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Obscuro arrasto

 O já seco, leito do lago, ruínas nas bordas de barro Águas que esqueceram caminho Lírios que é só espinho. Nada, sonhei e os dias se passar...

sábado, 19 de outubro de 2024

Eu por um dia

 Gorjeei quando tudo era manhã,

Madruguei nas tardes de veraneio
Colori as asas dos bem-te-vis
Seguindo o caminho dos meios

Meio, ainda não é fim,

o fim que ainda não veio
Se foras fim ainda quero
Ser a filha do meio.

Pairei no caminho do sol

a noite e na madrugada
Depois da lua, ainda no céu
A densa escuridão é sugada

Se tiver que partir, partirei,

Não sem antes decidir
O resultado do caminho,
Se certo, terei que seguir

Errante, dá para voltar,

sem tirar nenhum proveito,
perdida é que não se acha,
nem o esquerdo, nem o direito

Sou nuvem que não desagua

Só a mercê vive e morre
Confia na possibilidade,
E o vento a socorre.

Quando falo do eu,

me pergunto quem sou eu?
Uma divida constante
ou um calote do instante.

Hertinha Fischer.

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