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Deleite com café

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sábado, 20 de abril de 2024

Enredo denso

 Ah, tempo que esqueceu, os seus, do passado.

Quanto dizeres, ensinamentos e proezas esquecestes.
Quantos rostos formastes e quantos risos apagastes.
Vários idiomas, vários dogmas, vários pensamentos, vários arrependimentos, vários gênios enterrastes
Nem mesmo o mar sabe de onde veio e onde enterrou seus rumores. Muda a rota, revive suas águas, afunda navios, mercadeja e subtrai nos submundos.
Da mesma forma, a terra encerra seus atritos, para depois, retornar, estremecendo o labirinto de seu útero, a criar novos montes.
Sua trajetória jamais será compreendida. Tu, sim, tem a eternidade, e dela compreende.
Resvala, submete, amplia, constrange, tira, põe e se recompõe em seus declives.
Apoia os pequenos e os grandes, ajunta e espalha os de sangue, retira o que se é para ser retirado, e outros, iguais, nascem e morrem igualmente.
Viva estou agora, aqui e acolá, como alguém que pensa, ouve e vê. Uma peça humana.
Não sou tempo e nem espaço, nem céu e nem terra, nem tão pouco sou universo. Mas sou, de qualquer modo, algo que se move.
Um complemento de alguma coisa que não alcanço.
Uma chama que se acendeu sem ignição. Um despertar do nada, sublinhada no real. Sou!
E comigo, que não poderia ser só. Fez-se outros tantos em sua esfera, para durar um pedaço de sua eternidade.

Hertinha Fischer.

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