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Obscuro arrasto

 O já seco, leito do lago, ruínas nas bordas de barro Águas que esqueceram caminho Lírios que é só espinho. Nada, sonhei e os dias se passar...

domingo, 20 de outubro de 2024

As margens do rio seco

 Quando me dei conta já tinha deixado muitos anos para trás.

E aqueles dias felizes que me deparei com o primeiro amor, já havia desaparecido.
Emoções genuínas, frio na barriga e uma vergonha imensa de olhar.
Tudo desapareceu nas esquinas do tempo que não volta mais.
Os anos vem e vão, como se fosse novidade, na verdade, é só mais um lembrete de passar.
E fiquei ali a ver o barco se perder nos mares, com a sensação de que seriam meus, mas, o mar me esqueceu.
Deixou um monte de areia nos olhos meus.
Vivi entre paciência e ansiedade. No entanto, nada seria tão meu, que o tempo não pudesse torna-los seus.
Como o vento forma redemoinho em tempos de seca severa. O amor fugia de mim, deveras.
Olhava os horizontes do querer, como quem olha para a luz intensa, mas era só miragem. Não havia luz nos desejos meus.
Tudo se fez a sua maneira, como se, de antemão, já houvesse sido escrito. E o destino seguia lendo, me obrigando a atuar no palco da ilusão.
E foi assim que me lembrei de ser o que era. E fui, no tempo, sombra do rio que corria em mim.
Hertinha Fischer

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