Como a gente ruge como um leão faminto.
Lá se vão os anos, tropeçando entre rochas.
E continuamos a dizer que somos inocentes
E dizemos não querer mais, enquanto o querer aumenta
-Há... vamos mudar o mundo!
-Vamos falar disso ou daquilo!
- Amemo-nos!
Quem se ama não se larga. Se cuida!
Uma roseira suporta alguns fungos, assim como um coqueiro suporta lagartas.
Há uma função no deserto.
O que se construiu como lei, sobre lei foi definida.
Querer demais nos leva a loucura, e a loucura jamais admitirá ser ela mesma.
E por causa disso que nos conectamos com o invisível - Existente, não mostra a face. Sentido, traz conforto.
Inventamos um lugar chamado coração para guardar soluções, para reclamar decepções.
Quando o lugar adoece, as consequências aumentam, E as falhas na frequência traz batimentos fracos. enfraquecendo todos os outros órgãos importante que trabalham em sintonia.
E o barro se agarrava a sola do pé, num abraço infernal, como sempre, havia orgia no tempo. E não seria tão doloroso, quanto se deixar levar. Afundava com arrogância, limitando o caminhar a vagarosos passos que timidamente levava a algum lugar.
O sol, já mais forte, lambia a fronte como beijo de Judas, trocando o suave frescor, por sal e suor.
Um lampejar de tristeza acolhia o olhar cansado, Lá na ponta do cume da igreja um sino acostumado a tocar, soava com um tinido de matar. Bendita hora que não demora.
A olhar a soberba subida, o barro a cuspir sua sina, ainda precisaria se livrar de tal abraço. E quanto mais pressa tinha, mais e mais seus pés iam sendo engolidos pelo azar.
A missa já ia se desenrolando, O padre a rezar o terço, trazia mensagem de fé e conforto. No entanto, nada sabia de seu esforço. Uma vespa lhe mordera o calcanhar, tentando, também se livrar do sofrimento, pelo menos não tenho a boca cheia de terra, pensou. E ficou á olhar com pena para aquele serzinho alado, que agora, com as asas enlameadas, também perdera o ferrão.
Era domingo, e domingo, como qualquer dia, também chovia. E a lama se enlameava ainda mais. Que bom se domingo amasse o sol e se o sol amasse o domingo. Dia de passear.
Mocinhas inocentes, a olhar, para os rapazes, de soslaio, tentando esconder as sandálias limpas, sobre pés sujos de lama. Um perfume barato, cheiro forte de alfazema e álcool incendiava as narinas. E a porta da igrejinha aberta, o padre salmodiando e as mocinhas atentas ao que acontecia lá fora. E lá fora homens conversavam sobre futebol, chuva e lavoura.
A volta era bem mais divertida. As portas se fechavam e as estradas se abriam. Não se podia tirar as sandálias, pés descalços não combinavam com romance. E os romances ardiam nos olhos das meninas.
Andavam tagarelas. Rapazes na frente e meninas atrás. Coração arfava de satisfação, apenas em andarem no mesmo terreno barrento. De quando em quando, quando o barro pesava, se valiam dos arbustos para se limparem.
Riam por qualquer motivo, afinal, era domingo, e domingo é dia de tudo, inclusive do sorriso. Até que o dia sumia e a noite já se adiantava. Era hora de ir para casa.
Um aceno de mão para o paquera, algumas balas eram jogadas em sua direção, Se misturando com o barro, mas, não tinha problema não, Afinal, Tarde tem dessas coisas. Doce é sempre bom, assim como, tardar ao máximo a derradeira hora em que se podia brincar de namorar. Amanhã será dia de plantar.
E chegava a hora de acordar cedo.
Hertinha Fischer
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário