Ah, se eu pudesse contar minhas dores,
mas, eu só posso falar, que elas se perderam pelo caminho.
Deixaram rastros que eu já esqueci,
Não tiveram gosto nem cheiro que eu não pudesse
esquecer.
E toda vez que meu cérebro traz alguma lembrança, em dia
de tristeza, a unica coisa que faço, é lembrar que sou feliz.
Eu já estou a caminho da bonança, tudo o que aqui construi,
é miragem, minha sede se saciará mais adiante.
Não me interprete com tristeza, sou mulher feliz, nada aqui
é meu, nem o sorriso, nem a alegria e muito menos a dor.
Eu sou árvore frutífera, ao me acabar, ainda serei fértil o suficiente para
subsistir em outro lugar.
Estou, talvez, subindo para o último degrau, e é lá que me encontrarei de verdade,
exatamente de onde sai.
O que meus olhos hoje contemplam, o
que ainda acho algum valor, se acaba amanhã. Mas o dia, o dia tão esperado ainda não nasceu,
está a caminho, onde me aguarda de braços abertos.
A penúria que já vivi, a saber, a fraqueza desse corpo, a doença que o corrói, não
consegue apagar a essência da vida em si.
Serei apagada, nada de mim subsistirá, nem a lembrança, nem os feitos, nem mesmo
o meu amor. Tudo virará cinzas ou pó...Mas, eu, eu como um todo, alcançarei a doce presença
Daquele que me ofertou a possibilidade de ser.
Herta Fischer
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Luz azul
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sexta-feira, 9 de setembro de 2016
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