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Eu dando vida as coisas

  E o caminho era suave - sem obstáculos na pronúncia das flores. Um perfumado sonar de cores e risos, que se estendiam na passagem dos ol...

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Longe de tudo

Que saudade do meu chapéu de palha, do suor escorrendo por entre ele.
Meu mundo era minha terra. Meu governo, meu pai. Minha mãe, minha rainha.
Meu cavalo lebuno trazia o mundo em suas pernas e a melodia em seus trotes.
Em noites enluaradas, deitada em minha cama, podia sondar as luzes, por entre
as esburacadas paredes.
O cheiro de terra molhada, quando a chuva nos visitava, ainda trago nas narinas
a sua doce lembrança.
A água que escorria por uma pequena bica, límpida, doce e livre, caia
por sobre as mãos, cantando a sua canção mais nobre, sem contaminação.
A mata tão meiga e amiga, escutando-me tão cautelosamente, sem descriminação,
sem violar meus direitos, sempre estavam de braços abertos.
E o vento, correndo livre, fazendo dançar as folhas, saudando o amanhecer.
E eu, tão pequenininha, me sentindo gigante, no lombo do meu cavalo.
E tudo que era tão doce, hoje me soa amargo, pois todo sonho, um dia,
só sobrevive de imaginação.

Herta Fischer.


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