Só tenho a mim como resposta, e às vezes a pergunta nem é feita. Ando sem rumo mesmo quando acredito estar no caminho certo. É cansativo demais tentar entender nossos próprios propósitos. Qual é o objetivo? Como diz o velho ditado: nadar, nadar e morrer na praia! Como todos os dias que passam, como tudo que se, como tudo que se sonha — aproveita-se por instantes. É como se apaixonar; começo maravilhoso, tristeza depois de um tempo. Jardins que se desfazem, jogos que se perdem, ilusões que se quebram. Vai-se porque é preciso ir, volta-se porque se foi. Minha cabeça gira como um cata-vento; deveria não me importar, mas me importo. Deveria esquecer, mas lembro, e, ao lembrar, dói.
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Chegamos ou voltamos?
Só tenho a mim como resposta, e às vezes a pergunta nem é feita. Ando sem rumo mesmo quando acredito estar no caminho certo. É cansativo dem...
sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
A verdade das flores
Já percorri mais da metade do caminho, fortalecendo-me e reunindo forças para seguir pelas minhas estradinhas empoeiradas. Estou mais feliz do que o habitual, aprendi isso com as flores. Hoje cedo, como sempre faço antes de ir ao trabalho, saí para tirar algumas fotos. Encontrei uma trepadeira florida, que adora escalar, assim como eu. Havia um arbusto médio, prestes a se tornar árvore, e a trepadeira, aninhada em seus galhos, sem sufocá-lo, subia delicadamente até tocar seu “ombro” e o presenteava com belas flores lilases. Na volta, no final da tarde, passei pelo mesmo caminho e notei que as flores haviam desaparecido. Ela continuava agarrada à árvore, como se dependesse dela para viver, mas a magia que a fazia se destacar já não estava ali. Assim também me sinto – minhas pétalas murcham a cada dia, ressecam, mas sigo firme, agarrada à vida que me sustenta.
Herta Fischer
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Eu e o vento
Talvez esse seja um bilhete de despedida, sei lá. Vivemos sempre nos despedindo de algo ou alguém e, mesmo assim, o dia se encarrega de se derramar sobre nós como um regador com água fria, molhando-nos como quem mata a sede. O anoitecer me traz delírios nostálgicos, e passo a ver estrelas que brilham apenas por dentro, num céu que inventei só para mim. Caminhei tanto pelas minhas estradinhas espelhadas, onde andorinhas pousavam do outro lado; podia vê-las em segredo, mas nunca tocá-las. Criei um mundinho pequeno e tranquilo, como se meu reinado fosse eterno, e até imaginei um par de asas para dançar com o vento. A música começa e danço com meu parceiro em um ritmo mágico, pelo reino das minhas andanças. Ouço então uma voz suave, vinda de não sei onde, que pulsa nos meus ouvidos dizendo: “A dança é bela, mas o baile não durará para sempre! Construa, através dela, o poder da inspiração e criatividade, como quem tem alma de poeta.” Quando a dança acabar, ainda estarei por aí, moldando montanhas, passando entre galhos, folhas e flores. Nossa realidade se unirá e poderemos dançar juntos enquanto houver brilho nos teus olhos. Desperto e percebo que a vida é sonho, e que por um tempo rodopiarei pelo salão dançando só, mas nunca esquecerei que tenho um vento mágico para embalar-me quando sentir que minhas asas já não me sustentam.
Herta Fischer
quinta-feira, 4 de dezembro de 2025
Voando no tempo
Hoje voarei!
Coloquei asas no meu viver.
Havia tanto tempo, e o tempo se esgotava,
pairando no ar, havia saudade.
Tive asas, mas o tempo as roubou.
Rompi as entranhas do tempo e dei asas a mim mesma.
Madura e fraca, entre facas me curei,
soletrando sorrisos, desenhei felicidade.
De volta, nada recebi, mas outras oportunidades me sustentaram.
Sem perceber, transformei-me em passado.
Ainda vejo, por trás da cortina, uma réstia de esperança,
céu aberto, tempo inverso.
Nuvens que passam num azul profundo,
outros tempos no mesmo tempo, fazendo de mim verso.
Herta Fischer
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Queria novamente as estradas que percorriam minha alma, corajosas com suas nuvens de pó a fechar meus olhos. Dando nome ao novo, sussurrando...
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Ando em linha reta pelos caminhos tortos, morro um pouco, mas não por completo. Sei que a justiça tarda, mas, um dia, ela trará as sua...
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Eis que ainda brilha a esperança no pó da estrada. Sem cavaleiro, o cavalo troteia; sem trovador, os versos encontram seu destino. Ainda se ...