Não sei mais se subo ou desço
Hoje me deu uma sensação de tanto faz
Passou do meu lado um desejo de virar
a mesa, jogar tudo o que aprendi fora
e sair por ai, sem memória e sem bagagem,
Curtindo o som da vida a sós.
Imaginei-me a sombra de uma jabuticabeira,
a contar seus segredos de flor,
quando se prepara para sair de si e se transforma
em frutos, que, também, num certo dia, vira nada.
Que miséria a nossa, quando os vais e vens já
se encontram improdutivos.
Dizem certos amantes, que o tempo cura,
mas, se nem doentes estamos, como
nos curarmos da mesmice que compõe
a letra do tum-tum-tum?
De novo - dia! de novo - noite! E de novo...
Me encontro cansada, e o tempo, novo?
Encerra-se, desencerra-se e não me liberta do
mesmo do mesmo...
E o grito que morre na garganta?
E os sussurros do cansaço?
E o cansaço de ter que ser o que já
não se consegue?
Hertinha Fischer
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