se posso contemplar com delicadeza
a bela superfície que a rodeia?
O núcleo das coisas nos amedrontam, justamente por
estarem escondidos aos olhos. O núcleo nos mostra
as profundezas das dores.
É como olhar para dentro da terra, onde há fogo suficiente
para queimar todas as obras da superfície.
Andamos sobre as chamas sem, no enanto, fazermos
caso disto.
Queres aprender a viver bem: pesa o tempo
em que estará desperto.
E verás com nitidez a beleza que nivela a vida,
que mantém ainda este sistema em seu
trabalho.
Você se finda no bem bom, como também se finda
no desespero.
Há uma estrema necessidade de coroar
a esperança num próspero depois, quando
a morte e a feiura do corpo a decompôr for
mera lembrança de um passado distante.
Satisfaça seu estômago sem, no entanto,
abusar das satisfações, pois apetite demais
são origens de males.
O mundo quer tragar sua inocência, para depois
gritar sua decadência.
Mesmo que lhe tirem tudo, ainda restará
no âmago de sua vitoria, algo de valor
que nunca se findará; você em sua essência.
Porque haverá um dia em que se despregará
de toda a arrogância que te usou a mentira,
e de todas as coisas pelo qual lutou, sobrará
apenas um fardo a levar.
Aproveite sua estadia, não
pelas coisas que se consomem, mas, pela alegria
de saber-se sóbrio a ponto de se negar á fazer
tanto barulho por nada.
Afinal, são poucos os seus dias de alegrias,
quando, enfim, vier a lembrança a ideia
de morte, verás que sofrestes em vão.
Hertinha Fischer (Herta Fischer)
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segunda-feira, 7 de agosto de 2017
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