Vivo dentro desse mundo invisível, que me abraça todo tempo.
Alegrias passadas que já nem me lembro. Quando foi que me perdi, quando foi que decidi?
Tudo passou num relance, como quem mata a fome e volta a lamber as bordas do prato, só para relembrar o que já foi degustado. E as ondas do tempo, que, de mansinho, vai roendo as margens. Tão sutil e tão fugaz, que nem se percebe.
Sempre as estradinhas jogadas a esmo, passos apressados, despercebidos, de beleza.
A construção na mocidade, a doce morada da juventude, o aconchego revelado na velhice. E as ondas do tempo a sacudir as rochas, a ricochetear a causa, a desmoronar as certezas.
O hoje traz saudade do vivido sem volta. O amanhã leva a saudade para outro tempo que não é nosso. Como é bom cercar-se numa redoma de fé, livre dos sintomas de gente, saudável e puro como diamante entre pedras.
Hertinha Fischer.
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