Teve um tempo bom quando havia
em nós uma terna aurora de sentimentos bons.
Os livros nos contava historias de anões e príncipes.
Embora a escrita estivesse limitada a poucos, saber ler era
tido como dádiva.
Os contos de fadas nos dava um banho de racionalidade, embora
fosse visto como algo irracional.
O príncipe se tornava algo que ultimamente se almeja, um bom
samaritano resgatando uma dama de sua situação ruim.
A bruxa má, que por vezes tramava contra a dama, representava a
vida como ela é.
E o felizes para sempre, finalizando o enredo, significava, união.
Elos de sincronismo e evolução, quando o bem estar estaria ligado ao
amor que os unia, não mais como uma situação erótica, que termina junto
com o prazer, mas, algo mais substancioso, que permanece apesar de.
Dividiam-se tarefas, um não invadia o espaço do outro, ambos se relacionavam a partir
do bom senso e da disciplina.
Cada um sabia bem qual era o seu papel, tanto na sociedade, quanto na intimidade
do lar.
Nenhum via o outro como ser inferior ou superior, apenas como dois seres distintos
realizando tarefas para um bem comum.
Essa felicidade nos remete a correspondência: a constância, tanto nas ações como
nos sentimentos.
Enquanto um saia de casa a fim de trazer alimento, outro se dedicava ao bem estar, cuidando para
que tudo ficasse limpo e organizado.
Quando a noite chegava, os corpos cansados ávidos por descanso se encontravam e em delírio
usufruíam do aconchego um do outro.
Não havia disputa, não havia separação, um elo perfeito para uma vida pratica.
O tempo passou e com ele veio a ganância por poder, principalmente em relação a Eva, que se sentia subjugada pelo desejo de Adão, sem perceber que era ela quem mais ganhava.
Não precisava batalhar por pão, tinha a sagrada tarefa de gerar, de cuidar e ensinar a futura geração.
O tempo era dela, o mana caia em sua mesa, vinda pelas benditas mãos de seu anfitrião. Mas, não quis, estava tão inclinada a desafiar a própria lógica, que botou tudo a perder.
E assim se tornou a bruxa má para ela mesma. O conto de fadas, antes tão bonito e ansiado torna-se
apenas escritas sem valor e sentido.
Eva quer tomar o lugar de Adão, Eva quer experimentar a sensação de ser como Adão, e perde toda a sua identidade, não sabe mais quem ela é, e a que lugar pertence.
O mundo de antes, tão definido e alinhado, vive o agora sem definição,. uma anarquia total.
O elo foi rompido definitivamente, não ha como uni-los novamente, a desgraça humana emergiu com força total, pondo a vida, antes tão preciosa, reduzida a uma simples bagatela.
A carruagem do príncipe passou a valer mais que os cavalos: A situação financeira desmedida vale mais que a saúde mental de seus próprios filhos. E a mãe que deveria cuidar, ensinar, agora vive para ela mesma, numa situação melhor, segundo ela, em contrapartida, Adão é posto a prova, se tornando
apenas sombra em seu próprio domínio.
Hertinha Fischer
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sábado, 11 de janeiro de 2020
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