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Luz azul

  Quando olhava o que ele fazia, ficava extasiada. Era capaz de fazer qualquer coisa andar, especialmente, quando manejava seu tempo. Era me...

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Homenagem a grande Tereza!

Eu acabava de nascer, num suspiro de alivio vindo de fora, senti que agora era presente.
Estava nua, não só de vestimenta, mas, de alma.
Tudo á minha volta era um emaranhado de estranheza, só o rosto da minha mãe parecia fazer sentido.
E quando uma bondosa mão pousou sobre meu corpo, usando uma toalha branquinha e macia, me acariciando lentamente, senti minha carne se arrepiando de prazer.
Foi então que senti fome, não sabia bem o que era aquele desconforto, pois até então, tudo me vinha direto, sem que precisasse pedir.
Estendi minhas mãozinhas ao acaso, e um primeiro cheiro me encheu de excitação, minha boca então procurou pelo seio amado,  de uma pele macia saia minha fonte de vida.
Uma sonolência invadiu-me naquela hora, e enquanto sugava o néctar da vida, eu fui desfalecendo.
Acordei momentos depois, nos braços fortes de meu pai, que me embalava serenamente sentado a beira da cama, enquanto a mulher amada dormia o sono dos justos.
Novamente senti desconforto, elevei minha cabecinha até aquele  enorme peito, que parecia de pedra, esfreguei com força  minha boca, procurando pelo alimento.
Meu pai então se levantou, e com muito jeito me colocou ao lado do anjo que dormia, e lá, naquele corpinho singelo, eu encontrei minha paz.
Cresci sobre seus braços de meiguice, ouvi teus conselhos santos e me envolvi na delícia de te amar.
Era para mim como o doce perfume das flores, como respingos de amor em todas as horas, vivi na leveza do seu colo.
Enquanto dormia não sentia medo, pela sentinela de seus olhos preocupados eu só sabia descansar.
Esse amor que simplesmente existia, que nada pedia, que só sabia de cuidados e renúncias, que nunca se deixava cair em desespero por não saber, sempre agia de acordo com o coração.
Sua vida era a minha vida, seu aconchego a minha cama, seu sorriso meu caminho, e o seu coração o meu dom.
Existi para você quando ainda não sabia de nada, quando minha mente só descansava no poder dos seus cuidados.
Assim vivi meu maior sonho, assim adormeci segura, mas, ao despertar já não estava mais ali.
Foi então, que entendi a dor, por tê-la sentido naquele momento, quando ao te perder chorei..
Mas, mesmo não estando presente é como se estivesse, pois deixou em mim a sombra de um amor maior, que nunca se apaga, que se distende como elástico resistente, que de tanto amor se torna novamente amor.
Tereza era o seu nome, mas eu sempre te chamei pelo nome de mãe.

Herta Fischer.



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