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Lá onde aconteceu

  Busquei em vão o que não achei, a maquina do tempo não funciona. Leva-me na alça de seu estalo Já foi, foi mesmo. Em que sala se entrega,...

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Bons tempos

Quem é aquele que me vê
e me entende?
Só sabemos da nossa dor, a dor
do outro não dói em nós.
Por isto é tão fácil passar
mensagens, dar a entender aos
outros, que tudo é questão
de tempo. Mas, o tempo passa
 e o vazio aumenta.
Quando pequenos a  
a necessidade é tão proporcional!
Ao crescer a necessidade se multiplica,
parece que não cabemos mais em nós,
repletos por tantas ansiedades.
Eu queria minha casinha de volta,
quando pelas frestas dava para
observar o clarão da lua,e as noites
eram tão quentes.
Hoje o frio e a rapidez com que
se contam as horas, parece nos
distanciar cada vez mais do
motivo que aqui nos trouxeram.
Há barulho de martelo a bater no prego,
escuto até o rachar da madeira, mas é só!
Cadê o sorriso das crianças, que brincavam
até altas horas, quando o dia encontrava
a noite, até de dormir se esqueciam?
Cadê os amigos, que se visitavam
aos domingos, comendo frango frito
regado a suco de uva?
Cadê as longas caminhadas para alcançar
o ponto de encontro em dias de descanso?
E os namorados, tão românticos, jogavam
flores de longe, quando o coração da mocinha
se rasgava de pudor, e a olhar de canto
enrubescida, jogava beijinhos com a ponta dos dedos?
Ai, que sonho é este, do qual não quero despertar. Que saudade
dos tempos de valores, tudo tão difícil, mas tão prazeiroso.
Faltava de tudo, mas, dentro da gente havia abundância de prazer.
As noites de junho eram as melhores: cantigas sertanejas, ao som
de violão e sanfona,  as mocinhas e os mocinhos de longe se
encaravam, até a dança começar.
O roçar das mãos, o toque suave nas costas, e o embalar
da canção de amor, sonhar era amar.
Na despedida, um olhar, e a promessa silenciosa de um talvez,
se houver tempo, talvez. Uma semana preenchida de trabalho,
mãos calejadas e sujas, um tempo demorado e sonhador, uma
saudade brotando no peito, e o domingo se aproximando, quem
sabe, uma festa, ou um encontro relâmpago acompanhado dos
pais, numa estradinha qualquer. quando num olhar se dizia tudo.
Sem nenhuma aproximação, sem toque, apenas o coração acalorado
pelo sentimento mútuo, pela vontade de estarem juntos e não poder.
O único controle, o ciúme de não saber com quem está, ou onde
está, até que o encontro se dê, novamente através do olhar, que fala
muito mais que os lábios.
E o eu te amo, rabiscado numa folha de papel, escondida debaixo do
colchão, como se o amor ali se completasse, sem eixo, sem corpo,
apenas no prazer de sentir.
E quando o mocinho não mais aguentava aquele namoro dos olhos,
ele tomava a iniciativa de falar com o pai da moça.
E pedia a sua mão, e o pai da moça muito serio, lhe perguntava: como iria sustentá-la?
Meio sem jeito ele contava que se a lavoura desse lucro, ele já pensava em construir uma
casinha, então o pai orgulhoso lhe dava o seu aval.
Passava então a visitar a sua amada nos dias de domingo, sobre a supervisão de alguém,
e não via a hora de segurar suas mãos, mas apenas na hora da despedida.
Quando ia para casa, depois de uma breve visita, sonhava com aquele toque, não via a
hora de levá-la com ele.
Acelerava a construção de uma cabaninha, depois pensaria em ampliá-la, no momento,
apenas o necessário para marcar a data do casamento.
E então chega o tão sonhado dia, roupa nova e perfumada, cabelos bem penteado, rumo
a igreja. Quando entra, ela o espera, com um olhar tão bonito, é hora de tê-la para sempre.
Parecia uma princesa, logo seria sua rainha, que delicia de sentimento, dentro de um
coração que soube esperar, valeu a pena as penas, agora era só ele e ela a desvendar
o caminho do aprendizado, o aprendizado do amor.
 Ai, ai!

Herta Fischer











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