Total de visualizações de página

Som de tristeza

  Som de minha tristeza Ecoa por dentro palavras que nem consigo dizer Não há letras no lamento Se em lágrimas almejasse olhos tristes derra...

domingo, 19 de março de 2023

Coisas de domingo

Como a gente ruge como um leão faminto.
Lá se vão os anos, tropeçando entre rochas.
E continuamos a dizer que somos inocentes
E dizemos não querer mais, enquanto o querer aumenta
-Há... vamos mudar o mundo!
-Vamos falar disso ou daquilo!
- Amemo-nos!
Quem se ama não se larga. Se cuida!
Uma roseira suporta alguns fungos, assim como um coqueiro suporta lagartas.
Há uma função no deserto.

O que se construiu como lei, sobre lei foi definida.
Querer demais nos leva a loucura, e a loucura jamais admitirá ser ela mesma.
E por causa disso que nos conectamos com o invisível - Existente, não mostra a face. Sentido, traz conforto.
Inventamos um lugar chamado coração para guardar soluções, para reclamar decepções.
Quando o lugar adoece, as consequências aumentam, E as falhas na frequência traz batimentos fracos. enfraquecendo todos os outros órgãos importante que trabalham em sintonia. 

E o barro se agarrava a sola do pé, num abraço infernal, como sempre, havia orgia no tempo. E não seria tão doloroso, quanto se deixar levar. Afundava com arrogância, limitando o caminhar a vagarosos passos que timidamente levava a algum lugar.

O sol, já mais forte, lambia a fronte como beijo de Judas, trocando o suave frescor, por sal e suor.

Um lampejar de tristeza acolhia o olhar cansado, Lá na ponta do cume da igreja um sino acostumado a tocar, soava com um tinido de matar. Bendita hora que não demora.

A olhar a soberba subida, o barro a cuspir sua sina, ainda precisaria se livrar de tal abraço. E quanto mais pressa tinha, mais e mais seus pés iam sendo engolidos pelo azar.

A missa já ia se desenrolando, O padre a rezar o terço, trazia mensagem de fé e conforto. No entanto, nada sabia de seu esforço. Uma vespa lhe mordera o calcanhar, tentando, também se livrar do sofrimento, pelo menos não tenho a boca cheia de terra, pensou. E ficou á olhar com pena para aquele serzinho alado, que agora, com as asas enlameadas, também perdera o ferrão.

Era domingo, e domingo, como qualquer dia, também chovia. E a lama se enlameava ainda mais. Que bom se domingo amasse o sol e se o sol amasse o domingo. Dia de passear.

Mocinhas inocentes, a olhar, para os rapazes, de soslaio, tentando esconder as sandálias limpas, sobre pés sujos de lama. Um perfume barato, cheiro forte de alfazema e álcool incendiava as narinas. E a porta da igrejinha aberta, o padre salmodiando e as mocinhas atentas ao que acontecia lá fora. E lá fora homens conversavam sobre futebol, chuva e lavoura.

A volta era bem mais divertida. As portas se fechavam e as estradas se abriam. Não se podia tirar as sandálias, pés descalços não combinavam com romance. E os romances ardiam nos olhos das meninas.

Andavam tagarelas. Rapazes na frente e meninas atrás. Coração arfava de satisfação, apenas em andarem no mesmo terreno barrento. De quando em quando, quando o barro pesava, se valiam dos arbustos para se limparem. 

Riam por qualquer motivo, afinal, era domingo, e domingo é dia de tudo, inclusive do sorriso. Até que o dia sumia e a noite já se adiantava. Era hora de ir para casa. 

Um aceno de mão para o paquera, algumas balas eram jogadas em sua direção, Se misturando com o barro, mas, não tinha problema não, Afinal, Tarde tem dessas coisas. Doce é sempre bom, assim como,  tardar ao máximo a derradeira hora em que se podia brincar de namorar. Amanhã será dia de plantar.

E chegava a hora de acordar cedo. 

Hertinha Fischer





.



Nenhum comentário:

Postar um comentário