Através de minha janela que se abria todo dia, havia esperanças presas em galhos.
Um esverdeado senso de préstimos nascendo na primavera e verão.Pássaros que engoliram notas musicais, despertavam com músicas nos bicos.
Frutos que roubavam o açúcar dos potes nas madrugadas.
Carreirinhas, como de formigas, que as pisaduras abriam entre matas. Trazendo e levando gente.
As árvores teciam colchões sobre a mata, para esconder seus compatriotas de rastejar
Uma grande cidade feita de barro e rios e inclusões
No rio havia espaço para os lírios, sapos e juncos.
A mata cedia a sombra, os frutos, a madeira.
E a terra servia aos homens, as plantas, a Deus.
Uma congregação única, como constelação de estrelas
formadas no olhar.
Foi assim que me formei: tatuando no coração, folhas, perfumes, bulhas, cantos, sabores, flores e exemplos.
Não caibo numa caixa de cimento, nem tão pouco me encaixo na
cadeia solitária da cidade grande, meu corpo vive aqui, mas, minha alma se encontra, ainda, agarradas aquela janela de esperança, experimentando sentimentos que os homens já esqueceram.
Hertinha Fischer.
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