Estou sempre pensando no outro.
Eu que não sou você,você que não sou eu.
Como será que sente, como vê as coisas sem
os meus olhos?
Qual a sua sensação quando ri.. ou chora.
O quão se alegra, ou o quanto se entristece?
Como se relaciona com seu mundo,
o qual pertenço e não vejo.
Que história há em suas raízes. O quanto cresceu
ou conquistou?
O que faz na quietude?
Como lida com suas emoções?
Não me conta, nem se abre,
Assim, como eu, vive, sonha, dedica-se,
mas não consigo, sequer imaginar
como?
Há um corpo (diferente) e muito parecido,
carregando nas costas, as ondas do viver,
como um sopro que desmantela a alma.
Uma alma que permanece, padece e
não se separa daquele que o usa para rodopiar.
Carrega a graça nas mãos, usadas
para sua navegação substancial.
Encarrega-se de aprender por insistir,
Deixando marcas nas árvores do tempo,
para não se perder.
Serve ao modelo de subsistir, semeia e colhe,
as vezes, sem proveito.
Convive bem, por algum tempo,
para depois, silenciar seus passos,
entrando no mais profundo da solidão.
Quando a porta se abre, na derradeira
penumbra, o descanso o faz deitar.
Não, sem antes, lhe preparar o caminho,
que cansou de procurar.
Só então compreende o quanto somos iguais.
Hertinha Fischer
Hertinha Fischer.