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Eu dando vida as coisas

  E o caminho era suave - sem obstáculos na pronúncia das flores. Um perfumado sonar de cores e risos, que se estendiam na passagem dos ol...

domingo, 1 de junho de 2025

Bioalegria

 Nunca me entristeci com coisa alguma,

embora já tenha chorado muito.
As situações com as quais não podia lidar,
deixava para o tempo resolver á sua maneira.
Enquanto vivia, procurava absorver todas
as etapas com entusiasmo, mesmo quando,
não dava certo.
Nasci na pobreza, minha casa era limitada: apenas a cozinha, uma
parede e um quarto, abrigando sete pessoas.
Quando acordava e para fora, saia, tudo aquilo que meus olhos
alcançavam era meu.
Os cabelos que dançavam com o vento, a estradinha que circundava a terra, brincando de esconde-esconde com meu olhar curioso.
O riacho tão pequeno, segurando as águas em seus braços.
A jabuticabeira, sentada as margens, soltando flores brancas por sobre seu corpo, transformando-a, do dia para noite, em pequenas bolas negras e adocicadas.
O corredor de terra batida, atapetada por vegetações alegres, fazendo cocegas na sola do meu pé.
A tabua de lavar roupas, deixando-se envolver por musgos, só para nos ver escorregar pra dentro do rio.
As canções de radio, que a tarde incitava, acordando a noite e recebendo o dia com suas belas poesias.
A ribanceira que recebia um córrego, bem no centro de seu ventre, deslizando vagarosamente, como um brilho de sol.
A bacia velha que nos banhava, para depois nos ver brincar, pendurada no galho de um pessegueiro.
A roça viçosa que nos sondava de cima, louca para vir brincar com a gente.
E as pessoas - os conhecidos, morando longe, morando perto, trançavam amizade com carinho.
Havia uma certa obediência, fruto da hierarquia da natureza e do tempo.
Cujo patriarca seria Deus!

Hertinha Fischer.

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